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Estado de Minas

Traficante Roni Peixoto chega a Belo Horizonte sob forte esquema de segurança

Ele se refugiou em Goiás depois de fugir do estado ao ser beneficiado com a saída diurna da cadeia


04/10/2012 19:50 - atualizado 04/10/2012 23:24

Roni desembarcou no aeroporto da Pampulha, em BH, sob forte esquema de segurança
Roni desembarcou no aeroporto da Pampulha, em BH, sob forte esquema de segurança (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)


Mais de um ano depois de desaparecer, o traficante Roni Peixoto de Souza, de 41 anos, está de volta a Minas Gerais. Condenado a mais de 30 anos de prisão, ele fugiu em julho do ano passado aproveitando o benefício do regime semi-aberto concedido pela Justiça. Ele desembarcou por volta das 19h no aeroporto da Pampulha, em BH, depois de ser recapturado em Goiânia, capital de Goiás, onde havia se escondido.

Roni, conhecido como Gordo, é apontado pela polícia como braço direito de Fernandinho Beira-Mar. Ele chegou a comandar o tráfico na Pedreira Prado Lopes, na capital mineira, onde, segundo levantamentos da polícia, chegava a faturar cerca de R$ 50 mil por dia com a venda de drogas. Para a polícia, atualmente ele atuava intermediando o repasse de drogas de traficantes de países vizinhos para grandes traficantes brasileiros.

Um forte esquema policial foi montado para escoltar a chegada de Roni a BH. Seis viaturas da Polícia Civil e o helicóptero da corporação acompanharam todo o trajeto entre o aeroporto e a sede do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), no Bairro Gameleira, na Região Oeste de BH, onde ele foi apresentado à imprensa.

Prisão esperada

Roni está 10 kg mais magro em relação à época em que fugiu do estado
Roni está 10 kg mais magro em relação à época em que fugiu do estado (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Na presença de jornalistas, Roni revelou que já esperava ser recapturado. “É justo porque eu devo. Uma hora eu tinha que pagar. Sabia que ia ser preso, era questão de tempo. Se você deve à Justiça, uma hora vai ter de pagar”, disse sem demonstrar contrangimento. Ele se irritou quando lhe pergutaram sobre o possível interesse em retomar o controle do tráfico na capital mineira. Ele afirmou ser vítima de um conluio, se dizendo bode espiatório. Além disso, afirmou que jamais teve qualquer contato com Ferrnandinho Beira-Mar.

Do Deoesp, Roni foi levado para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, onde passaria a noite. Nesta sexta-feira será definido onde ele ficará recluso. De acordo com o subsecretário de Promoção da Qualidade e Integração do Sistema de Defesa Social, Robson Lucas da Silva, Roni deverá permanecer preso em uma unidade de segurança máxima de Minas Gerais. Entretanto, disse que não foi descartada a possivilidade de enviá-lo a um presídio federal. “Não temos receio de mantê-lo aqui”, afirmou, Silva, ratificando que o estado tem condições de segurança para garantir a manutenção de Roni preso.

Refúgio goiano


De acordo com o delegado Wanderson Gomes da Silva, chefe do Grupo de Combate às Organizações Criminosas da Polícia Civil, desde o sumiço de Roni os investigadores tentavam descobrir algum rastro do seu paradeiro. Há dois meses perceberam que pessoas próximas ao traficante, ligadas ao mundo do tráfico, estavam transferindo veículos emplacados em Minas Gerais para o estado de Goiás. Foi esta a pista que indicou a localização dele em Goiânia.

Para o delegado, os carros funcionavam como moeda de troca nas transações de Roni envolvendo a venda de drogas, além de funcionar como lavagem de dinheiro. O chefe da Divisão Antidrogas da Polícia Civil, delegado Márcio Lobato, afirmou que o traficante continuava atuando no comércio de drogas em Goiás, mas sem contato direto com o produto.

Casa de alto padrão

Roni estava morando desde janeiro com a atual mulher e dois filhos em uma casa, cercada por muros altos cobertos com cercas elétrica e cortante, no Bairro Porto Seguro, próximo a um condomínio de luxo. O imóvel estava sendo monitorado por policiais civis desde o último domingo. Era preciso ter certeza de que o traficante estava lá para efetuar a prisão. Porém, ele havia sido submetido a um procedimento cirúrgico no olho, que o impedia de sair de casa. Foi a chegada da mulher dele, que estava em Belo Horizonte, que garantiu aos policiais cercar a casa e render o traficante.

Segundo o delegado Wanderson Silva, toda a área externa da casa era monitorada por câmeras de vigilância. No imóvel, nenhuma arma ou droga foi encontrada. Vizinhos relataram que raramente viam Roni sair de casa, apenas a mulher e as crianças eram vistas na rua. O traficante evitou qualquer contato com a vizinhança desde que se mudou para lá. Os moradores da rua também contaram aos policiais que há alguns meses o imóvel foi arrombado e muita coisa foi roubada de lá. No dia seguinte ao roubo, um caminhão parou na porta da casa e foram descarregados vários eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos que teriam sido levados pelos arrombadores.

Fuga


Em julho passado, Roni deixou a Penitenciária José Maria Alckmin, na Grande BH, beneficiado pela Justiça com o regime semi-aberto, que prevê a saída diurna e o regresso noturno. Os advogados do traficante apresentaram um pedido para que ele trabalhasse em um Centro Automotivo. No entanto, ele desapareceu. Na época, Justiça e o Ministério Público admitiram que os documentos apresentados pela defesa poderiam ser falsos. 

Ficha Criminal 


Roni atuava com traficante em toda Grande BH, mas tinha como principal reduto o Aglomerado da Pedreira Prado Lopes, Região Noroeste da capital. Além de traficante, é investigado por homicídio, posse e porte ilegal de arma de fogo e formação de quadrilha. É apontado pela polícia como um dos líderes do Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro com ramificações em Minas. Entre seus principais comparsas estão seu irmão Raimundo Peixoto de Souza e Luiz Fernando de Souza, o Fernandinho Beira-Mar. Roni encabeçava a lista do Procura-se, programa que consiste na divulgação de fotos e outras informações sobre os criminosos alvos através de cartazes, sites, redes sociais e a imprensa.


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