Como no fim do espetáculo, quando a plateia agradece a peça de pé e com aplausos, o corpo de Cecília Bizzotto Pinto, de 32 anos, foi enterrado na tarde desta segunda-feira, no Cemitério do BonfimA atriz foi assassinada nesse domingo, durante um assalto em uma casa no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, quando tentou chamar a polícia pelo telefone.
O clima no cemitério era de revolta e tristezaCerca de mil pessoas prestaram homenagem, entre familiares, jovens alunos de Cecília - que era professora de teatro no programa Valores de Minas-, amigos da Companhia Lúdica de Atores e do comitê do candidato a prefeito Patrus Ananias, que contava com o engajamento de CecíliaTodos preferiram ficar em silêncio
Veja imagens da despedida
O candidato derrotado à prefeitura de BH, Patrus Ananias (PT), compareceu ao cemitério para se despedir da atriz.
O assalto
O crime ocorreu na Rua Saturno, no bairro Santa LúciaCecília, o irmão dela, Marcelo Bizzotto Pinto, e a namorada dele, Alexandra Silva Montes, chegavam em casa num EcoSport por volta de meia-noite, quando foram rendidos por dois homens armados
Alexandra contou à polícia que, em determinado momento, um dos bandidos subiu com Cecília para um dos quartos do segundo andarEla relatou ainda que, de repente, ouviu o homem perguntar à cunhada se ela estava ligando para a políciaNa sequência, ouviu o tiroOs assaltantes mandaram Marcelo abrir o portão e fugiram levando apenas os três telefones celulares das vítimasEle e a namorada saíram de carro à procura de ajuda.
O sargento Gilmar Vieira Murilo, da 124ª Ciado 22º Batalhão, que atendeu a ocorrência, contou que a polícia recebeu uma chamada de alguém pedindo socorro, mas a ligação caiuOs militares acreditam que era Cecília tentando avisar a polícia, de acordo com gravação da central da PM
A PM decidiu arrombar o portão e, nesse momento, Marcelo e Alexandra chegaram dizendo que havia uma mulher baleada dentro de casaA porta do quarto também precisou ser arrombadaCecília já estava morta no sofáO sargento acredita que os autores do crime já acompanhavam há algum tempo a movimentação dos moradores da casa
Medidas para conter a violência na Zona Sul
A sequência de roubos a residências, principalmente na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, levou o governo a tomar medidas emergenciais para conter esse tipo de crimeDados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) indicam que, somente entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 215 assaltosNo mesmo período do ano passado, foram 276 ocorrências, o que indica uma redução de 22%Porém, a violência dos criminosos e a sensação de insegurança da comunidade ainda preocupam
Nesta manhã, o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, se reuniu com o chefe do Estado Maior da Polícia Militar, coronel PM Divino Pereira de Brito, do chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão e os comandantes e delegados chefes da 1ª, 2ª e 3ª Regiões Integradas de Segurança Pública (Risps)No encontro, foram definidas medidas, como orientação às Associações de Moradores para apontar os pontos vulneráveis na segurança de cada bairro, intensificação de operações nas áreas externas e nos acessos aos condomínios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, ampliação do policiamento setorizado nos bairros e aproximação da polícia à comunidade