A onda de violência na Zona Sul de Belo Horizonte aumenta o medo dos moradores e exige, segundo presidentes de associações comunitárias, maior presença da Polícia Militar nas ruas. Muitos acreditam que a situação poderia ser ainda pior, não fosse a presença de guaritas em pontos estratégicos, para inibir a ação de criminosos, servir de alerta e suprir a carência de policiamento. “Quem sabe se houvesse uma guarita na Rua Saturno, onde Cecília morava, a tragédia poderia ter sido evitada, com uma abordagem dos vigilantes? O local é muito deserto e está muito vulnerável, há muitos lotes vagos e obras”, afirma a presidente da Associação dos Moradores do Bairro Santa Lúcia, Lucimar Ferreira Lisboa. Ela destaca que a segurança privada não resolve os problemas, mas funciona como prevenção.
Já o presidente da União das Associações de Bairros da Zona Sul e da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Marcelo Marinho Franco, diz que as guaritas, mesmo sendo irregulares e não reconhecidas pela PM, complementam o trabalho dos militares. “Elas são úteis, pois, infelizmente, a polícia não tem o contigente suficiente para fazer o patrulhamento da região e proteger a comunidade”, diz Marcelo. Para ele, pior seria sem a vigilância, já que os encarregados do serviços, que não trabalham armados, anotam as placas de veículos suspeitos e os dados auxiliam em investigações policiais.
Partidário da presença permanente da PM nas ruas, o presidente da Associação Pró-moradores do Bairro São Bento, Rogério Oliveira Rezende, diz que os militares deveriam sair dos quartéis e da frente da tela de computadores para defender a população. “Respeito muito a instituição. É preciso, no entanto, destacar que as guaritas, consideradas ilegais, minimizam a violência e geram empregos. No São Bento e Santa Lúcia, bairros que ele considera “irmãos”, há em torno de 40 equipamentos do tipo.
Aumentar o efetivo nas ruas é a cobrança do presidente da Associação dos Moradores do Bairro Belvedere, Ricardo Jeha, que cobra blitzes na região, implantação do programa de câmeras Olho Vivo, atuação da Guarda Municipal e uso de celulares pelos PMs encarregados do patrulhamento, de forma a criar um canal direto com moradores.
Onda de Ataques
17/7 - Quatro bandidos armados invadiram a casa de um engenheiro no Bairro Mangabeiras e dominaram os moradores. O filho do dono do imóvel conseguiu fugir e chamou a PM. Os quatro assaltantes, um deles menor, foram presos.
23/7 - Homens armados assaltaram residência na Rua Professor Carlos Pereira da Silva, no Bairro Belvedere. Os suspeitos trancaram as vítimas em um quarto e levaram joias, telefones celulares, televisores e computadores.
15/9 - Dois homens armados fizeram um arrastão em prédio na Rua Rio Verde, no Bairro Anchieta. Eles invadiram o prédio de três andares e trancaram seis moradores em um dos quartos. Os criminosos fugiram com dinheiro e objetos de valor.
26/9 - Casa na Rua José Batista Ribeiro, no São Bento, foi invadida por quatro homens armados. Os criminosos dominaram a dona da casa e o filho dela e roubaram dinheiro e joias. A polícia chegou pouco depois e conseguiu prender um dos ladrões.
3/10 - Dois homens armados renderam um jardineiro que trabalhava na parte externa de uma casa, no Bairro São Bento. Eles dominaram cinco pessoas e levaram joias, dinheiro, armas antigas e um aparelho de TV de 47 polegadas.
5/10 - Três homens armados invadiram casa no Condomínio Alphaville, em Nova Lima, renderam moradores, roubaram o que puderam e levaram uma moradora de 58 anos depois do assalto. A vítima foi libertada pouco depois, em outra região da cidade.
7/10 - Três homens dominam a atriz Cecília Bizzotto Pinto, o irmão dela, Marcelo Bizzotto Pinto, e a namorada dele, Alexandra Silva Montes, quando as vítimas chegam em casa, no Bairro Santa Lucia. Os criminosos invadem o imóvel e começam a procurar objetos de valor. Um deles, ao surpreender Cecília ligando para a polícia, atira duas vezes contra ela. A vítima morre no local e os ladrões fogem levando três celulares.
7/10 - Dois homens invadiram casa no Bairro Belvedere, fugindo com joias, dinheiro e aparelhos eletrônicos. No assalto, os criminosos dominaram um empregado, a dona da casa e suas duas filhas