Filhos estão perdendo espaço na família brasileira. De acordo com o Censo 2010, mais de um quinto (20,2%) das famílias era formado por casais sem filhos, enquanto em 2000 esse percentual era de 14,9%. Minas, apesar de uma diferença mais pequena, apresentou também acréscimo no número de casais sem filhos (de 11% para 13,4% das famílias).
De acordo com a demógrafa Luciene Longo, o aumento está ligado tanto à opção por não ter herdeiros, mas também ao fato de casais estarem postergando a paternidade. “Há também influência de maior expectativa de vida, os filhos se casam e os pais continuam morando sozinhos”, comenta. O Censo também mostrou que 13,1% das famílias em Minas são formadas por mulheres sem marido e com filhos, enquanto o contrário, quando o marido vive sozinho com os filhos, representa apenas 1,9%.
De acordo com o técnico do IBGE Gilson Mattos, nas famílias secundárias, que convivem com a principal, foi verificado que 53,5% são chefiadas só por mulheres. “Provavelmente, por conta de um divórcio, uma filha volta para a casa dos pais ou a filha tem um filho, mas não contrai matrimônio, continua na casa dos pais.”
Outro dado divulgado foi o aumento na proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador), que passaram de 9,2%, em 2001, para 12,1% em 2010. A coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Saboia, explica que, em muitos casos, são idosos cujos filhos já saíram de casa e perderam seus cônjuges.
Famílias reconstituídas
Pela primeira vez, o Censo 2010 incluiu no questionário aplicado a todos os domicílios a pergunta sobre a situação dos filhos nas famílias. Foi verificado se o filho é do casal, apenas do responsável ou apenas do cônjuge, além de outras configurações. A coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Sabóia, chama a atenção para essa nova classificação, chamada pelo IBGE de famílias reconstituídas, que somam em torno de 16% do total.
“Até então, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e pelo Censo, o Brasil era um mar de tranquilidade, todo mundo era casal com filho, mas você não sabia filhos de quem eles eram. Esse perfil mudou um pouco, tem a ver com o senso comum, de que hoje está havendo mais divórcios, as pessoas se juntam em configurações que não são as tradicionais. Você ouve falar do casal: o meu filho, o seu filho e os nossos filhos”, explicou.
O Censo 2010 registrou 57 milhões de unidades domésticas. Desse total, quase 50 milhões eram habitadas por duas pessoas ou mais com parentesco. Mas a pesquisa mostrou que existem 4 milhões de unidades domésticas com famílias conviventes, proporção que subiu de 13,9%, em 2001, para 15,4%. Além disso, 91% dessas têm apenas dois núcleos familiares, mas 3,6 mil casas tinha cinco ou mais famílias.
Gilson Mattos ressalta que a maioria das famílias é do tipo mais tradicional. (FA e agências)
Emigração
Minas Gerais é o estado com maior população morando fora, de acordo com o dados do Censo 2010. São mais de 3,6 milhões de mineiros, o equivalente a 13,6% da população, residindo para além das divisas estaduais. A maior parte teve como destino o estado de São Paulo, onde moravam, em 2010, 1,6 milhão de mineiros. Entre chegadas e partidas, Minas perde mais população do que ganha e, apesar de contabilizar mais de 21 milhões de pessoas naturais do estado, tem 19,8 milhões de habitantes. Depois de Minas, Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural residindo em outras unidades da federação. A maior parcela dos não naturais residentes no Rio de Janeiro nasceu em Minas, Paraíba e Ceará, que, juntos, alcançaram 45,9% do total de não naturais.