Moradores do Comiteco, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão mobilizados para criar uma identidade para o bairro e deixar de ser associado ao vizinho MangabeirasSão cerca de 800 famílias que, segundo registros da prefeitura, ocupam uma área que não chega a um quilômetro quadradoO bairro pertence à Unidade de Planejamento Mangabeiras, assim como o Anchieta, Belvedere, Cruzeiro, Novo São Lucas, São Lucas, Serra e Sion
“Sempre fomos denominados pela população como Mangabeiras e até a prefeitura nos chama de MangabeirasNo entanto, a última lei de uso e ocupação do solo fala que somos Comiteco”, reclama a psicóloga Renata Borja, moradora do bairro“Nem nós sabemos a quem pertencemosRecebemos correspondências com os dois nomes”, acrescentaO primeiro passo dos moradores para conseguir essa “independência” é criar uma associação que os represente A extinta Associação dos Moradores do Mangabeiras Sudoeste, que atendia uma pequena parcela do bairro, será retomada com o mesmo nome, mas para atender a todos“O nome Comiteco se deve à mineradora que fez o loteamento, mas muita gente não aceita o bairro com nome de empresa Independentemente disso, vamos criar a associação”, diz Renata.
De acordo com a psicóloga, as realidades dos dois bairros são diferentes
Segurança
A principal preocupação do Comiteco é com a segurançaNo ano passado, foram 37 crimes violentos no bairro, como assaltos à mão armada em residênciasEste ano, foram 19 ocorrências, segundo a psicóloga, e inúmeros arrombamentos de casas
A médica Carolina Trancoso, de 40, conta que a mobilização dos moradores começou com a onda de assaltos a residências“Temos que ser independentes, pois é um bairro que tem o perfil totalmente diferente do MangabeirasAlguns problemas são os mesmos, como a falta de segurança, mas temos outros tambémO trânsito na Avenida Bandeirantes, por exemplo, é caóticoMuitos motoristas fazem o desvio por dentro do Comiteco para escapar de engarrafamentoÉ perigoso, pois há muitas crianças no bairro e nossos cruzamentos não têm sinalização de trânsito”, reclama.
Reação a onda de assaltos
Depois de uma onda de assaltos a residências que espalhou o medo pelo Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, os moradores decidiram tomar conta uns dos outros e estão adotando o programa Rede de Vizinhos Protegidos Segundo Marcelo Marinho Franco, presidente da associação de moradores, a experiência deu certo em bairros vizinhos, como o Anchieta, e eles têm esperança de ter mais tranquilidadeEm julho, assaltantes invadiram uma casa na Rua Comendador Viana e fizeram reféns um engenheiro e seu filhoDias antes, quatro homens armados já haviam entrado em outra moradia, e um garoto de 10 anos teve o corpo encharcado com gasolina Por duas horas e meia, um ladrão fez terror usando um isqueiro e ameaçou atear fogo à criança.
Por enquanto, segundo Marcelo Marinho, a associação está convocando as 600 famílias do Mangabeiras para aderir ao programa“Além de garantir mais segurança, a rede de vizinhos proporciona maior entrosamento entre as pessoasO vizinho é o irmão mais próximo e pode nos socorrer na hora do apertoEle avisa quando há um carro suspeito na rua, ou uma pessoa estranha rondando a sua casa, e também pode apitarO vizinho passa a ter um olhar mais atento e vigia a sua casa quando você estiver viajando”, destaca MarinhoA assessora de comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente Débora Santos, informou que 480 bairros da capital já adotaram a Rede de Vizinhos Protegidos