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Estado de Minas

Bairro Comiteco, vizinho ao Mangabeiras, busca identidade própria

Moradores do Bairro Comiteco se unem para recriar associação e promover a separação oficial do Mangabeiras. Eles querem as mesmas melhorias do vizinho


postado em 20/10/2012 06:00 / atualizado em 20/10/2012 07:09

Vista do Comiteco, da Avenida Bandeirantes até a Serra do Curral, na Região Centro-Sul de BH: área tem menos de um quilômetro quadrado(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Vista do Comiteco, da Avenida Bandeirantes até a Serra do Curral, na Região Centro-Sul de BH: área tem menos de um quilômetro quadrado (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Moradores do Comiteco, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão mobilizados para criar uma identidade para o bairro e deixar de ser associado ao vizinho Mangabeiras. São cerca de 800 famílias que, segundo registros da prefeitura, ocupam uma área que não chega a um quilômetro quadrado. O bairro pertence à Unidade de Planejamento Mangabeiras, assim como o Anchieta, Belvedere, Cruzeiro, Novo São Lucas, São Lucas, Serra e Sion.

“Sempre fomos denominados pela população como Mangabeiras e até a prefeitura nos chama de Mangabeiras. No entanto, a última lei de uso e ocupação do solo fala que somos Comiteco”, reclama a psicóloga Renata Borja, moradora do bairro. “Nem nós sabemos a quem pertencemos. Recebemos correspondências com os dois nomes”, acrescenta. O primeiro passo dos moradores para conseguir essa “independência” é criar uma associação que os represente. A extinta Associação dos Moradores do Mangabeiras Sudoeste, que atendia uma pequena parcela do bairro, será retomada com o mesmo nome, mas para atender a todos. “O nome Comiteco se deve à mineradora que fez o loteamento, mas muita gente não aceita o bairro com nome de empresa. Independentemente disso, vamos criar a associação”, diz Renata.

De acordo com a psicóloga, as realidades dos dois bairros são diferentes. “As nossas ruas são escuras e as do Mangabeiras mais claras. As nossas ruas são calçadas e as deles asfaltadas. O próprio loteamento é diferente. Eles têm lotes maiores e a gente menores”, afirma Renata. Segundo ela, a proposta é unir forças das várias associações de ruas já existentes para defender os interesses e direitos das famílias. A Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras atende o lado esquerdo da Avenida das Agulhas Negras, para quem sobe em direção à Serra do Curral, e o entorno da Praça do Papa. Segundo a psicóloga Renata Borja, o Comiteco ainda não tem uma organização formal e eles estão se reunindo para agir pontualmente em questões emergenciais e discutir ideias de como poderão se fortalecer e contribuir com uma participação maior nas decisões que envolvem a comunidade. Para isso, criaram o Movimento Mangabeiras Sudoeste Unido e um jornal.

Segurança

A principal preocupação do Comiteco é com a segurança. No ano passado, foram 37 crimes violentos no bairro, como assaltos à mão armada em residências. Este ano, foram 19 ocorrências, segundo a psicóloga, e inúmeros arrombamentos de casas. Assinaturas são coletadas para um abaixo-assinado reivindicando aumento do contingente da Polícia Militar no local. Na terça-feira, os moradores vão se reunir com a corporação na Escola Guignard para buscar informações sobre o contingente de militares e de como devem proceder em casos de assaltos, arrombamentos, invasões de residências e sequestros. Na reunião, eles também vão avaliar com a PM a possibilidade de instalação de câmeras de vigilância no bairro. Também se organizam para criar a Rede de Vizinhos Protegidos.

A médica Carolina Trancoso, de 40, conta que a mobilização dos moradores começou com a onda de assaltos a residências. “Temos que ser independentes, pois é um bairro que tem o perfil totalmente diferente do Mangabeiras. Alguns problemas são os mesmos, como a falta de segurança, mas temos outros também. O trânsito na Avenida Bandeirantes, por exemplo, é caótico. Muitos motoristas fazem o desvio por dentro do Comiteco para escapar de engarrafamento. É perigoso, pois há muitas crianças no bairro e nossos cruzamentos não têm sinalização de trânsito”, reclama.

Reação a onda de assaltos

Depois de uma onda de assaltos a residências que espalhou o medo pelo Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, os moradores decidiram tomar conta uns dos outros e estão adotando o programa Rede de Vizinhos Protegidos. Segundo Marcelo Marinho Franco, presidente da associação de moradores, a experiência deu certo em bairros vizinhos, como o Anchieta, e eles têm esperança de ter mais tranquilidade. Em julho, assaltantes invadiram uma casa na Rua Comendador Viana e fizeram reféns um engenheiro e seu filho. Dias antes, quatro homens armados já haviam entrado em outra moradia, e um garoto de 10 anos teve o corpo encharcado com gasolina. Por duas horas e meia, um ladrão fez terror usando um isqueiro e ameaçou atear fogo à criança.

Por enquanto, segundo Marcelo Marinho, a associação está convocando as 600 famílias do Mangabeiras para aderir ao programa. “Além de garantir mais segurança, a rede de vizinhos proporciona maior entrosamento entre as pessoas. O vizinho é o irmão mais próximo e pode nos socorrer na hora do aperto. Ele avisa quando há um carro suspeito na rua, ou uma pessoa estranha rondando a sua casa, e também pode apitar. O vizinho passa a ter um olhar mais atento e vigia a sua casa quando você estiver viajando”, destaca Marinho. A assessora de comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente Débora Santos, informou que 480 bairros da capital já adotaram a Rede de Vizinhos Protegidos.
 


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