Jornal Estado de Minas

Médica assassinada pelo marido é enterrada em Ubá; vizinhos prestam depoimento

O crime ocorreu no fim da tarde de domingo, no apartamento do casal, em Contagem. O filho da vítima, de 12 anos, e um amigo do garoto testemunharam o homicídio

Andréa Silva
- Foto: Reprodução Facebool
Foi enterrada na manhã desta terça-feira em Ubá, na Zona da Mata de Minas Gerais, o corpo da médica Cristiani Moreira, de 41, assassinada a facadas pelo marido, o estudante de direito Welington Rodrigues Tavares, de 29 anosO crime ocorreu no fim da tarde de domingo, no apartamento do casal, no Bairro Riacho, em Contagem, na Grande BHO filho de Cristiani, de 12 anos, e um amigo do garoto testemunharam o homicídio, logo depois de os quatro chegarem de uma festaAntes de matar a mulher e tentar o suicídio, Welington atacou o enteadoO menino sofreu um corte no braço e outro na cabeça quando tentava defender a mãe.

Depois de cortar o pescoço de Cristiani, o estudante tentou se matar com cortes nos pulsos, no pescoço e no peitoO filho da médica pediu socorro aos vizinhos e eles chegaram a tempo de evitar o suicídio do jovemJá a vítima foi encontrada caída e sangrando no corredor do apartamentoCristiani e o marido foram socorridos pelo Samu, mas ela morreu antes de chegar ao Hospital Municipal de ContagemWelington ficou internado sob escolta policialEle se recupera, sem risco de morrer, mas ainda não há previsão para alta

Como foi autuado em flagrante pelo homicídio qualificado, assim que deixar o hospital, o estudante de direito será levado para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Contagem
O delegado Luciano Guimarães do Nascimento, da Homicídios de Contagem, assumiu as investigaçõesNo fim da manhã de segunda-feira, ele esteve no hospital na tentativa de conversar com o estudante“O Welington teve cortes profundos nos pulsos e está com lesões no tórax e no pescoçoEle está consciente, mas sob efeito de medicamentos, o que impediu o interrogatórioTeremos de aguardar que ele melhore”, disse o delegado

Na manhã desta terça-feira o delegado começou a ouvir quatro vizinhos da médica, pessoas que escutaram a briga ou presenciaram a cena do crimeO filho de Cristiani também vai prestar depoimento, mas não será hoje

Homenagem de pacientes

Um relacionamento de cinco anos, cheio de projetos e aparentemente tranquiloOs familiares do estudante de direito e da médica ainda buscam respostas para o que teria motivado o universitário a discutir com a mulher e a assassiná-la com uma facada

Cristiani trabalhava há cinco anos no Programa de Saúde da Família (PSF), atendendo pacientes no Centro de Saúde Maria Madalena Teodoro, e no Hospital JK, ambos na Região do Barreiro, em BH
No início da tarde de ontem, moradores do Bairro Lindeia e funcionários das unidades de saúde prestaram as últimas homenagens, durante um breve velório, em uma igreja evangélica

“Estamos muitos comovidos, parece que perdemos alguém da própria famíliaEla era muito atenciosa, tinha muito cuidado com todos”, contou a aposentada Maria da Consolação Leal, de 65 anos, paciente de CristianiCunhado da médica, Marcos Ribeiro, de 41, disse que a decisão da comunidade de homenageá-la serviu de consolo à família“Ficamos todos em estado de choqueNinguém sabe explicar o que ocorreuMeia horas antes da tragédia, o irmão da Cristiani, que mora no mesmo prédio, esteve no apartamento com ela e o maridoEstava tudo bemLogo depois, os vizinhos ligaram contando sobre a briga e que Welington a havia esfaqueadoA homenagem diminui um pouco a dor, pois sabemos que ela era muito querida”, disse Marcos Roberto

Cristiani Moreira se formou em medicina há cerca de 18 anos na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde conheceu WelingtonHá cinco anos, o casal resolveu se mudar para Belo HorizonteA médica havia comprado o apartamento em Contagem recentementeFamiliares de Cristiani disseram que ela dava a maior força ao marido, pagava a faculdade de direito dele e lhe deu um carro de presente.

(Com informações de Luana Cruz)