Pelo segundo ano consecutivo, a EF Education First fez um estudo mundial para determinar o nível de proficiência em inglês em diversos paísesA empresa avaliou gramática, vocabulário, leitura e compreensão de 1,7 milhão de adultos para produzir o Índice de Proficiência em Inglês (EPI, na sigla em inglês)Os testes on-line e nas escolas foram aplicados antes de os alunos começarem o curso do idiomaNo caso brasileiro, o país foi rebaixado
Para o diretor de marketing da EF no Brasil, Luciano Timm, o problema é sistêmico“A alfabetização deficitária ou o desconhecimento das regras de comunicação fazem com que, se você não sabe falar português, não dará atenção ao inglês”, ressaltaEle cita o exemplo da Argentina, país da América Latina mais bem colocado, na 20ª posição, com proficiência moderada“O que se viu é que, já no ensino primário e secundário, na década de 1970, os países da região educavam metade do que a Argentina educava em relação a crianças até12 anosIncluir o inglês de forma pensada, discutida e aplicada à necessidade brasileira é parte da solução”, diz.
Timm destaca ainda que o argumento de falta de condições financeiras para arcar com um curso particular não vale mais, diante do desenvolvimento econômico do país“Hoje, as pessoas podem parcelar em até 24 vezesE a chance de os alunos estudarem via internet com professores nativos, com uma metodologia certificada, é outra realidade, bem como a oportunidade de fazer um intercâmbio por US$ 2 mil (cerca de R$ 4 mil)”, afirma.
A empresa, responsável por preparar os 25 mil voluntários na Olimpíada de Pequim, e candidata ao mesmo serviço no Brasil, acredita que, mesmo com a Copa batendo à porta, ainda dá tempoEm 29 de novembro, um fórum nacional vai discutir alternativas e traçar planos de educação .
Segundo Luciano Timm, o turismo é o segmento com melhor domínio do inglêsJá o varejo e o setor público são os que mais precisam evoluir
PRAZO CURTO
A assessora de qualificação profissional da Belotur, Neuma Horta, admite que não será possível garantir o domínio do idioma até o Mundial“O Brasil não vai conseguir dar proficiência para o povo, temos plena ciência dissoQueremos que as pessoas que lidam no turismo tenham a mínima condição de entender o que o visitante está precisando para tentar dar uma soluçãoMesmo que o profissional diga que não fala inglês e procure quem fale”, diz“O importante é que o turista se sinta acolhidoE possa dizer que isso é um problema em BH, mas, apesar disso, fomos bem atendidosÉ nisso que precisamos focar”, acrescenta.
Segundo Neuma, trata-se de um problema culturalEla destaca que os cursos de preparação sempre foram oferecidos, mas as salas de aula nunca foram preenchidas, já que a questão também esbarra no interesse de cada umEla destaca os taxistas como um dos grupos mais difíceis de serem preparadosA alegação é sempre a mesma: o tempo de curso significa menos faturamento.
“As pessoas não percebem a importância dissoNão conseguimos mudar a cultura de um país e de uma classe do dia para a noiteTemos que diminuir ao máximo os impactos da não proficiência, mas não adianta nos iludirmos achando que vamos dar contaNinguém consegue ser fluente num idioma em um ano”, diz NeumaApesar disso, ela é otimista: “A falta de proficiência não vai pesar negativamente, vamos conseguir superar isso e atender bemAs pessoas fluentes serão deslocadas para postos-chavesO lado positivo é que, se não fossem esses eventos, perpetuaríamos a questãoEles estão servindo para balançar e mostrar essa deficiência”.
Atendentes perdidos
Se o embaraço é grande pessoalmente, por telefone não é diferenteO Estado de Minas repetiu ontem um teste feito em novembro de 2011 com serviços essenciais ao turista e constatou que não houve evolução no nível dos atendentes em relação à língua inglesaEm algumas ligações, a conversa não passou da primeira pergunta: “Você fala inglês?”De 14 pessoas ouvidas, apenas duas tinham domínio do idiomaNa primeira tentativa, houve força de vontade, mas a primeira atendente do HPS logo gritou por alguém que falasse inglêsA segunda mulher, educamente, foi objetiva, respondendo a pergunta: “Moça, aqui não tem ninguém que fala inglêsE quem fala não está aqui”.
Na central telefônica de uma cooperativa de táxi, duas mulheres tentaram, mas o máximo que conseguiram foi repetir que não falavam inglêsEstrangeiro que precisar de informações sobre as atrações de BH é bom se agarrar à internetDe acordo com o portal da prefeitura, o atendimento ao turista se dá por meio do Alô Turismo, no 156A opção simplesmente não existe no menu da central de serviçosNa opção “cultura”, a funcionária insistiu que não conseguia entender e respondeu: “Por falta de comunicação a prefeitura encerra a ligação”.
Nas paredes das recepções, relógios com o horário local de várias capitais estrangeiras mostram sincronia com o mundo, mas quando a conversa é mais próxima, a situação é outraNo primeiro hotel consultado, o turista inglês passaria por quatro atendentes, dos quais apenas um indicou em inglês que transferiria a ligação para quem sabia informar sobre quartosNo segundo, foram três chamadas e os atendentes desligaram sem passar a informação
A Belotur informou que aguarda retorno do Ministério do Turismo sobre pedido de convênio para aulas de inglês e espanhol para 350 funcionários de museus, da Fundação Zoo-Botânica e da própria empreaOs cursos para pessoas que trabalham na área de turismo, como taxistas e garçons, estão sendo coordenados pelos ministérios do Turismo e da EducaçãoAs próximas pela internet (www.turismo.gov.br) ocorrerão entre 15 e 30 de novembro.
MUNDO
PROFICIÊNCIA MUITO ALTA
1 Suécia
2 Dinamarca
3 Finlândia
4 Holanda
5 Noruega
PROFICIÊNCIA ALTA
6 Bélgica
7 Áustria
8 Hungria
9 Alemanha
10 Polônia
11 República Tcheca
12 Singapura
13 Malásia
PROFICIÊNCIA MODERADA
14 Índia
15 Suíça
16 Eslováquia
17 Paquistão
18 Espanha
19 Portugal
20 Argentina
21 Coreia do Sul
22 Japão
23 França
24 Itália
25 Hong Kong
PROFICIÊNCIA BAIXA
26 Uruguai
27 Indonésia
28 Irã
29 Rússia
30 Taiwan
31 Vietnã
32 Turquia
33 Peru
34 Costa Rica
35 Marrocos
36 China
37 Catar
38 México
PROFICIÊNCIA MUITO BAIXA
39 Chile
40 Venezuela
41 El Salvador
42 Síria
43 Equador
44 Argélia
45 Kuwait
46 BRASIL
47 Guatemala
48 Egito
49 Emirados Árabes Unidos
50 Colômbia
51 Panamá
52 Arábia Saudita
53 Tailândia
54 Líbia
BRASIL
PROFICIÊNCIA BAIXA
1 Rio de Janeiro
2 Paraná
3 Sergipe
4 São Paulo
5 Rio Grande do Sul
6 Paraíba
7 Santa Catarina
8 Distrito Federal
9 MINAS GERAIS
10 Ceará
CAPITAIS
PROFICIÊNCIA BAIXA
1 Rio de Janeiro
2 São Paulo
3 Brasília
4 BELO HORIZONTE
PROFICIÊNCIA MUITO BAIXA
5 Salvador