Jornal Estado de Minas

Violência segue sem freio no Anel Rodoviário de BH

Carreta com 31 toneladas de ferro desce desgovernada o perigoso corredor de transportes, fecha vários veículos e por pouco não provoca uma nova tragédia no trânsito da capital

Guilherme Paranaiba

  Carreta desce desgovernada o anel rodoviário, fecha vários veículos e por pouco não provoca uma nova tragédia no trânsito de BH - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Menos de 24 horas depois que o trânsito foi totalmente liberado no Anel Rodoviário por conta do tombamento de uma carreta carregada com gás de cozinha, via voltou a ficar bloqueada no sentido VitóriaDesta vez, uma carreta com 31 toneladas de ferro, que saiu de Juiz de Fora, na Zona da Mata, com destino a Cuiabá (MT), ficou sem controle no km 6, Bairro Betânia, Região Oeste da capital, atingiu quatro veículos que estavam no caminho e só parou depois de fazer um L na pistaPor sorte, o tempo para liberação do tráfego foi de 30 minutos, diferente das 10 horas de quarta-feira, em outro acidente, e ninguém se feriuUma viatura do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) conseguiu acionar um guincho que estava próximo e o veículo de carga foi rebocadoApesar de o transtorno não ter sido grande para a circulação, mais uma vez o risco de uma tragédia assombrou o Anel.

“Nasci de novoCom certezaNão fossem os anos que tenho de experiência, talvez esta hora poderíamos ser notícia por conta de um desastre”, afirma o caminhoneiro Moisés Velter Ferreira, de 37 anosEle dirigia um cavalo mecânico, um dos veículos atingidos pela carreta antes de parar “Eu imagino qual foi a reação de um grupo de trabalhadores que fazia algumas intervenções na pista momentos antes da confusãoEles correram para o barranco nem voltaram mais para o serviço”, completa Moisés, se referindo a prestadores de serviço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) que precisaram saltar para o canteiro ao lado da pista para não serem atropelados.

Enquanto Moisés foi atingido na faixa da direita no sentido Vitória, Pedriomar Mendes de Oliveira, de 42, conduzia uma Kombi na faixa da esquerdaEle também teve o veículo acertado, na porta do passageiro

“Eu evito ao máximo este AnelNo dia que a gente passa por aqui acontece uma coisa dessasNão consegui nem sair do carro”, diz o motoristaA pancada foi praticamente em cima do pintor Leonardo Mendes, de 34, que ocupava o banco do carona da Kombi“Eu estava com o telefone no ouvido e tomei um susto quando vi aquele monstro chegandoAs pernas bambearam”, diz ele, que não teve nenhum ferimento.

Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, o veículo carregado de ferro ficou desgovernado na altura do km 6, Bairro Betânia, Oeste, e só foi parar no km 8, Bairro Madre Gertrudes, também na Região OesteO motorista ainda acertou outros veículos, mas conseguiu manter a direçãoQuando encontrou uma subida, a carreta perdeu força e parou, mas, como o problema apontado foi a falta de freio, o veículo desceu e fez um L, bloqueando o trânsito“Uma viatura conseguiu contato com um guincho que estava próximo e a interdição não passou de meia hora”, afirmou o soldado Rennan Costa, do BPMRv“O homem foi um verdadeiro artista de não ter causado uma desgraça
Ele tirava a carreta da reta dos carros com muita habilidadeO susto foi tão grande que até agora estou gaguejando”, disse outro motorista que também foi envolvido nas batidas, Luiz Gonzaga de Oliveira, de 67.

Tacógrafo

A carreta foi levada para uma área de escape logo após o viaduto da saída para Brasília (DF)No local, o sargento Cláudio Figueiredo conferiu o peso da carga e constatou que as notas fiscais apresentavam um valor menor do que a capacidade da carreta, de 31,5 toneladas “Segundo consta nos documentos fiscais, ele está transportando cerca de 31 toneladasPorém, vamos gerar uma autuação por conta do tacógrafo, que está vencido e já deveria ter sido trocado desde 22 de outubro”, disse o militarAinda segundo o policial, o veículo iria continuar no local até que um mecânico verificasse a situação e fizesse os reparos devidos.

Ainda assustado, o condutor Jorge Golon, de 50, alegou que descia nas proximidades do Betânia a 60km/h quando viu que os freios não responderam“Fiz o que pude para evitar o piorAinda joguei marcha, mas acho que a caixa quebrou, pois a sensação era que estava em ponto mortoPensei somente em preservar a vida das pessoas ao redor”, disse eleComo a pista não demorou para ser liberada, os reflexos não foram caóticosO trânsito ficou lento nas proximidades do acidente, mas pouco tempo depois fluía normalmente.