Menos de 24 horas depois que o trânsito foi totalmente liberado no Anel Rodoviário por conta do tombamento de uma carreta carregada com gás de cozinha, via voltou a ficar bloqueada no sentido Vitória. Desta vez, uma carreta com 31 toneladas de ferro, que saiu de Juiz de Fora, na Zona da Mata, com destino a Cuiabá (MT), ficou sem controle no km 6, Bairro Betânia, Região Oeste da capital, atingiu quatro veículos que estavam no caminho e só parou depois de fazer um L na pista. Por sorte, o tempo para liberação do tráfego foi de 30 minutos, diferente das 10 horas de quarta-feira, em outro acidente, e ninguém se feriu. Uma viatura do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) conseguiu acionar um guincho que estava próximo e o veículo de carga foi rebocado. Apesar de o transtorno não ter sido grande para a circulação, mais uma vez o risco de uma tragédia assombrou o Anel.
“Nasci de novo. Com certeza. Não fossem os anos que tenho de experiência, talvez esta hora poderíamos ser notícia por conta de um desastre”, afirma o caminhoneiro Moisés Velter Ferreira, de 37 anos. Ele dirigia um cavalo mecânico, um dos veículos atingidos pela carreta antes de parar. “Eu imagino qual foi a reação de um grupo de trabalhadores que fazia algumas intervenções na pista momentos antes da confusão. Eles correram para o barranco nem voltaram mais para o serviço”, completa Moisés, se referindo a prestadores de serviço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) que precisaram saltar para o canteiro ao lado da pista para não serem atropelados.
Enquanto Moisés foi atingido na faixa da direita no sentido Vitória, Pedriomar Mendes de Oliveira, de 42, conduzia uma Kombi na faixa da esquerda. Ele também teve o veículo acertado, na porta do passageiro. “Eu evito ao máximo este Anel. No dia que a gente passa por aqui acontece uma coisa dessas. Não consegui nem sair do carro”, diz o motorista. A pancada foi praticamente em cima do pintor Leonardo Mendes, de 34, que ocupava o banco do carona da Kombi. “Eu estava com o telefone no ouvido e tomei um susto quando vi aquele monstro chegando. As pernas bambearam”, diz ele, que não teve nenhum ferimento.
Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, o veículo carregado de ferro ficou desgovernado na altura do km 6, Bairro Betânia, Oeste, e só foi parar no km 8, Bairro Madre Gertrudes, também na Região Oeste. O motorista ainda acertou outros veículos, mas conseguiu manter a direção. Quando encontrou uma subida, a carreta perdeu força e parou, mas, como o problema apontado foi a falta de freio, o veículo desceu e fez um L, bloqueando o trânsito. “Uma viatura conseguiu contato com um guincho que estava próximo e a interdição não passou de meia hora”, afirmou o soldado Rennan Costa, do BPMRv. “O homem foi um verdadeiro artista de não ter causado uma desgraça. Ele tirava a carreta da reta dos carros com muita habilidade. O susto foi tão grande que até agora estou gaguejando”, disse outro motorista que também foi envolvido nas batidas, Luiz Gonzaga de Oliveira, de 67.
Tacógrafo
A carreta foi levada para uma área de escape logo após o viaduto da saída para Brasília (DF). No local, o sargento Cláudio Figueiredo conferiu o peso da carga e constatou que as notas fiscais apresentavam um valor menor do que a capacidade da carreta, de 31,5 toneladas. “Segundo consta nos documentos fiscais, ele está transportando cerca de 31 toneladas. Porém, vamos gerar uma autuação por conta do tacógrafo, que está vencido e já deveria ter sido trocado desde 22 de outubro”, disse o militar. Ainda segundo o policial, o veículo iria continuar no local até que um mecânico verificasse a situação e fizesse os reparos devidos.
Ainda assustado, o condutor Jorge Golon, de 50, alegou que descia nas proximidades do Betânia a 60km/h quando viu que os freios não responderam. “Fiz o que pude para evitar o pior. Ainda joguei marcha, mas acho que a caixa quebrou, pois a sensação era que estava em ponto morto. Pensei somente em preservar a vida das pessoas ao redor”, disse ele. Como a pista não demorou para ser liberada, os reflexos não foram caóticos. O trânsito ficou lento nas proximidades do acidente, mas pouco tempo depois fluía normalmente.