Ninguém parecia preocupado com o fato de não haver representantes de outros países — ou mesmo de outros estados —entre os participantesEles só queriam saber de pegar impulso no topo da ladeira e descê-la com rapidezAlguns, lá embaixo, ainda giravam o carrinho sobre o asfaltoNa tarde de ontem, Belo Horizonte sediou a primeira edição do Mundialito de Rolimã do AbacateApesar do título pomposo, foi apenas um despretensioso campeonato idealizado por um pequeno centro cultural chamado Quilombo do Abacate — daí a fruta do nome.
A pista improvisada ocupou dois quarteirões da Avenida Magi Salomon, entre as ruas Lagoa da Prata e Paracaíma, no Bairro Salgado Filho, Região Oeste de BHNas bordas, ela era demarcada por caixas de papelão e pneus, que serviam para conter “pilotos” desorientadosSegundo os organizadores, 40 competidores se inscreveram, de forma gratuitaAlguns correram nas três categoriasNa de velocidade, o que importava era alcançar primeiro a linha de chegadaNa de manobra, o concorrente descia sozinho e, para impressionar os jurados, rodopiava e outros tipos de firulaNa categoria de estilo, ganhava quem se apresentasse com mais criatividade e tivesse o carrinho, digamos, mais bonito, charmoso, engraçado — os critérios não eram muito claros.
Os primeiros colocados receberam troféus
Técnicas Morador da vizinhança, o garoto Wesley Gontijio, de 11 anos, competiu pela equipe Quebra TudoEle começou a andar de rolimã há uns seis anos, mas estava parado há mais de um“Deu para ver que eu tava meio enferrujado
Engana-se, porém, quem acha que havia apenas crianças entre os competidoresO professor Dênis Pimenta, de 51 anos, era o veteranoDe vez em quando, ele se reúne com uma turma para descer ladeiras no Bairro Santa Terezinha“Comecei fazendo carrinhos para meu filho, mas ele cresceu e não quis maisAí, peguei para mim e gostei”, disseAndré de Menezes, de 24 anos, se inscreveu em três categoriasEle contou que não brincava de rolimã havia 15 anos“O carrinho estava esquecido em um quartinhoÉ algo que não tem idade”.