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Estado de Minas

Chuva alivia calorão, mas temperatura ainda deve se manter alta na capital

População de Belo Horizonte voltou a enfrentar alta temperatura, que chegou a 35 graus ontem à tarde, amenizada por pancadas passageiras em algumas regiões no fim do dia


postado em 30/10/2012 06:00 / atualizado em 30/10/2012 07:11

Alta temperatura que chegou a 35 graus nessa segunda-feira foi amenizada por pancadas passageiras em algumas regiões no fim do dia(foto: Alexandre Guzanche/EM. D.A. Press)
Alta temperatura que chegou a 35 graus nessa segunda-feira foi amenizada por pancadas passageiras em algumas regiões no fim do dia (foto: Alexandre Guzanche/EM. D.A. Press)


O calor que sufoca Belo Horizonte nos últimos dias deu uma trégua no fim da tarde dessa segunda-feira, devido à chuva passageira que pegou muita gente de surpresa. A Região da Pampulha foi a mais atingida da capital, e a volta para casa para quem dependia da Avenida Antônio Carlos foi tumultuada. O trânsito ficou lento na via e em outros importantes corredores da capital.

“Depois do calor da madrugada, não imaginei que iria chover assim no fim da tarde. Não trouxe sombrinha e me molhei, mas estou feliz com a trégua do calor”, disse a confeiteira Maria Quitéria Silva, de 45 anos. O pintor Valdercir Geraldo, de 48, teve de improvisar. “Faltam abrigos na pista de ônibus e o jeito foi recorrer a um pedaço de plástico. Amanhã vou trazer um guarda-chuva”.


Antes da chuva, o calor castigou a população nas ruas da cidade. Às 15h, os termômetros marcaram 35,2 graus, menos que os 36,3 registrados no domingo, dia mais quente do ano e o segundo desde 1912 na capital. Novos recordes podem ser batidos até amanhã, quando há chance de a temperatura chegar a 38 graus. Especialistas recomendam precauções que ajudam a preservar a saúde, mas quem trabalha sob sol constante sofre mais para manter o vigor.


O homem-placa Diego Carvalho, de 25 anos, dispensa as sombras de árvores e postes na Praça Sete, no Centro. Ele prefere ficar à beira da faixa de pedestres, onde oferece seus serviços antes dos concorrentes. “Foto! Foto na hora”, anuncia. Às vezes, porém, a ambição custa caro. Diego usa protetor solar e tem sempre na mão uma garrafinha com água, mas a radiação solar quase ininterrupta provoca mal-estar. “Às vezes, fico um pouco tonto, tipo uma queda de pressão. Aí, corro para a sombra, descanso uns 10 minutinhos, espero melhorar. De uma semana pra cá, o calor aumentou muito”, constata. Ele termina o dia mais cansado que o normal e, à noite, ainda demora para pegar no sono.


 Os garis também sofrem. Mauro de Freitas, de 43 anos, varria um dos canteiros centrais da Avenida Afonso Pena, ontem à tarde. “De vez em quando, dá uma dorzinha de cabeça. Aí, nós para (sic) um pouco, toma uma água. Um bocado de colega meu já teve tontura com esse sol rachando”, diz. Como não carrega uma garrafa com água, o jeito é pedir em lojas e lanchonetes.


O líquido é o que não falta ao auxiliar de serviços gerais Fábio Toledo, que rega as plantas em praças da capital. Vez por outra, ele se refresca molhando o rosto e a nuca. Mesmo assim, está difícil trabalhar. “Até parece que a mangueira tem mais peso”, diz o rapaz de 25 anos. Pelo menos, Fábio conta com a sombra generosa de alguma árvore.


Sem ter para onde correr

E quem trabalha no meio do asfalto quase sem ter para onde correr? É o caso dos operários das obras do transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês), na Avenida Cristiano Machado. “Além do calor, nossa roupa é pesada. De vez em quando, dá uma lombeira, baixa a pressão. Outro dia, a vista escureceu, me segurei pra não cair”, conta o encarregado de armação José Ribeiro, de 58. O jeito é se resignar: “Tá complicado, mas fazer o quê? Tem que levar o pão de cada dia para casa”. Na mesma obra, o carpinteiro Hélio de Souza, de 46, usa suas habilidades para tornar a lida menos penosa. Ele improvisa e ergue uma pequena cabana para si mesmo. “O sol cansa muito, dá dor de cabeça. O pessoal fica devagar, reduz a atividade”, diz Hélio.


Quem ganha a vida andando de um lado para o outro também sente bastante o aumento de temperatura. “Com esse calor, fico muito cansado. Preciso dar uma paradinha de uns minutinhos, respirar fundo”, afirma Geraldo dos Santos, de 51, que vende picolé em um isopor pendente do ombro. Porém, como era de se esperar, os lucros dele aumentaram. “Geralmente, vendo de 100 a 120 picolés. Ontem (domingo), foram 150”, comemora. O dinheiro ajuda Geraldo a manter o ânimo: “Andar é bom para a saúde, estou fazendo exercício físico. Minhas pernas ainda estão boas”.

 

Temperatura cai sexta-feira

A umidade relativa do ar aumentou ontem, subindo de 19% no domingo para 26%, mas ainda está em nível alarmante. A tendência de melhora deve se manter pelos próximos dias, segundo o meteorologista Ruibran dos Rei, diretor regional do Instituto Climatempo. Até quinta-feira, nos fins de tarde haverá pancadas isoladas na região metropolitana, na Zona da Mata, nos Campos das Vertentes e no Sul do estado. A partir de sexta-feira, as temperaturas tendem a cair. Uma frente fria chegará ao litoral do Sudeste e, durante o feriado, intensifica as precipitações em quase todo o estado. Mas o período chuvoso, que geralmente começa na primeira semana de outubro, deve ter início só na segunda quinzena de novembro.


CUIDE-SE

Para evitar a desidratação é importante ingerir mais líquidos do que o normal. Em dias de temperatura amena, um adulto de peso médio (70kg) deve beber de 2 a 2,5 litros ao dia. Já em dias mais quentes do que a média, o ideal é elevar a quantidade para 3 ou 4 litros.

Evitar ficar muito tempo exposto ao sol, especialmente nos horários mais quentes, entre as 10h e as 16h. Usar protetor solar, óculos escuros e coberturas para a cabeça, como chapéus e bonés.

Roupas escuras absorvem mais calor, por isso são recomendadas roupas claras e leves. Para evitar a exposição excessiva à radiação solar, a vestimenta deve cobrir quase todo o corpo, sobretudo no caso de pessoas de pele clara.

Comer alimentos leves.

A umidade do ar tem atingido níveis alarmantes em BH. É importante combater a secura
com aparelho umidificador, principalmente à noite, no quarto em que for dormir. Há outras dicas, embora menos eficazes, como dependurar toalhas molhadas e pôr bacias com água.

Fontes: Moacir Andrade Gonçalves e Oswaldo Fortini Levindo Coelho, vice-presidente e tesoureiro, respectivamente, da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Regional Minas Gerais.


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