Caso coloquem em xeque o conforto dos passageiros e a agilidade do serviço, dois dos preceitos básicos do transporte rápido por ônibus (o BRT, na sigla em inglês), os novos ônibus padron de motor dianteiro – um dos três tipos de coletivos do futuro sistema – podem ser barrados pela BHTrans antes de chegar às ruas
Reportagem publicada pelo Estado de Minas na semana passada revelou que fabricantes estão projetando, a pedido dos consórcios que operam o sistema de transporte da capital, variações dos atuais coletivos que circulam em BH equipadas com itens como câmbio automático e suspensão a ar, para se adequar às exigências do BRTA compra dos ônibus, que custam menos e têm consumo menor em relação aos veículos de motor traseiro, além de ter maior facilidade de revenda, será discutida pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (OAB-MG).
Afirmando que o ruído e o desconforto gerados pela motorização frontal foram superados ao longo dos anos graças a novas tecnologias, como o gerenciamento eletrônico de motor (adotado em meados de 2004), a BHTrans argumenta agora que para se mostrarem eficientes, os veículos terão de passar por testes de capacidade de transporte, funcionamento do ar-condicionado e potênciaA homologação é o último item previsto no Decreto Municipal 15.019, documento de 53 páginas que esmiuça como devem ser os veículos do sistema, mas não especifica quais tipos de chassis devem ser adotados
“Vamos fazer uma ficha para avaliar em diferentes situações se esses veículos serão mesmo capazes de operar dentro do conceito BRTA homologação é um recurso para avaliar o carro antes de ele entrar no sistema, para que tenhamos certeza de que todas as exigências foram cumpridas”, afirmou o diretor de Planejamento da BHTrans, Célio Freitas, exemplificando uma situação em que o modelo em análise terá de transpor as ladeiras da avenida Antônio Carlos, um dos três corredores do sistema, sem apresentar falhas de potência do motor Juntamente com o diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHTrans, Daniel Marx, ele demonstra certa preocupação com a viabilidade econômica do projetoO tipo de veículo usado, ressaltou, tem impacto direto no custo da tarifa
Cerca de 200 ônibus padron deverão operar linhas troncais de percurso misto, trafegando entre as pistas exclusivas para coletivos e vias que não receberão o BRTOutros 200 articulados farão parte do sistema, que manterá os atuais coletivos como ônibus básicos em linhas alimentadoras – existe a possibilidade de que até micro-ônibus sejam adotados nesse serviço, conforme a demanda“O consumo do coletivo de motor traseiro é 10% maior”, alega Marx.
Cara nova
Célio Freitas sustenta que a agilidade é a maior preocupação do usuário, seguida da confiabilidade, segurança e o conforto
Assim que as obras forem concluídas serão iniciados os testes operacionaisA primeira fase compreende o conhecimento do veículo pelos motoristas, que terão de avaliar o coletivo operando-o sem passageirosA partir daí, o sistema será apresentado a diferentes segmentos da população e entrará na fase de pré-operação, rodando em linhas e dias específicos“A implantação do BRT no Rio de Janeiro revelou um grande receio dos idosos ao embarcar Apresentando o conceito à população antes, ela irá se habituar”, diz o o representante da BHTrans
A previsão do diretor de Planejamento é de que o desenvolvimento do projeto do BRT comece a ser aplicado na Avenida Amazonas, outra importante via da capital, ainda no primeiro semestre de 2013A meta final da empresa é alcançar 200 quilômetros de linhas até 2023, tendo como aliados o metrô e o BRT metropolitano, que compartilhará as estações de transferênciaObjetivo ousado que depende também da aprovação do principal envolvido: o passageiro
PROJETOS PARA AMPLIAR O METRÔ
A Empresa Pública de Trem Metropolitano de Belo Horizonte (Metrominas), vinculada à Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, abriu ontem licitações para elaborar os estudos e projetos de engenharia das linhas 1, 2 e 3 do metrô da capitalSegundo o presidente da Metrominas, Fabrício Sampaio, os projetos são necessários para estabelecer com maior precisão – com ajuda dos serviços de sondagem que estão em andamento – o valor das obras de expansão do serviçoO custo do projeto básico para as linhas 1 e 2 está estimado em R$ 18,5 milhões e, para a Linha 3, em cerca de R$ 14,6 milhões, sendo o prazo estimado para ambos de 12 mesesPara a Linha 1, atualmente em operação, estão previstas reforma de estações, aquisição de trens e extensão de aproximadamente 1,7 quilômetro até a futura Estação Novo EldoradoA Linha 2 ligará o Barreiro ao Bairro Calafate, com sete estações previstasTotalmente subterrânea, a Linha 3 ligará a região da Savassi à Lagoinha, com cinco estações previstas.