(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Polícia caça outro motorista de pega que acabou em morte na Nossa Senhora do Carmo

Condutor de Honda Civic fugiu depois do acidente que matou jovem na avenida. Parceiro dele no racha foi indiciado por homicídio doloso


postado em 07/11/2012 06:00 / atualizado em 07/11/2012 10:16

Michael Donizete, de 22 anos, dirigia Land Rover a 145km/h após consumir maconha(foto: MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
Michael Donizete, de 22 anos, dirigia Land Rover a 145km/h após consumir maconha (foto: MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
O Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) está à procura de pistas que identifiquem o motorista do Honda Civic preto envolvido no pega que matou o jovem Fábio Pimentel Fraiha, de 20 anos, na madrugada de 15 de setembro. As imagens das câmeras da BHTrans, divulgadas nessa terça-feira, mostram que havia um terceiro carro na cena do acidente na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na altura da entrada para o Bairro Sion.


“Se esse condutor se apresentar para a polícia, será menos pior para ele, porque já estamos perto de identificá-lo. Nossos agentes já visitaram todas as oficinas mecânicas, todos os pontos de pega de BH e agora fazemos um pente-fino em nossos arquivos”, avisou o delegado Cláudio Freitas Utsch Moreira, informando inclusive o telefone 181 do disque-denúncia para receber pistas do motorista.

O principal responsável pela tragédia já foi identificado pela polícia. Michael Donizete Lourenço, de 22 anos, condutor da Land Rover, foi indiciado ontem por homicídio com dolo (culpa) eventual, agravado pela disputa de pega ou racha, conforme previsto no artigo 308 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB). Segundo o coordenador de Operações Policiais do Detran/MG, Ramon Sandoli, imagens do local do acidente e laudos periciais revelaram que o jovem descia a Avenida Nossa Senhora do Carmo em alta velocidade (140 km/h), havia consumido maconha e fazia pega com um Honda Civic ainda não identificado.

A imagem da câmera da BHTrans mostra que a Land Rover e o Honda Civic desciam a rodovia em direção ao Centro. Na altura da entrada para o Bairro Sion, o veículo Focus, guiado pela vítima, avança o sinal de trânsito. Quando está quase chegando do outro lado da pista, é atingido em cheio pela Land Rover. “Dá para ver nitidamente que o Fábio arranca, vê se está vindo carro na pista e então passa o sinal. Naquele trecho, trata-se de uma prática comum dos motoristas para evitar assaltos”, explica Sandoli.

Fábio pode até ter visto o farol dos carros vindo ao longe. Ele não poderia prever a alta velocidade desenvolvida por eles. Segundo o laudo pericial, os dois carros que pareciam distantes percorreram o trecho de 100 metros em menos de cinco segundos. O Honda Civic preto, que fazia pega com a Land Rover, desenvolvia velocidade ainda mais alta, atingindo 145 km/h. As imagens revelam que o Honda chegou depois por ter reduzido a velocidade antes, para escapar do radar. Em seguida, tornou a acelerar. Bateu no Focus e girou na pista, mas não parou para socorrer Fábio, como fez Michael, que prestou socorro à vítima e não se negou a fornecer sangue e urina para posterior exame no Instituto Médico Legal.

Michael se recusou, porém, a soprar o bafômetro, conforme o inquérito policial. Chegou ainda a dar uma versão diferente para o acidente. No primeiro depoimento, ele e os quatro acompanhantes que estavam no carro (um primo e três amigos) disseram que teriam bebido durante a tarde e saíram depois das 23h para “dar umas voltas pelo bairro”.

Droga e álcool

"Os jovens insistem em atitudes irresponsáveis, como conduzir veículos depois de usar entorpecentes e bebidas alcoólicas, pondo em risco a vida de outras pessoas", Ramon Sandoli, coordenador de Operações Policiais do Detran/MG (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
As investigações policiais apontaram, no entanto, que eles estavam em uma boate nas Seis Pistas, no limite entre Belo Horizonte e Nova Lima, e, à exceção de Michael, que usou somente maconha, os outros consumiram vodca e energéticos. O desastre ocorreu às 4h05, cerca de 10 minutos após o grupo deixar a boate. “Infelizmente depois de quinta-feira às 3h da madrugada é preciso saber que os jovens estão loucos! Eles insistem em ter atitudes irresponsáveis como conduzir veículos depois de usar entorpecentes e bebidas alcoólicas, pondo em risco a vida de outras pessoas”, criticou Sandoli.

Os exames do IML apontaram que a vítima havia consumido bebida alcoólica também. Fábio tinha 16,6 decigramas de álcool no sangue, quase nove vezes acima do permitido por lei, que é de 1,9 decigrama de álcool no sangue. Segundo testemunhas, ele havia tomado tequila, participando da comemoração do aniversário de um amigo em outra boate nas Seis Pistas, na companhia da namorada.

Para o pai dele, o empresário Luiz César Fraiha, as mesmas câmeras da BHTrans comprovaram que o filho vinha em velocidade regular e apesar de ter avançado o sinal “teria sido visto pelo assassino se ele não estivesse de olho no retrovisor, mais preocupado em disputar um pega”.

O inquérito será enviado amanhã à Justiça. O advogado de Michael Donizete, que no dia do acidente foi preso e liberado em flagrante mediante pagamento de fiança de R$ 43,6 mil, negou-se ontem a comentar o caso. Jordano Catão alegou que só iria se pronunciar depois que tivesse acesso aos documentos.

 
"Meu filho foi vítima de assassinato"

O empresário Luiz César Fraiha, de 49 anos, acompanha atentamente o desenrolar do inquérito que apontou o culpado pela morte do filho, Fábio, em acidente de trânsito. Para ele, apesar de ter consumido bebida alcoólica e avançado o sinal, o jovem foi vítima de “assassinato brutal”.

O senhor já soube que o inquérito policial foi concluído?

Sim, meu advogado foi informado de que o rapaz disputava um racha na Avenida Nossa Senhora do Carmo em alta velocidade e estava drogado.

O indiciamento do jovem alivia a dor pela perda de um filho?

Não alivia nada, mas quero acompanhar o julgamento desse processo até o fim. É a única coisa que posso fazer pelo meu filho.

O senhor ficou sabendo que seu filho também havia consumido álcool e avançado o sinal?


Há um inquérito correndo paralelamente que mostra que o carro do meu filho foi saqueado com ele ainda dentro do carro. Não há a menor possibilidade de ficar parado ali e correr risco de ser assaltado. Quanto ao fato de ele ter bebido não é relevante. Meu filho é vítima, foi brutalmente assassinado por dois foguetes descendo a avenida a 150 km/h.

Assista ao vídeo:


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)