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Estado de Minas

Taxistas estão sem tempo para aprender inglês

Mesmo com a proximidade dos jogos da Copa das Confederações, taxistas consideram que aprender outro idioma para atender turistas não é investimento, mas perda de dinheiro


postado em 13/11/2012 06:00 / atualizado em 13/11/2012 11:30

Avaliação da Belotur é de que taxistas tenham conhecimento básico de outra língua para conversar com turistas, mas mesmo assim eles resistem(foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Avaliação da Belotur é de que taxistas tenham conhecimento básico de outra língua para conversar com turistas, mas mesmo assim eles resistem (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)


Com a expectativa de que novos taxistas entrem no mercado em Belo Horizonte às vésperas da Copa das Confederações, aumenta a dúvida sobre a preparação desses profissionais para atender os turistas que vierem a BH para assistir a três jogos do evento. A principal justificativa é a falta de tempo para fazer qualquer curso. E, se o domínio de um segundo idioma está praticamente descartado, a preocupação agora é que eles atendam bem aos visitantes. No ano passado, 631 pessoas formalizaram reclamações na BHTrans por comportamento inadequado dos taxistas, número 21,81% maior que o registrado em 2010.

De acordo com a assessora de qualificação profissional da Belotur, Neuma Horta, é uma ilusão achar que qualquer classe terá fluência de outra língua até o ano que vem. “O que queremos é que eles tenham o mínimo de conhecimento, que não entrem em pânico, que eles saibam responder que não têm fluência naquela língua, mas tentem ajudar. Ou tenham um livro de perguntas e respostas por perto, que estabeleçam um mínimo de comunicação e o turista veja que o profissional vai tentar atender às necessidades dele”, afirmou.

Aguinaldo de Paula França tem 35 anos e há 10 atua como taxista em BH. Ele acha importante falar outra língua, mas avalia que cada minuto na rua é fundamental para ter um retorno financeiro. Ele diz que a falta de tempo é a alegação geral entre a categoria. “A maioria prefere gastar o tempo livre com a família, descansando.” Segundo ele, a cooperativa da qual é associado já propôs contratar um professor para dar aulas e disponibilizar uma sala, mas não houve interesse. “Os donos de táxis não querem e os auxiliares preferem ficar na rua para ganhar”, disse. Aguinaldo revela que não é raro a central chamar pelo rádio por alguém que saiba falar inglês. “É muito difícil ter um que saiba. Os que têm essa qualificação vão para o serviço vip.”

Há 30 anos na praça, o taxista Daniel Saraiva, de 50, diz que em outros grandes eventos na capital procurou por cursos de línguas e acha que não valeu a pena. “Os turistas já vêm preparados, com carros alugados, não vêm dependendo de taxista. Vou tentar tratar os turistas da melhor forma, mas não vou procurar curso nenhum. Em apenas um mês todos conseguem se virar.”

Segundo Neuma Horta, o problema relatado pelos taxistas é comum em todo o país. “Temos conversado com as secretarias das outras cidades-sede e vimos que é um dos públicos mais difíceis de atingir. Na visão deles, se saem para se qualificar estão deixando de ganhar dinheiro, não veem como um investimento. O taxista entende que só vai ganhar dinheiro se estiver na rua, não enxerga como uma melhoria para a qualidade do seu trabalho. E é uma cultura que não se muda da noite para o dia, não é fácil sensibilizá-los”, afirma.

De acordo com a assessora, todo motorista que começa a trabalhar na capital tem que passar por um curso obrigatório no Sest/Senat. São 50 horas de aulas sobre como se vestir, atender bem o público, marketing pessoal, informações turísticas da região e também direção defensiva. A reciclagem é feita a cada cinco anos e tem 25 horas no total. Além deste que é exigência da BHTrans, Neuma Horta lembra que os profissionais que queiram melhorar o currículo podem procurar os cursos gratuitos oferecidos em parceria com o Sebrae e Ministério do Turismo. O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Dirceu Efigênio Reis, afirmou que se preocupa com a questão e apoia as ações de aperfeiçoamento ministradas no Sest/Senat e pelo Comitê Executivo Municipal para a Copa’2014.

Repórter da TV Alterosa testou se os belo-horizontinos têm conhecimento do idioma
Veja a reportagem



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