Ainda não há data para a volta da imagem de Nossa Senhora do Rosário – a partir de hoje sob guarda do Iepha – à capela do distrito de Quinta Sumidouro, em Pedro Leopoldo. Segundo o coordenador da Coordenadoria de Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MG), Marcos Paulo de Souza Miranda, a ação para devolução da peça foi ajuizada em 2004, em seguida à identificação da escultura pelos técnicos do Iepha num catálogo do colecionador Renato Whitaker. Depois de comunicação feita pela então presidente do instituto, Vanessa Borges Brasileiro, de que seria um bem da Capela de Nossa Senhora do Rosário, o Ministério Público instaurou o processo investigatório.
“Essa foi uma das ações mais importantes desde que começou há nove anos no estado a grande campanha pela recuperação de peças desaparecidas ou furtadas de igrejas, capelas, museus, prédios públicos e outras instituições”, avalia Marcos Paulo. “Com este trabalho, encerramos um ciclo”, destaca o promotor, lembrando que 694 peças ainda estão sumidas, embora mais de 300 tenham sido localizadas, até mesmo em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, e devolvidas às comunidades.
Em 2004, houve tentativa de resgate da imagem, também em São Paulo, mas não foi bem sucedida. Com a identificação da peça na coleção de Renato de Almeida Whitaker, que havia declarado tê-la comprado alguns antes, a Justiça mineira determinou a busca e apreensão em 29 de março de 2004, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público estadual. Na sequência, o colecionador entrou em contato por telefone com o coordenador da CPPC e prometeu devolvê-la em Belo Horizonte no dia seguinte, mas não cumpriu o acordo. Além disso, ele declarou que se a comunidade de Fidalgo quisesse, ele poderia “emprestar” a peça por ocasião das festas religiosas. Whitaker agora tem 15 dias para recorrer da decisão.
Resgate
A apreensão da imagem é parte da campanha iniciada em 2003. Foi em junho daquele ano que começou a grande mobilização no estado pela recuperação de obras de arte e de peças sacras desaparecidas por décadas. A campanha, deflagrada em Santa Luzia, que reclamava na Justiça a volta de três anjos barrocos postos em leilão no Rio de Janeiro.
A partir daquele momento, a situação mudou, com um despertar forte de toda a comunidade. Minas passou a ter uma política específica para a preservação do acervo histórico, algo inédito no país, contando com a participação de instituições públicas e privadas”, afirma Marcos Paulo. Para ele, outro setor que ganhou força foi o de educação patrimonial, disseminado de forma ampla na capital e no interior e com resultados positivos entre os jovens.
Passados mais de nove anos, o quadro no estado é outro, contando, para isso, o trabalho integrado da secretarias estaduais da Cultura e da Defesa Social, institutos Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) e do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), polícias Federal, Militar e Civil, Ministério Públicos Federal e estadual, Igreja, Associação das Cidades Históricas e outros. Numa iniciativa do MP estadual, foi criado um serviço de inteligência, com banco de dados, para localizar peças sumidas, enquanto a Interpol faz um rastreamento internacional.
Memória
Três anjos recuperados
Outro destaque da campanha de resgate dos bens culturais mineiros foi a luta dos moradores de Santa Luzia para reaver parte do acervo, no caso, os três anjos barrocos que teriam sido vendidos do santuário local, na década de 1950 e iriam a leilão no Rio de Janeiro. O caso foi parar na Justiça, depois que a aposentada Luzia Vieira, moradora de Santa Luzia, viu as fotos das peças, então sob poder de um colecionador, publicadas pelo Estado de Minas. A Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, tendo à frente a vice-presidente Beatriz de Almeida Teixeira, ajuizou ação para recuperar as peças. Na época, por determinação do juiz da 2ª Vara Cível de Santa Luzia, Jair Eduardo Santana, o conjunto foi excluído do leilão e entregue ao Iepha, para ser periciado, a fim de se comprovarem origem e autenticidade. A tarefa, a cargo da equipe da arquiteta Selma Miranda, mostrou que as peças eram mesmo do Santuário de Santa Luzia. Hoje, elas estão sobre o arco-cruzeiro, encantando moradores e visitantes.
Como denunciar
Roubos, furtos ou informações sobre peças
Ministério Público estadual
e-mail: cppc@mp.mg.gov.br e telefone (31) 3250-4620
Iphan
Para obter ou dar informações, basta acessar o www.iphan.gov.br
e verificar o banco de dados de peças desaparecidas. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482, pelo e-mail bcp-emov@iphan.gov.br, ou no próprio banco on-line.
Iepha/MG
www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813
“Essa foi uma das ações mais importantes desde que começou há nove anos no estado a grande campanha pela recuperação de peças desaparecidas ou furtadas de igrejas, capelas, museus, prédios públicos e outras instituições”, avalia Marcos Paulo. “Com este trabalho, encerramos um ciclo”, destaca o promotor, lembrando que 694 peças ainda estão sumidas, embora mais de 300 tenham sido localizadas, até mesmo em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, e devolvidas às comunidades.
Em 2004, houve tentativa de resgate da imagem, também em São Paulo, mas não foi bem sucedida. Com a identificação da peça na coleção de Renato de Almeida Whitaker, que havia declarado tê-la comprado alguns antes, a Justiça mineira determinou a busca e apreensão em 29 de março de 2004, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público estadual. Na sequência, o colecionador entrou em contato por telefone com o coordenador da CPPC e prometeu devolvê-la em Belo Horizonte no dia seguinte, mas não cumpriu o acordo. Além disso, ele declarou que se a comunidade de Fidalgo quisesse, ele poderia “emprestar” a peça por ocasião das festas religiosas. Whitaker agora tem 15 dias para recorrer da decisão.
Resgate
A apreensão da imagem é parte da campanha iniciada em 2003. Foi em junho daquele ano que começou a grande mobilização no estado pela recuperação de obras de arte e de peças sacras desaparecidas por décadas. A campanha, deflagrada em Santa Luzia, que reclamava na Justiça a volta de três anjos barrocos postos em leilão no Rio de Janeiro.
A partir daquele momento, a situação mudou, com um despertar forte de toda a comunidade. Minas passou a ter uma política específica para a preservação do acervo histórico, algo inédito no país, contando com a participação de instituições públicas e privadas”, afirma Marcos Paulo. Para ele, outro setor que ganhou força foi o de educação patrimonial, disseminado de forma ampla na capital e no interior e com resultados positivos entre os jovens.
Passados mais de nove anos, o quadro no estado é outro, contando, para isso, o trabalho integrado da secretarias estaduais da Cultura e da Defesa Social, institutos Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) e do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), polícias Federal, Militar e Civil, Ministério Públicos Federal e estadual, Igreja, Associação das Cidades Históricas e outros. Numa iniciativa do MP estadual, foi criado um serviço de inteligência, com banco de dados, para localizar peças sumidas, enquanto a Interpol faz um rastreamento internacional.
Memória
Três anjos recuperados
Outro destaque da campanha de resgate dos bens culturais mineiros foi a luta dos moradores de Santa Luzia para reaver parte do acervo, no caso, os três anjos barrocos que teriam sido vendidos do santuário local, na década de 1950 e iriam a leilão no Rio de Janeiro. O caso foi parar na Justiça, depois que a aposentada Luzia Vieira, moradora de Santa Luzia, viu as fotos das peças, então sob poder de um colecionador, publicadas pelo Estado de Minas. A Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, tendo à frente a vice-presidente Beatriz de Almeida Teixeira, ajuizou ação para recuperar as peças. Na época, por determinação do juiz da 2ª Vara Cível de Santa Luzia, Jair Eduardo Santana, o conjunto foi excluído do leilão e entregue ao Iepha, para ser periciado, a fim de se comprovarem origem e autenticidade. A tarefa, a cargo da equipe da arquiteta Selma Miranda, mostrou que as peças eram mesmo do Santuário de Santa Luzia. Hoje, elas estão sobre o arco-cruzeiro, encantando moradores e visitantes.
Como denunciar
Roubos, furtos ou informações sobre peças
Ministério Público estadual
e-mail: cppc@mp.mg.gov.br e telefone (31) 3250-4620
Iphan
Para obter ou dar informações, basta acessar o www.iphan.gov.br
e verificar o banco de dados de peças desaparecidas. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482, pelo e-mail bcp-emov@iphan.gov.br, ou no próprio banco on-line.
Iepha/MG
www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813