A primeira grande tempestade da temporada chuvosa 2012/2013 trouxe morte, espalhou inundações, disseminou prejuízos e deixou sem energia várias regiões da capital e de cidades da Grande BH. O temporal ocorreu por volta das 18h30 e em sua fase mais intensa durou cerca de 20 minutos. Foi o suficiente para obrigar os Bombeiros a agir rápido para conseguiram socorrer 14 pessoas que ficaram ilhadas pelo aumento repentino do nível das águas entre os 71 pontos de alagamento registrados na região metropolitana. Ajuda que não chegou a tempo de salvar o motorista de um Peugeot 206 que trafegava pelo Bairro Castelo, na Região da Pampulha.
Gilmar Almeida de Santana, de 48 anos, foi apanhado de surpresa pelo temporal e morreu afogado, tornando-se a 11ª vítima da estação, a primeira na capital. O veículo em que a vítima estava foi tragado pelas águas do Córrego Ressaca, na Avenida Heráclito Mourão de Miranda, altura do número 940. Uma segunda pessoa que estava no veículo ficou ferida.
O resultado da tempestade só não foi mais trágico porque a cidade estava vazia, devido ao feriado. Mesmo assim, por toda a capital houve estragos, panes e situações de perigo.
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) mantém o alerta de chuva para hoje, devido à intensificação de uma área de instabilidade. O volume de precipitação deve passar de 60 milímetros. De acordo com a Comdec, as regiões que registraram maior volume de chuva foram a Oeste (79,8 milímetros), na Centro-Sul (75,8) e Barreiro (69,2). Já o instituto Climatempo registrou rajadas de ventos de até 61 km/h. Houve quedas parciais no fornecimento de energia em vários locais da cidade. De acordo com um balanço parcial da Cemig, as áreas mais afetadas foram as regiões Leste e Pampulha.
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Arrastado, o Ford KA placa HMI 6169 capotou por diversas vezes, até ficar irreconhecível, empilhado sobre outros dois veículos. “Não aguento mais de tanto chorar”, desabafou a fisioterapeuta Gabriela Lima Monteiro, de 31. Ela ainda teve sorte de não estar dentro do carro na hora da enchente. Estava no restaurante, comemorando por antecipação o aniversário com amigos. “Ganhei uma surpresa de presente”, ironizou.
No passeio em frente ao restaurante havia outra pilha de carros, que só apareceu depois que a água baixou. “Começou a chover e eu corri para a varanda, mas já não dava tempo de fazer nada. Vi o meu carro sendo arrastado pela enchente e fiquei aliviado quando parou no poste.
Dono do bar Paulão Beer, na esquina da Francisco Sá com Rua Erê, onde deságua o “rio” formado pelas enxurrada, o comerciante Paulo de Souza Matos, de 50, afirma que esta é a segunda inundação do ano. “Ainda vai haver mais enchente até o Natal. Desde que fecharam o Rio Arrudas, todo ano é assim, porque não há mais vazão das águas lá embaixo”, protesta. Ele reclama que as perdas são incalculáveis e completa dizendo que até agora não houve isenção de IPTU prometida aos comerciantes da região. Na esquina do bar, estava batido um Gol, placa HMI 1325, que ainda não havia sido reconhecido pelo dono, além de um jogo de sofás, arrastado pelas águas. “O jeito vai ser abrir um bar molhado”, brincou ele, desolado, com a marca da água até os joelhos.
No Bairro Cachoeirinha, a Avenida Bernardo de Vasconcelos ficou mais uma vez debaixo d’água, com todos os semáforos desligados e árvores caídas em diversos pontos. Na Rua Nossa Senhora do Brasil, três árvores caíram, atingindo um Palio e impedindo o trânsito. O bairro permaneceu sem luz, sob forte risco de acidentes, mesmo depois do temporal.