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Estado de Minas

Mais uma vez, temporal espalha destruição pela Grande BH

Em 20 minutos, primeiro temporal da estação mata motorista em carro arrastado pela enxurrada e repete cenas de inundação e desespero nos pontos críticos já conhecidos na capital


postado em 16/11/2012 07:06 / atualizado em 16/11/2012 08:38

A Avenida Francisco Sá, no Prado, carros arrastados pela enxurrada ficaram empilhados (foto: THIAGO PHILLIP/ESP. EM)
A Avenida Francisco Sá, no Prado, carros arrastados pela enxurrada ficaram empilhados (foto: THIAGO PHILLIP/ESP. EM)

A primeira grande tempestade da temporada chuvosa 2012/2013 trouxe morte, espalhou inundações, disseminou prejuízos e deixou sem energia várias regiões da capital e de cidades da Grande BH. O temporal ocorreu por volta das 18h30 e em sua fase mais intensa durou cerca de 20 minutos. Foi o suficiente para obrigar os Bombeiros a agir rápido para conseguiram socorrer 14 pessoas que ficaram ilhadas pelo aumento repentino do nível das águas entre os 71 pontos de alagamento registrados na região metropolitana. Ajuda que não chegou a tempo de salvar o motorista de um Peugeot 206 que trafegava pelo Bairro Castelo, na Região da Pampulha.

Confira imagens dos transtornos provocados pela chuva na capital

Gilmar Almeida de Santana, de 48 anos, foi apanhado de surpresa pelo temporal e morreu afogado, tornando-se a 11ª vítima da estação, a primeira na capital. O veículo em que a vítima estava foi tragado pelas águas do Córrego Ressaca, na Avenida Heráclito Mourão de Miranda, altura do número 940. Uma segunda pessoa que estava no veículo ficou ferida.

O resultado da tempestade só não foi mais trágico porque a cidade estava vazia, devido ao feriado. Mesmo assim, por toda a capital houve estragos, panes e situações de perigo. Foram 62 quedas de árvores, seis desabamentos e duas áreas de risco interditadas, segundo o Corpo de Bombeiros. Os alagamentos se repetiram nos pontos críticos da capital, incluindo as avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos, Barão Homem de Melo e Francisco Sá, no Bairro Prado, Região Oeste, que se transformou em rio e onde a força da água empilhou vários carros.

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) mantém o alerta de chuva para hoje, devido à intensificação de uma área de instabilidade. O volume de precipitação deve passar de 60 milímetros. De acordo com a Comdec, as regiões que registraram maior volume de chuva foram a Oeste (79,8 milímetros), na Centro-Sul (75,8) e Barreiro (69,2). Já o instituto Climatempo registrou rajadas de ventos de até 61 km/h. Houve quedas parciais no fornecimento de energia em vários locais da cidade. De acordo com um balanço parcial da Cemig, as áreas mais afetadas foram as regiões Leste e Pampulha.

No Bairro Prado, integrante da região mais castigada da cidade, a Oeste, quem testemunhou a devastação ficou estarrecido diante da força da enxurrada “Em 20 minutos de chuva, surgiu uma onda gigante, que desceu pela avenida (Francisco Sá), arrastando tudo o que tinha pela frente”, contou o comerciante Ismael Coelho, de 48 anos, dono da Padaria Toscana. Junto a meia dúzia de clientes da padaria, surpreendidos pela tempestade, ele assistiu a tudo de dentro do estabelecimento. Eram carros batendo nos postes, sofás boiando e até um freezer de sorvete arrancado pela força da correnteza.

Arrastado, o Ford KA placa HMI 6169 capotou por diversas vezes, até ficar irreconhecível, empilhado sobre outros dois veículos. “Não aguento mais de tanto chorar”, desabafou a fisioterapeuta Gabriela Lima Monteiro, de 31. Ela ainda teve sorte de não estar dentro do carro na hora da enchente. Estava no restaurante, comemorando por antecipação o aniversário com amigos. “Ganhei uma surpresa de presente”, ironizou.

No passeio em frente ao restaurante havia outra pilha de carros, que só apareceu depois que a água baixou. “Começou a chover e eu corri para a varanda, mas já não dava tempo de fazer nada. Vi o meu carro sendo arrastado pela enchente e fiquei aliviado quando parou no poste. Até que chegaram outros dois carros subindo em cima do meu”, contou o publicitário Fábio Debrot, de 37, dono de um Palio ano 2010, que não tem seguro. “Vi a cena toda e mesmo desesperado, não pude fazer nada. Se a água estava levando os carros, imagina o que poderia fazer comigo?”, completou, dizendo que pretende processar a prefeitura.

Veja fotos registradas pelos internautas durante o temporal

Dono do bar Paulão Beer, na esquina da Francisco Sá com Rua Erê, onde deságua o “rio” formado pelas enxurrada, o comerciante Paulo de Souza Matos, de 50, afirma que esta é a segunda inundação do ano. “Ainda vai haver mais enchente até o Natal. Desde que fecharam o Rio Arrudas, todo ano é assim, porque não há mais vazão das águas lá embaixo”, protesta. Ele reclama que as perdas são incalculáveis e completa dizendo que até agora não houve isenção de IPTU prometida aos comerciantes da região. Na esquina do bar, estava batido um Gol, placa HMI 1325, que ainda não havia sido reconhecido pelo dono, além de um jogo de sofás, arrastado pelas águas. “O jeito vai ser abrir um bar molhado”, brincou ele, desolado, com a marca da água até os joelhos.

No Bairro Cachoeirinha, a Avenida Bernardo de Vasconcelos ficou mais uma vez debaixo d’água, com todos os semáforos desligados e árvores caídas em diversos pontos. Na Rua Nossa Senhora do Brasil, três árvores caíram, atingindo um Palio e impedindo o trânsito. O bairro permaneceu sem luz, sob forte risco de acidentes, mesmo depois do temporal.


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