Ainda com as imagens de inundações arrastando casas e barrancos na memória, moradores de áreas de risco das cidades mineiras mais atingidas pelas tempestades da última temporada chuvosa temem que tudo se repita. O medo é fundamentado, sobretudo, pela falta de intervenções significativas em todos esses municípios. “Tivemos uma chuva forte mês passado e os moradores do Bairro Vila Laroca abandonaram as casas às pressas, com medo de que as águas do Rio Limoeiro matassem alguém”, conta Sérgio Pitassi, coordenador da Defesa Civil Municipal (Comdec) de Além Paraíba, cidade do Sul de Minas onde quatro pessoas morreram e 12 casas desmoronaram no último período chuvoso. “Aqui só limpamos as ruas e os bairros. Demos uma retocada, calçando onde foi descalçado. Precisávamos mesmo era de muros de contenção para os barrancos e margens dos rios”, cobra. Apesar de o Ministério da Integração Nacional afirmar que já pagou R$ 26.681.779,96 a cidades mineiras – o que representa 32% do total previsto de empenho, de R$ 83.057.635,14 –, a situação é praticamente a mesma em Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Guidoval, Itabirito e Ouro Preto, os locais mais atingidos pelas chuvas de 2011/2012.
Em Além Paraíba, os rios Paraíba do Sul e Limoeiro ameaçam transbordar em áreas habitadas. Nas partes altas, o problema são muitas encostas que ameaçam desabar, uma delas, a Ladeira Dr.
Prevenção falha
A falta de obras preventivas é o maior problema, na opinião do consultor de mecânica do solo, engenharia geotécnica e professor aposentado de engenharia da UFMG, Euler Magalhães da Rocha. “A única solução para evitar deslizamentos de encostas e inundações é a prevenção. É executar os projetos e as obras de prevenção que evitarão que, no futuro, rios e encostas matem novamente. Não temos a cultura da prevenção, mas R$ 1 investido evita centenas de reais gastos na reconstrução, que é muito mais cara”, critica.
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Para se proteger de desastres da chuva, moradores fazem obras por própria conta e riscoDefesa Civil confirma a 14ª morte por causa da chuva em MinasAdolescente morre atingido por raio em Santos DumontPossibilidade de chuva forte deixa Belo Horizonte em alerta neste domingoEm pelo menos três bairros de BH há obras para tentar evitar desastres durante temporaisNa cidade de Itabirito, na Região Central de Minas, nada de obras de infraestrutura. A Defesa Civil informou que uma limpeza do Rio Itabirito ajudaria a impedir novas inundações, mas isso ainda não foi feito. O órgão afirma ter feito reuniões com moradores de áreas de risco e treinamentos.
Congonhas do Campo, também na Região Central, nem sequer consta na lista de verbas previstas pelo ministério. Algo que a agente de Defesa Civil do município, Roberta Kelly Santos, pode constatar em suas vistorias. “Se chover de novo, vamos enfrentar inundações, gente desalojada e risco de mortes de novo. Nada foi feito aqui. As pessoas continuam nas áreas de risco, principalmente próximo aos rios Maranhão e Santo Antônio”, avisa.
Além das reuniões com moradores de bairros em áreas de risco e da instalação de réguas fluviais para avisar quando o nível dos rios Bananeiras e Ventura Luiz subirem, a Defesa Civil de Conselheiro Lafaiete, a 170 quilômetros de Belo Horizonte, está mais uma vez sujeita às inundações que isolaram a cidade no ano passado, segundo avaliação da Defesa Civil local..