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Estado de Minas

No interior, moradores têm receio de novos desastres causados pela chuva


postado em 08/12/2012 06:00 / atualizado em 08/12/2012 07:07

 

Destruição em rua de Além Paraíba, após temporal em janeiro: poucas medidas de prevenção(foto: bETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 10/1/12)
Destruição em rua de Além Paraíba, após temporal em janeiro: poucas medidas de prevenção (foto: bETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 10/1/12)

Ainda com as imagens de inundações arrastando casas e barrancos na memória, moradores de áreas de risco das cidades mineiras mais atingidas pelas tempestades da última temporada chuvosa temem que tudo se repita. O medo é fundamentado, sobretudo, pela falta de intervenções significativas em todos esses municípios. “Tivemos uma chuva forte mês passado e os moradores do Bairro Vila Laroca abandonaram as casas às pressas, com medo de que as águas do Rio Limoeiro matassem alguém”, conta Sérgio Pitassi, coordenador da Defesa Civil Municipal (Comdec) de Além Paraíba, cidade do Sul de Minas onde quatro pessoas morreram e 12 casas desmoronaram no último período chuvoso. “Aqui só limpamos as ruas e os bairros. Demos uma retocada, calçando onde foi descalçado. Precisávamos mesmo era de muros de contenção para os barrancos e margens dos rios”, cobra. Apesar de o Ministério da Integração Nacional afirmar que já pagou R$ 26.681.779,96 a cidades mineiras – o que representa 32% do total previsto de empenho, de R$ 83.057.635,14 –, a situação é praticamente a mesma em Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Guidoval, Itabirito e Ouro Preto, os locais mais atingidos pelas chuvas de 2011/2012.

Em Além Paraíba, os rios Paraíba do Sul e Limoeiro ameaçam transbordar em áreas habitadas. Nas partes altas, o problema são muitas encostas que ameaçam desabar, uma delas, a Ladeira Dr. Paulo Fonseca, que sustenta o Hospital São Salvador, um dos que mais recebem pacientes mineiros e fluminenses, principalmente vítimas de acidentes na BR-116. “O hospital está em uma área grave de risco e pode ser atingido se houver um desmoronamento”, afirma o coordenador da Defesa Civil local, Sérgio Pitassi. De acordo com o coordenador, outros locais também estão ameaçados, como os bairros Morro São Sebastião, Banqueta, Parada Breves, Morro do Cipó, Terra do Santo e Morro do Boiadeiro. “O ministério prometeu e pagou R$ 450 mil para limparmos as ruas da lama das inundações. A prefeitura ainda precisou completar mais cerca de R$ 300 mil. Mas, depois disso, nada preventivo foi feito. Não se ampliou ou limpou a calha dos rios nem se removeram as 40 famílias que indicamos. Se isso não for feito, voltaremos a ter problemas”, alerta.

Prevenção falha

A falta de obras preventivas é o maior problema, na opinião do consultor de mecânica do solo, engenharia geotécnica e professor aposentado de engenharia da UFMG, Euler Magalhães da Rocha. “A única solução para evitar deslizamentos de encostas e inundações é a prevenção. É executar os projetos e as obras de prevenção que evitarão que, no futuro, rios e encostas matem novamente. Não temos a cultura da prevenção, mas R$ 1 investido evita centenas de reais gastos na reconstrução, que é muito mais cara”, critica.

Em Ouro Preto, Região Central do estado, houve dois óbitos nas chuvas de 2011/2012, mas as ações depois desta última temporada se resumiram a desobstruir a entrada da cidade e a reforma da rodoviária, ambas soterradas pelo desmoronamento de um morro. “O que podemos fazer sem obras efetivas de prevenção é limpar as bocas de lobo e vistoriar áreas de risco. Mobilizamos todas as secretarias para que possamos agir de forma integrada em caso de emergências, com médicos, engenheiros e viaturas”, afirma o secretário de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano, Gabriel Gobbi.

Na cidade de Itabirito, na Região Central de Minas, nada de obras de infraestrutura. A Defesa Civil informou que uma limpeza do Rio Itabirito ajudaria a impedir novas inundações, mas isso ainda não foi feito. O órgão afirma ter feito reuniões com moradores de áreas de risco e treinamentos. O Ministério da Integração Nacional previu R$ 1,8 milhão para reconstrução e apoio às vítimas da cidade, mas até agora apenas R$ 830 mil foram usados. Em Guidoval, na Zona da Mata, onde o Rio Xopotó inundou e matou duas pessoas, deixando a cidade arrasada, também pouco mais que a limpeza do que foi destruído e a reforma de estruturas viárias foram feitas.

Congonhas do Campo, também na Região Central, nem sequer consta na lista de verbas previstas pelo ministério. Algo que a agente de Defesa Civil do município, Roberta Kelly Santos, pode constatar em suas vistorias. “Se chover de novo, vamos enfrentar inundações, gente desalojada e risco de mortes de novo. Nada foi feito aqui. As pessoas continuam nas áreas de risco, principalmente próximo aos rios Maranhão e Santo Antônio”, avisa.

Além das reuniões com moradores de bairros em áreas de risco e da instalação de réguas fluviais para avisar quando o nível dos rios Bananeiras e Ventura Luiz subirem, a Defesa Civil de Conselheiro Lafaiete, a 170 quilômetros de Belo Horizonte, está mais uma vez sujeita às inundações que isolaram a cidade no ano passado, segundo avaliação da Defesa Civil local.


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