“Falta muito pouco para a Cristiano Machado inundar no 1º de Maio sentido Confins”. Chovia há pouco mais de 15 minutos quando Lucas Fonseca emitiu esse alerta no Twitter. E ele estava certo. Pouco depois a BHTrans confirmou a inundação e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) emitiu alerta aos motoristas para evitar trafegar pela região. A via, principal corredor de ligação entre o Centro da capital e a Região Norte, é onde há alguns dos 72 pontos de BH com risco iminente de alagamento e inundação em dias de chuva. E vários outros locais registraram a mesma situação, com pessoas precisando ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros para não serem arrastadas pelas águas.
Ainda na Avenida Antônio Carlos, os bombeiros informaram que havia gente ilhada dentro de uma agência bancária. No Aeroporto da Pampulha, a entrada ficou inundada com carros parcialmente submersos no estacionamento localizado em frente. No Bairro Heliópolis, Região Norte da cidade, a água inundou uma casa, deixando os moradores em risco. Também foi registrado alamento na Atlântida, altura do Bairro Alípio de Melo, Região Noroeste da capital. No Bairro Santa Terezinha, na mesma região, também havia pontos alagados na Avenida Clovis Salgado.
Ao todo, o Corpo de Bombeiros registraram 13 pontos de inundações, oito resgates de pessoas ilhadas em residências ou via pública, sete solicitações de risco de desmoronamentos de muros e imóveis e 11 quedas de árvores em vias públicas. A corporação destacou que ninguém ficou ferido em nenhuma das ocorrências.
Debaixo d'água
Devido a forte chuva, o aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, ficou totalmente alagado. Teve falta de energia elétrica e o telefone também não funcionou durante alguns minutos. Alguns passageiros chegaram a ficar um longo tempo dentro das aeronaves. “Choveu muito em pouco tempo. Em cerca de 30 minutos tudo ficou alagado. A água ficou na nossa canela. Não tinha como trabalhar”, afirmou um funcionário que não quis se identificar.
Segundo o funcionário, também houve alagamentos na pista do aeroporto e nos arredores do terminal.
A situação obrigou o aeroporto a ficar fechado para pousos e decolagens. Três voos foram cancelados e sete aeronaves que tinha, previsão para decolar até as 20h estavam paradas no pátio. Os passageiros ficaram revoltados com a situação. A reportagem do em.com.br tentou contato com a assessoria da Infraero em Belo Horizonte, mas ninguém foi localizado para comentar a situação. Não havia previsão de quando o terminal voltaria a operar normalmente.
No Aeroporto Internacional Tancredo Neves não houve transtornos e registros de atrasos significativos.
Trânsito caótico
Foi exatamente no horário de rush que teve início o temporal, complicando ainda mais o trânsito já saturado da capital mineira. Lentidão no fluxo de veículos era registrada em todos os principais corredores de acesso ao Centro. Os pontos de alagamento deixaram o tráfego retido nas Avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos, Bernardo Vasconcelos, Francisco Sá, Atlântida e Santa Terezinha.
Todos os pontos retidos refletiam em vias próximas.
Alerta em dobro
No fim da tarde, a Comdec já havia emitido alerta para a possibilidade de chuva com intensidade de moderada a forte em Belo Horizonte. No comunicado o órgão informava a previsão de volume de chuva entre 20 a 30 mm. Depois que teve início o temporal, o órgão retificou a informação, esclarecendo que ouve aumento de mais 30 mm na previsão, podendo chegar a 60 mm, o dobro do informado inicialmente.
Passada a chuva, o órgão divulgou a medição do volume de chuva que caiu até as 19h em cada região. Na Norte, o total já havia superado os 60mm, chegando a 65,2mm. A Noroeste foi a segunda com maior volume acumulado (60,2), seguida da Nordeste (57,2), Pampulha (41,4), Leste (32,2), Oeste (20,6), Venda Nova (15,0) e Centro-Sul (12,0).
Desde esse domingo, a aproximação de uma frente fria no estado somado às temperaturas altas e alta umidade deixa o tempo instável principalmente nos municípios das Regiões Centro-Sul e Noroeste mineiro.
Balanço trágico
Desde o início do período chuvoso 2012/2013, em setembro, a chuva já provocou a morte de 13 pessoas em Minas Gerais, seis delas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo uma na capital. Trata-se de Gilmar Almeida de Santana, de 48 anos, que morreu na noite de 15 de novembro quando o carro que dirigia foi arrastado pela enxurrada e caiu dentro de um córrego no Bairro Castelo, Região da Pampulha..