A Polícia Federal divulgou nessa sexta-feira a lista das 50 instituições de todo o país que foram alvo de grupos criminosos que se especializaram em fraudar vestibulares de medicina, cobrando até R$ 80 mil por vaga. Entre elas, sete faculdades estão situadas em Minas Gerais. O esquema foi desmontado na Operação Calouro, deflagrada pela PF na quarta-feira com a prisão de 51 suspeitos, nove dos quais em Minas e os demais em Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Tocantins, Espírito Santo e Distrito Federal.

As quadrilhas vendiam vagas e usavam dois métodos para fraudar os exames. No mais simples, um integrante da organização criminosa, o piloto-dublê, falsificava documentos e fazia a prova no lugar do verdadeiro candidato. Normalmente, o piloto-dublê era um aluno de medicina com nível elevado de conhecimento. A outra modalidade recorria ao uso do ponto eletrônico: um integrante da quadrilha, chamado piloto-gabarito, fazia a prova rapidamente e saia da sala. De posse do gabarito, conferia o resultado e passava as informações por meio de uma escuta eletrônica ou por celular para o candidato.

Um integrante da quadrilha, o estudante de medicina Elzo de Souza Barbosa, de 27 anos, foi preso em Montes Claros e com ele foi encontrada uma grande quantidade de equipamentos usados para driblar a vigilância dos vestibulares. O delegado Eduardo Maurício Araújo, que comandou as investigações na cidade, disse que os envolvidos serão iniciados e quanto aos alunos que recorreram a quadrilha para ingressar no cursos de medicina competirá às instituições de ensino adotar providências contra eles.

As entidades de Minas que, segundo a PF, foram vítimas no esquema fraudulento são: Centro Universitário de Caratinga (Unec), Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), de Vespasiano; Faculdade de Minas – BH (Faminas); Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas Betim); Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte), de Montes Claros; e Centro Universitário Patos de Minas (Unipam).

Explicações

Em nota, a vice-reitora e presidente da comissão do vestibular da PUC Minas, Patrícia Bernardes, informou que os processos seletivos para o ingresso nos cursos da instituição são realizados dentro dos mais rigorosos protocolos e procedimentos de segurança, lisura e correção. Salientou que aguarda desdobramentos da investigação da Policia Federal, “entendendo que o combate a práticas dessa natureza é imprescindível para a proteção da educação, em especial, da sociedade como um todo”.

O reitor da Unec, Antônio Fonseca, por intermédio de sua assessoria, infromou que aguarda a notificação da Policia Federal e, assim que for comprovado algum tipo de fraude, vai promover a exclusão de alunos envolvidos e abrir a vagas para o candidato da lista de espera. A Funorte, a Faseh e Unipam informaram que vão aguardar notificação da PF para adotar as providências cabíveis. A Unipac informou que ainda aguarda orientação de sua assessoria juridica. A Faminas não respondeu a pedido de informações..