Jornal Estado de Minas

Campos de terra em BH tem lugar até para aviões

Dois campinhos de terra fazem a festa das crianças e dos barbados no fim da tarde. No menor deles, próximo ao ponto final do ônibus, Junim, Tchuco, Matheus, Lucas, Arthur, Breno, Ítalo e Vaguinho fazem a poeira subir e goleiam as traves empenadas dos dois lados. Mais abaixo, no maior descampado às margens do Parque Estadual Serra Verde, cerca de 40 sujeitos, homens feitos, se revezam em campo e na “geral”. “Vamos jogar bola, gente, porque os olheiros do Estado de Minas estão aí! Vamos lá, gente!”, grita o rapaz na “de fora”. Garotos bons de bola não faltam ali. Pernas de pau também não. É gol e furada para todos os lados. “Cê é ruim demais, fi!”, critica o moleque com aquele cabelo estilo Neymar.

Enquanto a bola corre solta em campo, Regis Rocha, de 59, se prepara para praticar seu hobby: fazer voar seus aviões em Nova York.

Ao menos três vezes por semana, o comerciante reúne alguns de seus aeromodelos para praticar ao cair do sol. Apresenta um a um, seus planadores e motorizados. “O alcance do radio-controle é de 1,5 quilômetro”, explica. Ataque terrorista ali apenas o das águias, que partem para cima dos planadores, que têm a forma de pássaro. “Este é um local muito privilegiado. Aeromodelistas rodam muito para encontrar um lugar como esse”, diz.

Na falta do vento apropriado, Regis guarda o planador de 180 gramas e 90cm de envergadura. Decide decolar o Zagi Horten, modelo feito por ele inspirado na Segunda Grande Guerra.
Controle na mão, o avião de mais de metro, turbinado, levanta voo e chama a atenção dos garotos do campo. O aeromodelo preto e estrelado rouba a cena nos céus do “Central Park”, enquanto Regis, no controle, exibe o sorriso infantil, quase moleque, com a brincadeira. Na rua, outro ambulante anuncia: “Pamonha! Pamonha fresquinha!”..