Jornal Estado de Minas

Falha geológica é causa de tremores de terra em Montes Claros

Existe uma falha geológica em Montes Claros (Norte de Minas), que é apontada como a responsável pelos tremores de terra registrados na cidade. Ela tem cerca de 3 quilômetros de extensão e está situada a uma profundidade de um e meio a dois quilômetros. Por conta da “fenda” no subsolo, a terra deverá continuar a tremer. Mas, não há motivo de pânico para a população, pois, devem ocorrer abalos de pequena intensidade. Por outro lado, a estrutura das construções devem ser reforçadas.

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As informações foram divulgadas, esta segunda-feira, pelos professores Marcelo Assumpção, do departamento de Geofísica da Universidade de São Paulo (USP); e George Sand de França, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), que apresentaram os resultados dos estudos sobre os fenômenos sísmicos ocorridos no município.

Solicitados pela Prefeitura local e pela Defesa Civil Estadual, os estudos da UNB e da USP foram iniciados em maio deste ano, diante da freqüência de tremores de terra em Montes Claros, sendo que o abalo de maior intensidade, de 4.5 graus na escala Richter, aconteceu em 19 de maio passado, quando foram atingidas 60 casas. Seis delas foram condenadas e duas foram interditadas, com as famílias desabrigadas.

Foram instaladas nove estações sismográficas em diferentes pontos de Montes Claros para o mapeamento dos tremores e identificação das suas possíveis causas. Desde maio, os aparelhos registraram a ocorrência de 174 “eventos” no municípios, dos quais a metade “fenômenos naturais” (tremores) e outra metade detonações realizadas por pedreiras, que, de acordo com os especialistas não têm grandes impactos, ao ponto de fazer a terra tremer. Como referência para a análise no levantamento foram considerados 33 “abalos naturais” e 27 detonações.

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O professor Marcelo Assumpção disse que foi localizada uma “falha geológica” no município, cuja extensão, de três quilômetros, vai da Vila Atlântica até a Serra do Mel (também conhecida como Serra da Sapucaia). Na mesma região, foram identificados os epicentros dos tremores registrados no município. “Os tremores estão relacionados com a fratura geológica, mas devem ser ressaltado que se trata de uma fratura pequena, que também ocorrem em outras partes do Brasil”, observou o geofísico da USP.

Assumpção salientou que os sismos devem continuar a ocorrer na região. Porém, isso não deve criar nenhum tipo de apreensão entre os moradores. “As chances de ter um terremoto de maior intensidade - de até 5.0 graus na Escala Richter - existem, mas são muito pequenas. Mesmo que venha acontecer um abalo com maior intensidiade, as construções bem feitas não serão afetada. Elas poderão ter trincas nas paredes, sem que isso implique em algum risco de desabamento”, assegurou o especialista.

A região mais atingida pelos abalos em Montes Claros é a Vila Atlântica, onde moram famílias de baixa renda. O professor Marcelo Assumpção disse que, mesmo com os estudos apontando a existência da falha geológica na região da Vila Atlântica, não será necessária a remoção de famílias da região. “Ninguém deve abandonar suas casas por causa da falha geológica. No entanto, é preciso reforçar a estrutura de suas casas. As pessoas devem tomar alguns cuidados. Por exemplo, devem verificar sempre se as telhas estão firmes, ao ponto de resistir pequenos tremores. Além disso, deve-se evitar colocar coisas pesadas em cima de armários, a fim de prevenir riscos de acidentes”, recomendou.

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O professor George Sand de França, do Observatório Sismológico da UNB, disse que os moradores devem se acostumar com os abalos. “A primeira coisa que as pessoas devem ter é calma. Na hora do tremor, devem sair rápido de casa ou então se protegerem debaixo de uma mesa”, disse França.

Ele lembrou que os dados do Observatório da UnB mostram que Montes Claros tem registros de sismos desde 1978, com a freqüência dos tremores aumentando em determinada épocas e depois reduzindo. Os fenômenos se repetiram mais nos anos de 1996, 1999, 2000, 2008, 2010, 2011 e 2012. Porém, a maioria deles é intensidade muita pequena. Segundo o professor Marcelo Assumpção, de 1995 até hoje, foram registrados na cidade pouco mais de 20 tremores acima 2.0 na escala Richter.