A cegonha está chegando mais tarde aos lares das mineiras. Ao contrário do passado, quando a gestação era mais frequente nas faixas etárias mais jovens, as mulheres, inclusive as adolescentes, têm postergado o momento de dar à luz. Prova disso é que o percentual de grávidas na faixa etária entre 15 e 19 anos caiu de 17,7%, em 2003, para 15,7%, no ano passado. Os números de Minas são mais baixos do que a atual média nacional, de 17,7%. A redução foi mantida no intervalo etário seguinte, de 20 a 24 anos. Enquanto, em 2003, 30,4% dessas mulheres estavam grávidas, o número caiu para 25,6%, no ano passado. Os dados fazem parte do levantamento Estatísticas do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgado ontem.
Para entender a mudança na distribuição de idades quando o assunto é gravidez, basta dar uma olhada no quadro de pessoal das empresas, nas listas de presença em universidades e nos lares mineiros. As mulheres estão cada vez mais ativas no mercado de trabalho, buscam autonomia e consolidação de carreira.
“Esse adiamento mostra as novas relações de trabalho da mulher, que busca se consolidar no mercado de trabalho, além do aumento da escolaridade delas”, explica a coordenadora estadual do Setor de Disseminação da Informação do IBGE, Luciene Longo. Os anos a mais de estudo interferem ainda, segundo a demógrafa, no maior esclarecimento em relação aos métodos de contracepção. A abertura nas famílias para discutir a sexualidade e as formas de prevenir a gravidez precoce também são fatores levados em consideração por Luciene. Foram esses elementos que levaram a relações-públicas Daniele Gonçalves, de 30 anos, a programar a gravidez para um momento mais tranquilo da vida, do ponto de vista profissional e financeiro. “Desde a adolescência recebi orientação de minha mãe sobre os riscos de uma gravidez precoce.
No país
Os números do IBGE colocam Minas em terceiro lugar no país e na segunda posição no Sudeste com menor índice de gestações entre adolescentes. As mineiras perdem apenas para as mulheres do Distrito Federal, onde a taxa é de 12,8%, São Paulo (14,1%) e Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em terceiro, com 15,2%. A demógrafa destaca ainda que a gravidez tardia é uma tendência e que em pouco tempo o número de mulheres grávidas na faixa etária de 25 a 29 anos vai ultrapassar o total de gestantes com idades entre 20 e 24 anos. Em 2011, a taxa de 25% foi o mesmo nos dois grupos.
Mortalidade neonatal
Segundo o IBGE, a mortalidade neonatal em Minas aumentou por causas congênitas (não evitáveis). Enquanto em 2003 as mortes de recém-nascidos de 6 dias representavam 53,3% do total de óbitos de crianças com até um ano de vida, a taxa subiu para 55,5% em 2011, acima da média nacional, de 51,8%. Com o índice, Minas ocupa o terceiro lugar no país, atrás da recordista Bahia (56,3%) e de Mato Grosso do Sul (56,2%), mas no Sudeste fica com o primeiro lugar..