Jornal Estado de Minas

Montes Claros registra três tremores de terra durante a madrugada



A terra voltou a tremer em Montes Claros, no Norte de Minas. Durante a madrugada desta quarta-feira, foram sentidos três tremores. O mais forte deles foi às 2h58, seguido de dois outros tremores às 3h30 e 3h35. O Observatório Sismológico de Brasília ainda não informou a intensidade.

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Segundo moradores, os abalos foram muito fortes no Bairro Jardim Brasil, devido ao primeiro tremor, foi derrubada a varanda de uma casa. Os abalos aconteceram exatamente dois dias após a cidade ter recebido a visita de dois especialistas do Observatório Sismológico de Brasília e da Universidade de São Paulo (USP), George Sand de França e Marcelo Assumpção, que apresentaram estudos sobre as causas dos abalos.

Em entrevista concedida ao EM pela manhã, o professor George Sand de França, do Observatório Sismológico da UNB disse que nesse momento “o mais importante é as pessoas manterem a calma”. Segundo ele, os moradores devem verificar se as estruturas de suas casas estão seguras, se existe algum objeto em cima de algum armário que possa cair, e verificar também as condições dos telhados.

De acordo com o especialista, não é possível prever se vão acontecer novos abalos, no entanto, assegurou que as chances são menores. “Não podemos descartar a possibilidade, mas a chance de ocorreu um tremor de maior intensidade é muito pequena”, explica. Em relação aos tremores ocorridos nesta madrugada, os especialistas do observatório ainda analisam os dados para verificar a magnitude dos abalos mas, a princípio, segundo o professor George Sand, apesar de muito susto, pelo que foi verificado, o tremor mais forte não foi superior ao registrado em 19 de maio.

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Causas
Conforme levantamentos, a principal causa dos abalos sísmicos é uma falha geológica situada entre o Bairro Vila Atlântica e a Serra do Mel. Os especialistas explicaram que a falha geológica está situada entre 1,5 a 2 quilômetros de profundidade e tem três quilômetros de extensão, partindo no sentido da Vila Atlântica em direção a Serra do Mel (terminando num local onde não existem habitações), portanto, não passa em área situada debaixo de outros bairros.

Solicitados pela Prefeitura local e pela Defesa Civil Estadual, os estudos da UNB e da USP foram iniciados em maio deste ano, diante da freqüência de tremores de terra em Montes Claros, sendo que o abalo de maior intensidade, de 4.5 graus na escala Richter, aconteceu em 19 de maio passado, quando foram atingidas 60 casas. Seis delas foram condenadas e duas foram interditadas, com as famílias desabrigadas.

Foram instaladas nove estações sismográficas em diferentes pontos de Montes Claros para o mapeamento dos tremores e identificação das suas possíveis causas. Desde maio, os aparelhos registraram a ocorrência de 174 “eventos” no municípios, dos quais a metade “fenômenos naturais” (tremores) e outra metade detonações realizadas por pedreiras, que, de acordo com os especialistas não têm grandes impactos, ao ponto de fazer a terra tremer. Como referência para a análise no levantamento foram considerados 33 “abalos naturais” e 27 detonações.

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O professor França, do Observatório Sismológico da UNB, disse que os moradores devem se acostumar com os abalos. “A primeira coisa que as pessoas devem ter é calma. Na hora do tremor, devem sair rápido de casa ou então se protegerem debaixo de uma mesa”, disse França.

Ele lembrou que os dados do Observatório da UnB mostram que Montes Claros tem registros de sismos desde 1978, com a freqüência dos tremores aumentando em determinada épocas e depois reduzindo. Os fenômenos se repetiram mais nos anos de 1996, 1999, 2000, 2008, 2010, 2011 e 2012. Porém, a maioria deles é intensidade muita pequena. Segundo o professor Marcelo Assumpção, de 1995 até hoje, foram registrados na cidade pouco mais de 20 tremores acima 2.0 na escala Richter.