O observatório sismológico da Universidade de Brasília (UNB) acaba de confirmar a intensidade dos tremores registrados em Montes Claros na madrugada desta quarta-feira. Segundo o professor Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório Sismológico da UNB, o primeiro tremor foi registrado pelo equipamento às 2h56 e teve a intensidade de 3.6 graus na escala Richter, o mais forte da madrugada mas considerado pequeno segundo a escala. O segundo tremor, foi registrado às 3h32 e teve intensidade de 3.5. Os moradores sentiram outro tremor por volta das 4h, mas ainda não houve a confirmação deste pelos equipamentos da UNB.
Segundo moradores, os abalos foram muito fortes no Bairro Jardim Brasil, devido ao primeiro tremor, foi derrubada a varanda de uma casa. De acordo com a Defesa Civil, grande parte da cidade ficou sem energia elétrica e comunicação durante alguns minutos após o primeiro tremor. No fim da manhã, o Corpo de Bombeiros de Montes Claros informou que recebeu 500 ligações via 193 de moradores assustados com os abalos. Não houve registro de feridos. Até o momento, foram registradas 15 ocorrências de vistorias em residências e outras edificações com suspeita de dano. Os militares ressaltaram que a situação está controlada e que vão continuar os trabalhos de monitoramento e fiscalização das áreas atingidas ao longo do dia.
Os abalos aconteceram exatamente dois dias após a cidade ter recebido a visita de dois especialistas do Observatório Sismológico de Brasília e da Universidade de São Paulo (USP), George Sand de França e Marcelo Assumpção, que apresentaram estudos sobre as causas dos abalos.
Em entrevista concedida ao EM nesta manhã, o professor George Sand de França, do Observatório Sismológico da UNB disse que nesse momento “o mais importante é as pessoas manterem a calma”. Segundo ele, os moradores devem verificar se as estruturas de suas casas estão seguras, se existe algum objeto em cima de algum armário que possa cair, e verificar também as condições dos telhados.
De acordo com o especialista, não é possível prever se vão acontecer novos abalos, no entanto, assegurou que as chances são menores. “Não podemos descartar a possibilidade, mas a chance de ocorreu um tremor de maior intensidade é muito pequena”, explica.
Causas
Conforme levantamentos, a principal causa dos abalos sísmicos é uma falha geológica situada entre o Bairro Vila Atlântica e a Serra do Mel. Os especialistas explicaram que a falha geológica está situada entre 1,5 a 2 quilômetros de profundidade e tem três quilômetros de extensão, partindo no sentido da Vila Atlântica em direção a Serra do Mel (terminando num local onde não existem habitações), portanto, não passa em área situada debaixo de outros bairros.
Solicitados pela Prefeitura local e pela Defesa Civil Estadual, os estudos da UNB e da USP foram iniciados em maio deste ano, diante da freqüência de tremores de terra em Montes Claros, sendo que o abalo de maior intensidade, de 4.5 graus na escala Richter, aconteceu em 19 de maio passado, quando foram atingidas 60 casas. Seis delas foram condenadas e duas foram interditadas, com as famílias desabrigadas.
Foram instaladas nove estações sismográficas em diferentes pontos de Montes Claros para o mapeamento dos tremores e identificação das suas possíveis causas. Desde maio, os aparelhos registraram a ocorrência de 174 “eventos” no municípios, dos quais a metade “fenômenos naturais” (tremores) e outra metade detonações realizadas por pedreiras, que, de acordo com os especialistas não têm grandes impactos, ao ponto de fazer a terra tremer. Como referência para a análise no levantamento foram considerados 33 “abalos naturais” e 27 detonações.
O professor França, do Observatório Sismológico da UNB, disse que os moradores devem se acostumar com os abalos. “A primeira coisa que as pessoas devem ter é calma. Na hora do tremor, devem sair rápido de casa ou então se protegerem debaixo de uma mesa”, disse França.
Ele lembrou que os dados do Observatório da UnB mostram que Montes Claros tem registros de sismos desde 1978, com a freqüência dos tremores aumentando em determinada épocas e depois reduzindo. Os fenômenos se repetiram mais nos anos de 1996, 1999, 2000, 2008, 2010, 2011 e 2012. Porém, a maioria deles é intensidade muita pequena. Segundo o professor Marcelo Assumpção, de 1995 até hoje, foram registrados na cidade pouco mais de 20 tremores acima 2.0 na escala Richter.