O Natal não vem dentro de caixas, não está contido no pedaço de papel do sorteio do amigo-oculto, tampouco nas mesas fartas nem mesmo nos pedidos atendidos pelo Papai Noel. O verdadeiro significado da data, que será comemorada amanhã pela maior parte das pessoas no mundo, está mais perto do que se imagina, na casa de um vizinho, no depoimento da colega de trabalho ou do curso de inglês. Cada um já ouviu verdadeiros milagres do cotidiano, que começam mais ou menos como a história daquele casal que fugiu das ameaças de Herodes montado em um jumentinho. A mulher estava grávida e no céu havia uma estrela que brilhava mais que as outras... O Estado de Minas selecionou três pequenas histórias de pessoas comuns que de alguma forma se superaram em 2012. Para elas, o Natal vai ser diferente e terá um real significado este ano.
Em Brasília, a chegada do Natal fez surgir uma verdadeira família em torno do menino Miguel. Com apenas cinco meses, o bebê está fazendo pequenos milagres no cotidiano da mãe. A funcionária pública Gabriela Veloso Costa é portadora de distrofia muscular, doença de origem genética que reduz a mobilidade dos músculos pouco a pouco. Depois do nascimento de Miguel, Gabriela redescobriu a beleza das luzes natalinas, que fazem os olhos do filho piscarem de felicidade. O dia em que Miguel nasceu foi o mais feliz da vida de Gabriela. “Estava em transe”, revela a mãe, para quem a cesariana foi, de longe, a mais simples das cinco cirurgias que já enfrentou nos 37 anos de vida.
Antes de tomar a decisão de engravidar, Gabriela e o marido consultaram médicos geneticistas e foram informados que a distrofia muscular não seria transmitida aos filhos. Durante a gestação, Gabriela conversou com outras duas portadoras que já haviam se tornado mães no Brasil, trocando ideias sobre a independência dos filhos. “Elas me disseram que, com o passar do tempo, eles próprios ajudam as mães a fazer as coisas. Se precisam vestir a calça, por exemplo, sobem na cama para que a mamãe possa acabar de subir o cós”, conta ela.
Outra descoberta de Gabriela é o fascínio que a cadeira de rodas exerce nas crianças, especialmente nos meninos. “Sinto que vou fazer sucesso com Miguel. Se eu soubesse como era bom, tinha tido meus filhos antes. Você acredita que entrei ontem no banco e um rapazinho, que devia ter seus 2 ou 3 anos, começou a me encarar? De repente, ele olhou bem para as rodas pequenas, depois para as grandes e soltou um vruuuum bem alto dentro da agência. Deve ter achado o máximo o meu carrão”, brinca ela, que já se prepara para comprar uma cadeira com maior potência para conseguir correr atrás do filho que vai crescer. Os dois vão crescer juntos.