Uma cena de abuso e perigo no trânsito foi flagrada pela reportagem do Em.com.br na manhã desta segunda-feira, em uma das avenidas mais movimentadas de Belo Horizonte. Arriscando a própria vida, dois jovens desceram a Avenida Nossa Senhora do Carmo, sentido Savassi, Região Centro-Sul da capital, dependurados na porta central de um coletivo da linha 2004 (Bandeirantes/Pilar via Olhos D´Água).
Para não pagar passagem, os dois rapazes ficaram agarrados no coletivo pelo menos no trecho entre as avenidas Uruguai, no Bairro Sion, e Contorno. O consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto alerta para os riscos que pessoa enfrenta ao pegar "carona" em coletivos. Segundo ele, os rapazes flagrados pela reportagem estão sujeitos a acidentes que podem ser fatais. "A pessoa pode cair se o ônibus fizer uma curva ou uma manobra brusca para desviar de um obstáculo. A pessoa ainda pode ser atropelada pelo carro que está atrás do ônibus", ressalta.
A especialista em segurança de trânsito Rosana Antunes também alerta para a atitude do jovem. Segundo ela, os motoristas de ônibus e caminhões têm responsabilidade por veículos menores e pedestres, mas nesse caso os rapazes apresentam um comportamento de risco e aumenta a vulnerabilidade para acidente. O mesmo pensa o coordenador de Operações Policiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), delegado Ramon Sandoli. “Quem faz isso coloca a vida em risco”, afirma.
Código de trânsito
De acordo com Sandoli, o motorista do ônibus deve parar, porque ele não pode transportar ninguém do lado de fora do veículo, no compartimento de cargas, no teto, no para-choque, conforme rege o Código Brasileiro de Trânsito (CTB). O artigo 235 prevê infração grave, multa e retenção do veículo para transbordo ao motorista que “conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados”.
“O certo é parar o veículo e o motorista não precisa confrontar os infratores, porque pode ser agredido por eles. Ele para o ônibus e não arranca enquanto eles não descerem. Os outros passageiros provavelmente vão reclamar dos infratores e exigir que eles saiam”, afirma o Sandoli.
Segundo o delegado, a continuidade da viagem com os “caroneiros” pode ser um problema para o condutor. “Se o motorista seguir viagem e um acidente acontecer, ele terá que assumir culposamente o acidente, que pode resultar em uma lesão e até na morte do infrator que viaja pendurado.”