Mateus Parreiras
O feriado prolongado de Natal terminou na madrugada de ontem como o mais violento do ano nas estradas mineiras, superando em 18,2% as mortes do recesso de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro. Foram 65 mortos e 750 feridos em 921 acidentes, de acordo com balanço apresentado ontem pelas polícias rodoviárias Federal (PRF) e o Departamento de Meio Ambiente e Trânsito (Dmat) da Polícia Militar. A média foi de 13 mortes por dia.
O feriado prolongado de 12 de outubro vem em seguida, com 55 mortos e 594 feridos (-26,3%) em 826 acidentes (-11,5%). O carnaval tinha a marca de época com mais pessoas feridas entre os nove grandes recessos de 2012, chegando a 738 (-1,6%). As rodovias estaduais superaram as federais em nove mortes: 37 contra 28. As duas corporações destacaram a imprudência e o grande volume de veículos, circulando por cinco dias consecutivos, como as principais causas de batidas e atropelamentos.
Os três acidentes mais graves mataram nove pessoas, sendo três em cada ocorrência. O primeiro foi na saída para o feriado, sexta-feira. Um carro invadiu a pista contrária da BR-491, altura de Liberdade, no Sul de Minas, e atingiu de frente uma carreta, matando três jovens. O outro ocorreu no dia seguinte, sábado, na BR-116, próximo a Dom Cavati, no Vale do Rio Doce: um carro bateu de frente em um caminhão. No domingo, outro carro bateu em caminhão na BR-369, em Oliveira, Região Centro-Oeste.
Nem o endurecimento da Lei Seca, que agora prevê multa de R$ 1.915 até para quem se recusa a soprar o bafômetro, foi suficiente para inibir embriaguez ao volante. Ao todo, as duas polícias prenderam 67 pessoas por conduzir veículos com concentração igual ou maior do que 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. A PRF informou que outras 51 pessoas foram multadas e sofreram punições administrativas por terem sido flagradas com 0,14 miligramas de álcool por litro de ar espirado. A PM não fez distinção entre as ocorrências da Lei Seca e outros crimes de trânsito, como dirigir sem habilitação ou em veículo de categoria diferente. Esses registros chegaram a 20.
Entre as rodovias privatizadas mineiras a BR-381 (Fernão Dias) foi a que registrou mais mortes neste Natal. Em seus 562 quilômetros, entre Belo Horizonte e São Paulo, foram seis mortes e 71 feridos em 221 acidentes, além de outros 4.862 atendimentos, segundo a Autopista Fernão Dias, que administra o trecho. A BR-040, entre Juiz de For a e Rio, teve metade das mortes e 27 feridos em 68 ocorrências. Foram 781 atendimentos mecânicos, com 267 remoções por reboques e 74 atendimentos médicos. O movimento chegou a 304,3 mil veículos entre sexta e a terça-feira, segundo a concessionária Concer. A estimativa para o Ano Novo é de um fluxo de 252 mil veículos entre os dias 28 e 1º de janeiro.
De acordo com o tenente Geraldo Donizete, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), corporação “não foi pega de surpresa” pelo alto número de mortes nas estradas sob sua responsabilidade. “Fizemos operações, testes com bafômetro, tudo o que estava ao nosso alcance. O problema é que foram muitos dias e muita gente aproveitou para sair de férias. Só na saída para Vitória foram 36 horas de congestionamento.” O policial diz que a expectativa é de que a volta do réveillon seja também intensa. A PM usou 3,5 mil militares para alertar motoristas. Foram lavrados 2,5 mil autos de infração e ocorrências, 43,9 mil veículos fiscalizados, 98 apreendidos e 441 motoristas inabilitados autuados.
INTERNAÇÕES
Os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com 17,3 mil pessoas internadas por causa de acidentes de trânsito em Minas em 2011 chegou a R$ 31,5 milhões, segundo o Ministério da Saúde. O volume é o mesmo gasto pelo governo de Minas com as obras do Bulevar Arrudas. Em todo o país foram R$ 200 milhões em 155 mil internações. Em 2010, 42,8 mil pessoas perderam a vida nas ruas e estradas de todo o país. Em Minas, foram 4,1 mil mortes por acidentes de trânsito no mesmo ano. Esse impacto no sistema de saúde é um dos motivos que levaram o ministério a investir no programa preventivo Vida no Trânsito. Para 2013, estão está previsto investimento de R$ 500 mil em BH. “Apoiamos todas as medidas para evitar acidentes e salvar vidas”, defende o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. No total, já foram liberados R$ 27,7 milhões para gastos com o projeto.