Paula Sarapu
Foguetes podem ter provocado o incêndio que atinge a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro da Pedreira, no município de Santana do Riacho, região próxima ao Parque Nacional da Serra do Cipó. Desde a noite de segunda-feira, bombeiros do quartel de Vespasiano e voluntários tentam controlar as chamas, a cerca de um quilômetro da Cachoeira Véu da Noiva. Segundo os bombeiros, um helicóptero da corporação sobrevoou a área atingida, numa extensão inicial de 2,6 hectares. À tarde, um caminhão com bomba de lançamento foi usado para jogar água no rescaldo do fogo, do alto da rodovia MG-010.
De acordo com o diretor e coordenador do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio), Henri Dubois Collet, os foguetes foram lançados do mirante, na subida da Serra do Cipó, por volta das 23h do dia 31 de dezembro. Ao atingir a mata, o fogo se alastrou e o grupo que esperava a chegada do ano novo acabou fugindo. “Não sabemos se foram turistas ou moradores da região. É sempre muito difícil identificar”, disse Henri, do órgão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
As chamas puderam ser vistas da altura do quilômetro 99 da rodovia. Henri explica que a mata do Morro da Pedreira integra uma “zona de amortecimento” do parque, dentro de uma faixa de três quilômetros. “O fogo ficou contido entre a estrada e o morro e não chegou ao parque. O trabalho ontem foi de rescaldo e os bombeiros continuam no local, impedindo que novos focos possam surgir”, afirmou.
Histórico O Parque Nacional da Serra do Cipó teve dois registros de incêndio em outubro, um deles considerado o maior da história. A mata queimou por quase seis dias, em meados daquele mês, atingindo mais de cinco mil hectares do parque – o equivalente a um sexto da área da Serra do Cipó. A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso, mas o tempo seco, o calor e os ventos contribuíram para o aumento das chamas. À época, a visitação chegou a ser suspensa.
O fogo atingiu zonas que desde 2003 não eram incendiadas, como o Vale do Ribeirão Mascates, área preferida dos turistas. A Cachoeira da Farofa, uma das atrações mais procuradas, teve as matas ciliares queimadas e o ponto mais difícil de combate às chamas foi a encosta da Serra da Bandeirinha, local alto e de acesso complicado. Os prejuízos para a fauna e a flora foram incalculáveis e voluntários acharam muitos animais, como pacas e capivaras, cobras e aves, carbonizados.