Valquiria Lopes
Situação de alerta em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. O município de 38 mil habitantes registra série de casos de dengue e enfrenta dificuldades para lidar com o quadro. A situação crítica foi descrita pela secretária-executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Jequitinhonha, Zuzu Loretto. Segundo ela, 60 pessoas, em média, buscam atendimento diariamente no hospital da cidade com sintomas da doença.
No ano passado, Araçuaí teve três casos e uma morte em decorrência de dengue hemorrágica – forma mais grave da enfermidade. A situação exigiu a implantação de medidas específicas. Uma delas foi a criação de uma força-tarefa para atendimento aos pacientes com suspeita da doença, além da formação de um grupo de agentes para vistoriar casas e identificar focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Zuzu Loretto conta que, em dezembro, a Secretaria de Estado de Saúde enviou dois carros para fazer fumacê nas ruas da cidade e organizou o grupo com 26 homens responsáveis pela visitação às residências. O trabalho, no entanto, fica prejudicado pela falta de coleta de lixo, já que, segundo a secretária, os serviços de limpeza não estavam ocorrendo de forma adequada nos últimos meses. A situação denunciada por Zuzu é resultado, segundo ela, da falta de trabalho preventivo ao longo do ano.
MONTES CLAROS A doença pode ter provocado uma morte em Montes Claros, no Norte de Minas. Uma menina de 11 anos morreu com suspeita de dengue hemorrágica no último domingo. Ketlyn Ferreira Santos passou mal na semana anterior com sintomas da doença e foi levada para o hospital. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) foi procurada para comentar a situação dos municípios em relação à dengue, mas ninguém atendeu as ligações. O prefeito de Araçuaí também não foi localizado.
O resultado do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa) de outubro mostrou que dos 74 municípios analisados em Minas, 23 estavam em alerta para a infestação de dengue (Liraa entre 1 e 3,9); 50 com quadro satisfatório (menor que 1) e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, com risco de surto (taxa maior que 3,9). O Liraa nesta cidade foi de 4,8. A pesquisa foi feita em 1.239 municípios do país. Na capital, o estudo mostrou dados satisfatórios e apontou um índice de infestação de 0,5%. O dado mostra que a cada 200 imóveis vistoriados, um apresentou focos do mosquito da dengue. De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de infestação larvária recomendado para evitar epidemia é de até 1%.
O último Liraa, feito em outubro desse ano, teve um resultado de 3,1% de infestação – no mesmo período do ano passado, outubro, o índice era de 0,9%. O LIRAa é uma pesquisa de verificação domiciliar por amostragem que revela o índice de infestação pela larva do mosquito e permite aos municípios acompanhar de forma rápida a infestação, além de auxiliar na rápida tomada de decisões dos gestores para o controle da doença.
SITUAÇÃO CRÍTICA