Os comerciantes da Avenida Paraná estão recebendo orientações sobre as mudanças em reuniões com técnicos da prefeitura. Apesar de entenderem a necessidade da obra, eles temem o impacto nas vendas, como ocorreu nas lojas da Avenida Santos Dumont. Alguns já calculam os prejuízos e anteciparam demissões de funcionários. “Já sabemos que vamos ter prejuízo e, para evitar o fechamento da loja, estamos nos preparando. Dos 10 empregados, mantivemos oito e vamos analisar o movimento no decorrer da obra”, disse gerente de uma loja de doces, Samuel Souza Santos.
A expectativa de redução no movimento assombra também a gerente da loja de roupas LM, Sandra Neiva da Silva, que destaca os problemas com a poeira e com o esvaziamento dos passeios. “Muita gente vai deixar de passar por aqui e estimo que teremos uma queda expressiva nas vendas”, contou. Mais esperançosa, a gerente da papelaria Leitura aposta na fidelidade dos clientes e no pascote de produtos da loja para não perder tantas vendas. “Sei que teremos uma redução, mas não acredito que as pessoas vão deixar de vir à loja, que é tradicional na venda de material escolar”, afirma.
Transtornos
As mudanças no transporte coletivo são uma preocupação a mais para quem passa pela Avenida Paraná e ruas do entorno. A BHTrans garante que as alterações nos pontos foram planejadas para causar o menor impacto possível. A farmacêutica Pollyana Karen de Andrade, de 25, que pega ônibus pelo menos três vezes por semana na Paraná, teme mudanças. “São muitos pontos e milhares de passageiros. Tudo deverá ser muito divulgado para não haver complicações, já que os transtornos serão inevitáveis”, disse.
Atualmente, 8,4 mil passageiros usam os pontos de embarque e desembarque nas Avenidas Paraná e Santos Dumont no horário de pico da manhã. Na hora de pico da tarde, são 7,5 mil passageiros passando pelas duas avenidas. Dúvidas dos motoristas e informações sobre o transporte coletivo poderão ser esclarecidas pelo telefone 156, do BH Resolve. Informações sobre a obra serão dadas pelo telefone 3277-8139.
Com as obras do BRT, a expectativa da BHTrans é reduzir em 40% o tempo das viagens nos corredores Antônio Carlos e Cristiano Machado até o Centro da cidade. A frota de ônibus passando pela região central também deve cair de 937 para 297 coletivos por hora/pico no período da manhã. O valor previsto da obra é de R$ 55 milhões.
Impacto vai ser inevitável
Frederico Rodrigues
professor de engenharia de tráfego
O desvio mais eficiente é aquele em que o usuário evita o local das obras. O motorista é informado de que o trecho não está operando e busca por si mesmo o melhor caminho alternativo, sem precisar passar próximo da região. Mas, apesar de todo o cuidado com as alterações de trânsito que começaram a ser implantadas no período de férias, quando há redução de 35% no fluxo de veículos, é inevitável haver um tráfego maior ao longo das intervenções. Afinal, não há obra sem impacto e o melhor é que, nesse período o usuário programe suas saídas, evitando os horários de pico.