Quem sofreu os impactos do fechamento da Avenida Santos Dumont durante sete meses, para as obras de implantação do transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês), pode se preparar para mudanças ainda mais bruscas na Região Central de Belo Horizonte. A partir de terça-feira, a Avenida Paraná será fechada para novas intervenções do BRT. O fechamento, que começa no sentido rodoviária/Mercado Central e na metade da obra muda para o lado contrário, será mantido durante todo o ano e vai exigir paciência da população.
Somente pelo primeiro trecho circulam diariamente 20 mil veícu los, que serão distribuídos para outras vias do Hipercentro, por onde passam cerca de 500 mil carros por dia. Os maiores impactos estão previstos principalmente para as avenidas do Contorno e Amazonas, além da Rua da Bahia, regiões onde o trânsito já é saturado e que servirão como opções de desvio.
A prefeitura admite que possíveis atrasos no cronograma de obras da Paraná serão transferidos para 2014. Durante todo esse período, motoristas e passageiros do transporte coletivo deverão ficar atentos, pois diversos desvios serão feitos e 84 linhas do transporte coletivo serão remanejadas para ruas no entorno.
Viaduto fechado
Outra mudança significativa tem previsão de durar 30 dias, a partir de terça-feira. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) manterá fechada a alça Pedro II do Viaduto B, que chega à Região Central, para alargamento da estrutura em 80 centímetros. A intervenção faz parte dos preparativos para implantação do BRT na Pedro II, ainda sem prazo para começar. Com isso, os veículos e as linhas de ônibus que saem dos bairros Caiçara, Padre Eustáquio e Bonfim chegarão ao Hipercentro por dois caminhos principais: pelo Elevado Castelo Branco, chegando à Praça Raul Soares, ou por um desvio preparado pela BHTrans. Segundo estudo do Grupo Tectran, os veículos podem seguir pela lateral da alça Pedro II do Viaduto B, passar próximo ao Túnel da Lagoinha (na parte de baixo, ao lado da pista de ônibus), acessar a Avenida Antônio Carlos e retornar, no sentido Centro, pelo Viaduto Senegal.
Na chegada ao Centro, as mudanças exigem atenção. Segundo o diretor da Tectran e consultor de trânsito Eduardo Cândido Coelho, as soluções encontradas para o fluxo são diferentes das implantadas na Avenida Santos Dumont. “Não tínhamos, nesse caso, a opção de duas vias paralelas à Paraná para transferência dos dois sentidos de tráfego”, disse, referindo-se às ruas Caetés e Guaicurus, que receberam o fluxo da Santos Dumont.
Colapso
Sem a opção, a alternativa foi manter a Paraná aberta no sentido Mercado Central/rodoviária e usar as ruas Curitiba e dos Guaranis, além da Avenida Olegário Maciel, para receber o fluxo contrário. Essas vias passarão a ser a alternativa para veículos que saem das avenidas Pedro II e Antônio Carlos. Quem chega da Avenida Cristiano Machado pode entrar pela Rua Guaicurus e pela Santos Dumont, seguir pela Curitiba e acessar a Avenida do Contorno até a Rua dos Tupinambás, onde poderá atravessar a Paraná. Além desse ponto, a avenida fica aberta no cruzamento com Rua dos Caetés, diferentemente dos pontos em que cruza com as ruas dos Tamoios e dos Carijós. No trecho interditado o acesso a garagens e estacionamentos será mantido.
O consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto afirma que, para evitar o colapso da cidade a interdição de avenidas do Centro tem de vir acompanhada de um planejamento pesado para muito além da área central, já que os desvios tendem a sobrecarregar outros corredores. “Esse sistema tem de ser muito bem operado para não travar a cidade. As mudanças têm que ser muito divulgadas, pois um motorista perdido é um causador de acidentes em potencial. O Centro e outros corredores de atração terão de ter uma fiscalização intensa”, ressalta.
Além da fiscalização, outro componente importante, segundo Osias, é a segurança do trânsito, com a adoção de medidas como a sinalização para motoristas e pedestres.