Mateus Parreiras
Na infância, o professor Ricardo Luiz Matias Ribeiro, de 40 anos, lembra que o término dos grandes jogos no Mineirão criava um caos tão grande que os moradores do Bairro São José não conseguiam chegar em casa. Os tempos passaram e os problemas mudaram. Mesmo com policiamento reforçado nos clássicos Atlético x Cruzeiro, as cenas que se repetem são a de pessoas usando os muros como banheiros, arrombando carros estacionados e assaltando pessoas. “Não me esqueço de um ano em que sete homens cercaram uma dupla que descia minha rua. Ameaçaram bater neles e tomaram relógios e carteiras. A gente assiste a essa violência e não pode fazer nada”, conta. A falta de um esquema de evacuação de torcedores e de espaços para as comemorações na Pampulha devem ser os principais problemas enfrentados por quem mora nas proximidades, afirmam representantes da Associação dos Amigos da Pampulha (APAM), da Associação Comunitária do Bairro Bandeirantes (ACBT) e da ONG Pampulha Viva.
“Não vemos os problemas do entorno do estádio serem tratados em conjunto. Enquanto se pensa no tráfego da (Avenida) Antônio Carlos, falta um esquema especial para a saída dos torcedores, que urinam e defecam nas portas de casas de famílias. Falta também segurança para eles e para nós”, critica o presidente da APAM, Flávio Marcus Ribeiro de Campos. “Não há lugar para os torcedores comemorarem depois do jogo. Acho que se consegue espaço, mas isso precisa ser preparado e organizado. Do jeito como está, os torcedores vão se acumulando nas ruas, depredam propriedades particulares e também a parte turística da orla”, disse o presidente da ACBT, Afrânio Alves de Andrade.
AMBULANTES A escassez de bares e restaurantes somada a esse fluxo intenso de torcedores se transforma num atrativo para vendedores ambulantes, como Ana Lúcia Linhares, de 49 anos, que já avisou que vai tentar vender suas bebidas geladas no carrinho de isopor, junto com a filha, uma prima e uma tia. “Quando tiver as copas isso aqui (a Pampulha) vai ferver de clientes. Vamos tentar passar a fiscalização, se Deus quiser, para ganhar o sustento da nossa casa”, disse. A animação toda não prevê um acessório básico para a ambulante: o saquinho de lixo para descarte dos produtos. “A falta de bares e de restaurantes está fazendo surgir comércio informal por toda a lagoa. E isso vem sem preocupação nenhuma com a limpeza e a sustentabilidade”, critica o presidente da ACBT, Afrânio Alves de Andrade.
De acordo com o chefe da assessoria de imprensa da PM, major Marcone de Freitas, durante os jogos das copas serão empregados nas ruas policiais da academia e de setores administrativos, ampliando em até três vezes o contingente normal de um clássico, que gira em torno de mil militares.
Enquanto isso...
...Revitalização ainda não saiu
Previstos para começar em dezembro do ano passado, a reforma na orla da Lagoa da Pampulha e o tratamento especial para o turismo ainda não saíram do papel. De acordo com a Secopa, a reforma do Centro de Atendimento ao Turista (CAT) está em processo de desenvolvimento de projeto. A Sinalização Turística Interpretativa na Região da Pampulha, orçada em R$ 550 mil, também não começou a ser feita, mas a Secopa mantém o prazo de conclusão para a Copa das Confederações, em junho.
TRÁFEGO
As avenidas Presidente Antônio Carlos e Carlos Luz terão parte de seu percurso restringido a veículos que se dirigem ao Mineirão. A informação é da BHTrans, que também limitará o tráfego no entorno do estádio e aos acessos aos estacionamentos. Outras vias que levam à sede da competição terão faixas de circulação preferenciais.