A prisão de um suspeito de tráfico de drogas terminou em confusão no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde deste domingoMilitares do 22º Batalhão abordaram Wender Wesley Ferreira, 25, na Rua Sacramento e familiares tentaram impedir que ele fosse levado entrando em conflito com policiais
O local da abordagem, segundo a polícia, é conhecido como boca de fumoDe acordo com o major José Roberto, comandante do 22º Batalhão da PM, foi uma ocorrência rotineira que faz parte das operações no aglomeradoPorém, o suspeito resistiu à prisão e precisou ser contido pelos militares
Segundo o major, o homem já é conhecido por envolvimento com o crime no aglomeradoCom Wender, havia outros dois suspeitos, mas todos conseguiram dispensar porções de drogas antes da ação da PMNenhum material ilícito foi apreendido com WenderFamiliares e amigos tentaram retirar o preso do poder dos militares, que precisaram acionar reforçoViaturas do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e outras equipe do 22º participaram da ocorrência
Moradores acusaram a PM de excessos na abordagem e informaram que houve conflito com disparo de balas de borracha
Os moradores também disseram que a confusão começou porque a prisão do suspeito teria sido ordenada pelo sargento Dalson Ferreira Vitor, acusado de matar, em 26 de dezembro de 2012, o pedreiro Helenilson Eustáquio da Silva Souza, de 24O militar foi preso em flagrante pela morte do morador, mas acabou solto por determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)Segundo o major José Roberto, o sargento não estava presente na operação deste domingo
Na confusão de hoje, Wender sofreu escoriações e foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-SulUm sargento da PM também ficou ferido em uma das mãos e foi atendido no Hospital Militar
Ficha Criminal
Segundo o tenente Mauro Lúcio, do 22º Batalhão da PM, Wender tem extensa ficha criminal com passagens por tráfico, porte ilegal de armas e ameaçaEle é apontado como responsável pela expulsão de moradores do aglomerado no último dia 5Segundo o militar, Wender agrediu e ameaçou um grupo de moradores que se mudaram temendo a ação do suspeito
Protestos anteriores
Em 26 de novembro do ano passado, o Aglomerado da Serra foi palco de uma série de protestos contra a polícia após a morte do pedreiro Helenilson Eustáquio da Silva Souza, de 24 anos, com um tiro disparado por um sargento da PMNa época, a família da vítima alegou abuso da corporação na abordagemOs policiais envolvidos na ocorrência disseram que o jovem estava armado, em companhia de três homens
Helenilson tinha envolvimento com o tráfico e mandado de prisão em abertoVeículos foram queimadosNa semana do assassinato do pedreiro, o transporte coletivo e o serviço de coleta de lixo foram suspensos, prejudicando os moradores da comunidade.
O sargento Vitor foi preso em flagrante pela morte do moradorEles está solto, mas foi indiciado por homicídio doloso e responderá na Justiça comum pela morte do pedreiro
Em fevereiro de 2011, o Aglomerado da Serra também foi palco de conflitos entre a população e a PMDois homens - Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio e enfermeiro, Renilson Veriano da Silva, de 39 - foram assassinados por militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam)Dois policiais - Jonas David Rosa e Jason Ferreira Paschoalinho - vão a júri popular pelo duplo assassinato.
Na ocasião, os moradores também queimaram ônibus e entraram em confronto com os policiaisIsso porque, após o crime, os militares envolvidos na ocorrência mudaram a versões dos fatos e criaram uma nova situação para justificar o duplo homicídioPorém, durante as investigações, ficou provado que as vítimas foram assassinadas à queima roupa por tiro de fuzil.
Após os assassinatos, os moradores afirmam que foi feito um acordo para que a Rotam não entrasse mais ao AglomeradoMas, nesta segunda-feira, os policiais do grupamento estavam presentes no local, o que também casou revolta