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Estado de Minas

Dirigir sem o cinto foi a infração mais registrada nas BRs mineiras em 2012

Especialista cobra campanhas e alerta: uso do equipamento reduz em 70% risco de morte em acidentes


postado em 17/01/2013 06:00 / atualizado em 17/01/2013 07:06

Motorista de ônibus é flagrado na br-381 sem o cinto: número de multas aplicadas por falta do equipamento em brs de minas saltou de 4.569 para 9.084 de 2011 para 2012, crescimento de 77%(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
Motorista de ônibus é flagrado na br-381 sem o cinto: número de multas aplicadas por falta do equipamento em brs de minas saltou de 4.569 para 9.084 de 2011 para 2012, crescimento de 77% (foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)


Apesar de obrigatório e reconhecido como um salva-vidas, o cinto de segurança é esquecido por cada vez mais motoristas em Minas, tanto nas estradas quanto em vias urbanas. A falta de uso do equipamento foi a infração campeã em registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no ano passado nas BRs que cortam o estado. Foram 8.084 motoristas flagrados sem o cinto em 2012, média de 22 por dia, contra 4.569 no ano anterior. O crescimento de 77% levou a infração da quarta para a primeira posição no ranking da multas aplicadas pela PRF.

Fora das rodovias federais, o equipamento também está sendo mais ignorado. As multas por falta do cinto aumentaram 45% no mesmo período. Ao longo do ano passado, houve 37.895 autuações por esse motivo, uma média de 104 por dia. Com o salto, a infração passou do 12º para o nono lugar na lista das mais cometidas, segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG).

O uso do cinto de segurança é obrigatório desde 1989 nas estradas brasileiras e passou a ser indispensável para motoristas e passageiros em todas as vias do território nacional depois da entrada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em 1998. A exceção são veículos destinados ao transporte de passageiros em percursos em que seja permitido viajar em pé. O descumprimento da norma é considerado falta grave pelo CTB, com cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,69.

(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
Apesar disso, em 15 minutos, o Estado de Minas flagrou pelo menos 20 motoristas sem a proteção na BR-262 e na Fernão Dias, trecho da BR-381 que liga BH a São Paulo. Eles conduziam ônibus, caminhões e carros de passeios. Na Fernão Dias, em Contagem, na região metropolitana, um dos condutores aproveitou até para trocar de camisa com o veículo em movimento. Na BR-262, em direção ao Triângulo, vidros escuros, que dificultam a fiscalização, escondiam motoristas de caminhão rodando tranquilamente sem o cinto.

A prática faz parte da realidade de quem trabalha nas estradas, segundo o motorista profissional Francisco Pereira, de 39 anos, que admite já ter dispensado o cinto. “Muitos condutores de caminhão e carreta fazem isso por causa do conforto e nem se lembram que pode ocorrer um acidente”, afirma. Pois foi o equipamento que salvou a vida do filho do aposentado Francisco Zica de Oliveira, de 66. “O carro caiu em uma ribanceira. Havia mais duas pessoas no carro, todas de cinto, e ninguém se feriu”, conta.

Passageiros

(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
Não são apenas os motoristas que deixam a obrigação do cinto de lado. Nas rodovias federais que cortam Minas houve 1.590 autuações por passageiros não usarem o equipamento no ano passado. O número é 9,8% maior em relação a 2011, mas manteve a infração no oitavo lugar do ranking da PRF. De acordo com a corporação, policiais multaram mais vezes por falta de cinto na BR-040, seja por parte de motoristas ou condutores. Foram 4.562 autuações.

“O combate à falta do cinto de segurança sempre foi um dos nossos focos. Muitos usuários das rodovias vêm esquecendo dessa importância e estão sendo autuados por isso”, afirma a inspetora Fabrizia Nicolai, assessora de Comunicação da PRF em Minas.

Segundo ela, as principais justificativas para a infração são falta de tempo, esquecimento e desconforto. Na estrada, durante o expediente de trabalho, um agente da corporação contou que a falta de hábito de usar o cinto na cidade é levada para fora do perímetro urbano. “Dentro da cidade o motorista sabe que não há fiscalização e não se preocupa. Só que acaba fazendo o mesmo na estrada, onde o perigo é bem maior”, ressalta.

 

Problemas para todos


(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
(foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
Não por acaso o cinto de segurança é considerado um salva-vidas. Em um acidente de trânsito, o simples ato de usar o equipamento reduz em 40% o risco de lesões e diminui em 70% o risco de morrer. Os dados são da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra). “O cinto evita que a pessoa seja projetada para fora do veículo. Quando isso ocorre, a mortalidade é de três em cada quatro casos. Numa colisão ou freada brusca, os ocupantes continuam a se deslocar na velocidade do veículo”, explica o presidente da Ammetra, Fábio Nascimento.

Segundo ele, 67% dos pacientes envolvidos em acidentes de trânsito atendidos na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação em 2010, por exemplo, não usavam o cinto de segurança – a maioria motoristas. “O risco é grande para todos os ocupantes. Quem não usa o cinto atrás pode machucar quem está na frente. As principais lesões são cortes, traumatismo craniano, lesões de pulmão e pâncreas”, conta.

Pela realidade nas enfermarias dos hospitais, Nascimento percebe que os principais envolvidos são jovens. “É muita gente tirando carteira e o preparo é deficiente. O motorista tinha que passar por reciclagens. Falta também fiscalização, educação para o trânsito e campanhas mais chocantes, assim como ocorre com o cigarro”, reclama o médico.


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