Gustavo Werneck
Um grande centro de espiritualidade, cultura e mobilização social. Assim deverá ser Belo Horizonte no período de 16 a 21 de julho, quando receberá cerca de 30 mil jovens de todo o mundo para participar da Semana Missionária. O encontro vai preparar católicos de 16 a 30 anos para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), megaevento com a presença do papa Bento XVI e público esperado de 2 a 3 milhões de pessoas no Rio de Janeiro, de 23 a 28 do mesmo mês. Em BH, atendendo ao convite da arquidiocese, rapazes e moças se entusiasmam com a Pré-Jornada, como é conhecida a Semana Missionária, e planejam a viagem à capital fluminense. “Vai ser uma reunião de fé e cultura, ainda mais que a Campanha da Fraternidade (CF) 2013, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), será dirigida aos jovens”, diz o secretário-geral da Semana Missionária, Rafael Pujoni Morais, de 24 anos. Em BH, a CF-2013 será lançada em 16 de fevereiro, às 8h, na Praça da Pampulha, perto da Igreja de São Francisco de Assis.
“A cidade vai ficar bem movimentada, pois, no mesmo período (terceira semana de julho), serão realizados o Congresso Mundial de Universidades Católicas (CMUC), o Encontro Internacional da Família Vicentina (Famvin) e o Festival de Artes, dentro da Pré-Jornada. Os belo-horizontinos vão ver um espetáculo diferente, pois os peregrinos costumam desfilar pelas ruas com seus trajes típicos e cantando músicas da terra natal em seus idiomas”, diz Rafael, que em 2011 esteve na JMJ de Madri, Espanha. A maior parte das delegações que chegarão a BH vem da América Latina (60%), Europa (25%) e o restante da Ásia e América do Norte. Na empreitada, Rafael trabalha com dom João Justino de Medeiros, bispo coordenador da Pré-Jornada e da comissão arquidiocesana formada por 40 pessoas.
EM CASA Composta de 28 municípios, a Arquidiocese de Belo Horizonte, tendo à frente o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo, lança a campanha de convocação para a Pré-Jornada. Segundo Rafael, o encontro ocorre em todas as dioceses brasileiras, embora BH esteja entre as 50 cidades que receberão estrangeiros. “Espiritualidade, cultura e participação social vão nortear as reuniões dos grupos, que estarão juntos, nas paróquias, para celebrações religiosas, vigílias, orações, programação cultural, obras sociais e outros aspectos”, informa o secretário-geral. “Teremos a segunda maior Pré-Jornada do Brasil, só superados por São Paulo”, orgulha-se Rafael.
Numa das campanhas agora lançadas – Minha família recebe um peregrino –, a arquidiocese convoca os católicos para que acolham um jovem estrangeiro em casa. As informações estão disponíveis no site www.semanamissionariabh.org.br, com o link peregrinos em família. Dezenas de escolas católicas vão funcionar como alojamento. “Estamos recrutando voluntários que falem outros idiomas. Em março, faremos uma reunião com todos eles. Atualmente, 700 trabalham para a Semana Missionária de BH”, adianta Rafael. A arquidiocese tem apoio do governo estadual, via secretarias de Turismo, Esporte e Juventude, Cultura e Defesa Social, e Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria de Relações Internacionais e Coordenadoria da Juventude.
Os eventos culturais terão shows de algumas das maiores bandas católicas do país, embora os nomes ainda estejam mantidos sob sigilo. A programação foi divulgada ontem: Missa de abertura, na Arena BH, no dia 16 (terça-feira), às 16h – o espaço será montado na região da Pampulha; de 17 a 19 (quarta-feira a sexta-feira) haverá o Festival de Artes, na Praça Rui Barbosa (Estação), no Centro; e no sábado (20), caminhada da Praça do Papa, no Mangabeiras, à Praça da Estação. No domingo, será a missa de encerramento, na Arena BH, com capacidade para receber 80 mil pessoas.
CARAVANAS Nas diversas comunidades religiosas da capital, a ansiedade é grande. Na tarde de ontem, integrantes do grupo de jovens Fanuel, da Igreja Nossa Senhora Rainha, do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, falavam dos seus planos, esperanças e expectativas para a Pré-Jornada e JMJ/Rio 2013, cujo símbolo é o Cristo Redentor. “Vamos compartilhar a fé”, disse Ana Carolina Netto, de 17, que tem participado dos encontros e discutido com os amigos. Ao lado, com a camisa do evento, Carlos Eduardo Hermeto, de 17, conta que já falou com os pais sobre a intenção de hospedar um estrangeiro em casa. “Estou muito feliz”, disse o adolescente. Secretária do setor de Voluntários, Bárbara de Miranda Goulart, de 22, formada em fisioterapia, acredita que a riqueza cultural será ponto forte dos dois eventos, com o que concorda Thácio Leite, de 24, formado em cinema. “Quem sabe faça um documentário?”, brincou. De terço na mão e ainda carregando a bandeira do Brasil, Gabriela Silva Werneck Resende Alves, de 18, diz que a palavra agora é planejamento e, simpático, Henrique Klein, de 18, convida a turma para ficar no apartamento da sua família, no Rio. “Os dois encontros vão aumentar a nossa fé”, diz Luiza Dornellas Nogueira Jotta, de 17.
SAIBA MAIS: GRANDE CRUZADA
A Jornada Mundial da Juventude, que está em sua 28ª edição, é um evento católico realizado a cada dois ou três anos, convocado pelo papa e em cidade indicada por ele. É considerado o maior evento da Igreja em congregação de jovens e tem sempre a presença do papa. A história começou em 1984, quando o papa João Paulo II (1920-2005), durante celebração na Praça de São Pedro, no Vaticano, entregou aos jovens a cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ. Na ocasião, o papa pediu aos jovens que enviassem a cruz, que ficou conhecida como Cruz da Jornada, a diversas partes do mundo. Em 1985, declarado o Ano Internacional da Juventude pela Organização das Nações Unidas (ONU), o papa instituiu a Jornada Mundial da Juventude num encontro internacional de jovens no Vaticano. No Brasil, a JMJ terá como tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19).