Pitangui – Parece até roteiro da saga norte-americana Indiana Jones, mas o enredo ocorre numa cidade colonial mineira, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Centro-OesteVolta e meia, em Pitangui, desbravadores do século 21 se embrenham na mata da Serra da Cruz do Monte, a mais alta daquelas bandas, em busca de 10 arrobas de ouro, que teriam sido enterradas por um rico minerador português, nos idos dos anos 1800, cujo nome foi apagado pelo tempoOs moradores mais antigos contam que a fortuna estaria escondida numa mina chamada de Olho do SolO desafio dos caçadores de tesouro é descobrir a localização dela.
Moradores dizem que o português viveu muitos anos em Pitangui, fundada por bandeirantes no fim da década de 1690 e, em 1715, elevada à categoria de vilaNa época, pepitas de ouro eram retiradas do solo como se fossem batatas, o que despertou a cobiça de aventureiros e da CoroaO europeu juntou boa fortuna, mas, refém de uma doença que ninguém sabe dizer qual foi, decidiu enterrar o tesouro e se tratar do outro lado do AtlânticoEm solo lusitano, porém, percebeu que tinha poucos dias de vidaDecidiu, então, escrever uma carta ao filho, que permanecera na cidade histórica das Gerais.
O português redigiu a carta e, como as correspondências daquele tempo duravam semanas para chegar ao destinatário e havia grande risco de serem violadas, o minerador recorreu a códigos para revelar ao filho a localização da minaO pesquisador Vandeir Santos, que estuda história e lendas da região, conclui que Olho do Sol é um códigoE acrescenta que a correspondência jamais chegou às mãos do filho do europeu, pois o destinatário não teria sido encontrado pelo mensageiroNinguém sabe quem ficou de posse da carta.
Mas, no início da década de 1920, a correspondência se tornou pública
Na declaração registrada em cartório, continua Vandeir, o senhor João Moreno disse que se lembrava do seguinte trecho escrito pelo português ao filho: “Tenho vida para poucos diasDescubra a boca da mina, que está tapada de pedra e terra socadaTem ferramentas de valores e mais ou menos de 10 a 11 toneladas de ouroA boca da mina está na ponta da serra, Olho do Sol”Naquela época, famílias ricas guardavam ouro em pó ou em barras.
DENTRO DO MATO Em Pitangui e região, ainda hoje, há aventureiros que procuram o metal precioso nas antigas serras cobertas pelo cerradoMuitos aproveitam o dia posterior a chuvas fortes para se embrenhar no mato
Portanto, as 10 arrobas de ouro escondidas pelo minerador português, atualmente, estão avaliadas em R$ 10,5 milhõesEsse valor desperta a cobiça de pitanguienses e desbravadores de outras bandasPara descobrir a Olho do Sol, alguns aventureiros recorreram a pais de santo, videntes e até religiososA mina – se é que ela existe – está na Serra Cruz do Monte, por onde passou um trecho da Estrada Real que ligava o município à Vila de Sabarabuçu, atual Sabará.