(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Lenda de português que teria escondido ouro em Pitangui desperta cobiça no século 21

Desbravadores procuram 10 arrobas de ouro que teriam sido enterradas por um rico minerador português, nos idos dos anos 1800, cujo nome foi apagado pelo tempo


postado em 10/02/2013 06:00 / atualizado em 10/02/2013 08:11

Mistério da fortuna deixada por garimpeiro ainda atrai a atenção dos moradores de Pitangui(foto: Juliana Flister / Agencia i7)
Mistério da fortuna deixada por garimpeiro ainda atrai a atenção dos moradores de Pitangui (foto: Juliana Flister / Agencia i7)


Pitangui – Parece até roteiro da saga norte-americana Indiana Jones, mas o enredo ocorre numa cidade colonial mineira, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Centro-Oeste. Volta e meia, em Pitangui, desbravadores do século 21 se embrenham na mata da Serra da Cruz do Monte, a mais alta daquelas bandas, em busca de 10 arrobas de ouro, que teriam sido enterradas por um rico minerador português, nos idos dos anos 1800, cujo nome foi apagado pelo tempo. Os moradores mais antigos contam que a fortuna estaria escondida numa mina chamada de Olho do Sol. O desafio dos caçadores de tesouro é descobrir a localização dela.


Moradores dizem que o português viveu muitos anos em Pitangui, fundada por bandeirantes no fim da década de 1690 e, em 1715, elevada à categoria de vila. Na época, pepitas de ouro eram retiradas do solo como se fossem batatas, o que despertou a cobiça de aventureiros e da Coroa. O europeu juntou boa fortuna, mas, refém de uma doença que ninguém sabe dizer qual foi, decidiu enterrar o tesouro e se tratar do outro lado do Atlântico. Em solo lusitano, porém, percebeu que tinha poucos dias de vida. Decidiu, então, escrever uma carta ao filho, que permanecera na cidade histórica das Gerais.

O português redigiu a carta e, como as correspondências daquele tempo duravam semanas para chegar ao destinatário e havia grande risco de serem violadas, o minerador recorreu a códigos para revelar ao filho a localização da mina. O pesquisador Vandeir Santos, que estuda história e lendas da região, conclui que Olho do Sol é um código. E acrescenta que a correspondência jamais chegou às mãos do filho do europeu, pois o destinatário não teria sido encontrado pelo mensageiro. Ninguém sabe quem ficou de posse da carta.

Mas, no início da década de 1920, a correspondência se tornou pública. Pelo menos três pessoas a leram. “Amarelado pelo tempo, o papel estava em poder de um tal Joaquim César, morador da Saco, uma fazenda da região. Ele a mostrou a um ferreiro conhecido por Juquinha Cecílio, que também era conselheiro dos moradores. Naquele encontro, ainda esteve presente um rapaz, de nome João Moreno, que namorava a filha do ferreiro. O tempo passou e, em novembro de 1969, o genro do conselheiro procurou o cartório de Pitangui e registrou, em juízo, ter lido a correspondência”, disse o pesquisador.

Na declaração registrada em cartório, continua Vandeir, o senhor João Moreno disse que se lembrava do seguinte trecho escrito pelo português ao filho: “Tenho vida para poucos dias. Descubra a boca da mina, que está tapada de pedra e terra socada. Tem ferramentas de valores e mais ou menos de 10 a 11 toneladas de ouro. A boca da mina está na ponta da serra, Olho do Sol”. Naquela época, famílias ricas guardavam ouro em pó ou em barras.

DENTRO DO MATO Em Pitangui e região, ainda hoje, há aventureiros que procuram o metal precioso nas antigas serras cobertas pelo cerrado. Muitos aproveitam o dia posterior a chuvas fortes para se embrenhar no mato. Isso porque, dependendo do terreno, a força d’água “extrai” do solo partículas amarelas. Os caçadores de tesouro daquelas bandas negociam cada grama, na própria região, por R$ 70.

Portanto, as 10 arrobas de ouro escondidas pelo minerador português, atualmente, estão avaliadas em R$ 10,5 milhões. Esse valor desperta a cobiça de pitanguienses e desbravadores de outras bandas. Para descobrir a Olho do Sol, alguns aventureiros recorreram a pais de santo, videntes e até religiosos. A mina – se é que ela existe – está na Serra Cruz do Monte, por onde passou um trecho da Estrada Real que ligava o município à Vila de Sabarabuçu, atual Sabará.
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)