Mateus Parreiras
A mãe assassinada, em um crime que tem como principal suspeito o provável pai, preso pela polícia. Os parentes paternos, sem muito contato, assustados com a violência, e os maternos vivendo na Argentina. É assim, sem nome e sozinho, em um berço da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, que um bebê com menos de um dia aguarda seu futuro. A criança foi salva em uma cirurgia de emergência, depois que a mãe, Maria Silvina Valeria Perotti, uma argentina de 33 anos, grávida de sete meses, foi morta a tiros.
Por volta das 14h30, dois moradores do Bairro Prado, na Região Oeste de BH, viram das janelas de suas casas quando o automóvel Gol de José Antônio circulava pelas ruas da vizinhança e atestaram ser ele quem estava ao volante, ao lado de Maria, que estava no banco do carona. Uma das testemunhas ouvidas pela polícia, um homem que pediu para não ter o nome revelado, alega ter visto quando o carro do casal virou na esquina da Rua Monte Simplon com Rua da Paz. “Assim que passaram, ouvi dois disparos de arma de fogo”, conta.
Uma mulher, que é militar e também é testemunha no inquérito, conta, também sob anonimato, não ter visto o assassino, mas afirma que a vítima foi executada. “A pessoa a puxou pelo pescoço usando o braço e atirou debaixo do queixo dela”, lembra.
A mulher foi deixada no asfalto, agonizando. As testemunhas contaram que uma unidade do Samu chegou rápido e a socorreu. A grávida chegou ao hospital com morte cerebral e começou então a luta para salvar a criança. Por sorte, o menino foi removido com vida e entubado na UTI, onde ainda inspirava cuidados na noite de ontem. No hospital, nenhum familiar apareceu para acompanhar a evolução do quadro de saúde.
A família do pai está assustada com o caso e a da mãe vive na Argentina, país de origem de Maria, segundo José informou à polícia. “Não sei como era o relacionamento deles, mas vou dar todo o apoio jurídico ao meu filho. Qualquer um é capaz de cometer uma barbaridade dessas num determinado estado de nervos. Mas, se ele fez isso, vai responder pelo que fez”, disse o pai do suspeito, José Antônio de Jesus.
Na Delegacia Seccional Sul, o suspeito não quis dar declarações à imprensa, dizendo que “só falaria em juízo”. Aparentava calma para um homem que acabara de ser assaltado, cuja mulher foi brutalmente assassinada e cujo filho estava na UTI, após uma cirurgia de emergência.
“O suspeito disse que foi abordado por dois marginais e colocado no porta-malas do veículo. A mulher teria reagido e sido assassinada. Depois disso, ele ligou para a polícia, da BR-040, em Contagem”, disse o tenente Fernando Souza Pinto, do 22º Batalhão da PM, que atendeu à ocorrência. Militares do 39º Batalhão foram à cidade da Grande BH e levaram José para a delegacia, onde foi preso.
Além das testemunhas, o depoimento do suspeito, segundo policiais civis, tem contradições. “Ele afirmou ter sido obrigado pelos bandidos a entrar no porta-malas. Mas o porta-malas dele está cheio de ferramentas e equipamentos que não permitiriam uma pessoa como ele ser colocada dentro”, disse um dos policiais.
Afogamento
Um menino de 3 anos morreu afogado na tarde de ontem, depois que o pedalinho em que ele passeava com a tia de 21 anos e um irmão de 9 afundou em uma lagoa na área do Restaurante Rancho Alegre, no Bairro Bandeirinhas, em Betim, Região Metropolitana de BH. Segundo a tia do garoto, a suspeita é de que a embarcação estivesse com um furo no casco. Militares constataram que as crianças usavam coletes salva-vidas de tamanhos incompatíveis, além da falta de um guarda-vidas próximo e de alvará permitindo o uso das águas para práticas esportivas. A direção do estabelecimento não se pronunciou sobre o acidente.