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Estado de Minas

Conheça o drama por trás do assassinato da empresária argentina em BH

Três dias depois da morte de estrangeira cujo bebê foi salvo em cesárea de emergência, depoimentos indignados de amigos e parentes revelam que empresária deixou outro filho, de 10 anos, quando saiu com seu companheiro e foi assassinada. Recém-nascido e corpo da vítima aguardam parentes argentinos


postado em 13/02/2013 00:12 / atualizado em 13/02/2013 09:09

Valeria, em foto de 2010. Empresária argentina adorava o Brasil e vivia há anos no país. Ela escolheu morar em Belo Horizonte para abrir uma loja de segurança eletrônica(foto: Arquivo pessoal/Facebook)
Valeria, em foto de 2010. Empresária argentina adorava o Brasil e vivia há anos no país. Ela escolheu morar em Belo Horizonte para abrir uma loja de segurança eletrônica (foto: Arquivo pessoal/Facebook)


Dor e revolta entre parentes, amigos e vizinhos da empresária argentina Maria Silvina Valeria Perotti, de 33 anos, que estava grávida de sete meses e foi assassinada com dois tiros na cabeça pelo companheiro, o técnico em eletrônica José Antônio Mendes de Jesus, de 32, preso e autuado em flagrante pelo crime. Valeria, como gostava de ser chamada, foi morta na tarde de domingo, no Bairro Prado, na Região Oeste de Belo Horizonte, mas somente anteontem à noite, depois que o cônsul da Argentina em Minas tomou conhecimento do caso e localizou a família da vítima, que reside em Buenos Aires, foi que a notícia repercutiu e começaram a ser revelados detalhes da situação de Valeria e dos seus últimos momentos de vida.


Uma vizinha da vítima no prédio do Bairro Nova Gameleira, Região Oeste da capital, onde Valeria morava com um filho de 10 anos, do seu primeiro casamento, e o companheiro preso em flagrante por seu assassinato, contou que no dia do crime a vítima e José Antônio saíram de casa para fazer compras em um supermercado da região, deixando o filho brincando na área de lazer do edifício. Como a mãe demorou a voltar e não atendia as ligações do garoto, o menino ficou desesperado, pediu ajuda aos vizinhos e ligou para o pai, que mora no interior de São Paulo.

Na manhã de segunda-feira, o ex-marido de Valeria chegou a Belo Horizonte e foi se encontrar com o filho. Pouco tempo depois, o pai de José Antônio foi ao prédio e disse que a empresária havia sido assassinada durante um assalto, sem dar mais detalhes do caso e sem revelar que o companheiro fora preso, acusado do crime. O ex-marido da vítima decidiu levar o filho para Itu, onde ele mora. Ele não procurou a polícia e foi embora sem comparecer ao Instituto Médico Legal (IML), onde o corpo da empresária está desde domingo.

Consternada com a situação, a vizinha usou sua conta no Facebook para fazer um apelo para que os parentes de Valeria venham o quanto antes ao Brasil para cuidar do translado do corpo e também se informar a respeito do estado de saúde do bebê da empresária argentina, que foi salvo em uma cesárea feita pelos médicos do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII e está internado em estado grave na Maternidade Júlia Kubitschek.

“Estou traumatizada e há dias que não durmo. Fiquei muito angustiada porque ela não é brasileira e só tem família lá na Argentina. Aí pedi que alguém da família viesse ao Brasil buscar o corpo no IML”, disse a mulher, que não quis se identificar com medo de alguma retaliação por parte do ex-companheiro da vítima, que ela define como “uma pessoa antissocial”.

Quanto a Valeria, a vizinha disse que ela era sempre simpática com todo mundo e bastante educada, “uma pessoa boa e alegre, mas reservada e que conversava pouco com os outros”. Acrescentou que nunca viu o casal discutindo, mas que o filho da empresária reclamava com os amiguinhos que era maltratado pelo padrasto.

NAS REDES SOCIAIS Não foi apenas a vizinha que usou o Facebook para alertar os parentes de Valeria e para manifestar sua revolta com o homicídio. De São Paulo, a empresária Débora Paganini, que também atua na área de segurança eletrônica, postou uma foto da amiga assassinada, com o seguinte comentário: “Inacreditável o que aconteceu com você! Não consigo imaginar como esse mundo está… Meu Deus, socorro!”.

Débora contou ao Estado de Minas que conheceu Valeria, o ex-marido dela e o filho em Itu, interior de São Paulo, e que se tornaram amigas. Há cerca de quatro ou cinco anos, Débora não sabe precisar, o casal decidiu abrir uma loja em Belo Horizonte. Na capital mineira, o casamento entrou em crise. Valeria e o marido decidiram se separar. Ele voltou para São Paulo e ela continuou em BH, com o filho.

Depois da separação, Valeria conheceu José Antônio, que era técnico em eletrônica da loja. “Acho que ela dependia muito dele para tudo e o romance acabou acontecendo. Eu conversava sempre com a Valeria e ela estava contente. Não faço ideia de por que ele teria feito alguma coisa assim.” Sobre a gravidez, Débora disse que a amiga não comentava muito o assunto, mas que era uma mãe dedicada e presente.

Da Argentina, uma prima de Valeria usou o Facebook para manifestar sua incredibilidade. “Ainda não posso acreditar no que aconteceu com minha prima”, escreveu a jovem. Em seguida, manifestou sua revolta com a violência que atingiu sua parente: “Os homens estão a cada dia mais loucos. O que têm em suas cabeças? Covardes que não sabem enfrentar uma discussão e colocam o fim em uma vida. Quem pensam que são? Para esse tipo de homem tinha que ter pena de morte, porque quem já fez isso uma vez vai fazê-lo de novo sempre. Todos os dias escuto e leio esse tipo de notícia e desta vez alcançou minha prima. Não posso acreditar. Que você descanse em paz, Valeria, fazia anos que não te via e nunca pensei que veria seu rosto novamente em uma notícia desagradável como essa. Até mais! Nos veremos algum dia aí onde você está agora”.


Bebê luta pela vida

Internado na Maternidade Júlia Kubitschek, o bebê que Valeria esperava e que foi salvo pelos médicos do HPS, continua em estado grave e respira com a ajuda de aparelhos. Segundo informações do hospital, a criança, do sexo masculino, tem 28 semanas de vida. De acordo com os médicos, a recuperação de bebês nesta situação é lentra. Ninguém fez contato com a direção do hospital para se informar a respeito do estado de saúde da criança.

Quanto à vinda de parentes da empresária assassinada a Belo Horizonte para cuidar do translado do corpo para a Argentina, O cônsul argentino em Belo Horizonte, José Cafiero, informou que a família foi comunicada do homicídio na segunda-feira à noite e que ontem houve uma reunião com representantes do Ministério das Relações Exteriores da Argentina para cuidar dos detalhes da viagem e da transferência do corpo. Ainda não há informações sobre quando pessoas da família chegarão a Minas para cuidar do translado. O corpo continua no Instituto Médico Legal (IML)

 

 

COMO FOI
– Valeria e José Antônio saíram de casa, domingo à tarde, no Bairro Nova Gameleira, para fazer compras.
– Na Rua Monte Simplon, no Bairro Prado, duas pessoas, uma delas uma subtenente da Polícia Militar, viram o momento em que o motorista do carro segurou Valeria pelo pescoço e a atingiu com dois tiros. Em seguida, ele jogou o corpo para fora do carro e fugiu.
– Já na região de Contagem, José Antônio ligou para a Polícia Militar, disse que havia sido assaltado por dois homens e que os ladrões haviam matado sua mulher.
– A PM foi até o local onde José estava, viu que ele estava com as roupas sujas de sangue e que a versão apresentada por ele, de que havia sido aprisionado no porta-malas do carro, era mentirosa. O compartimento estava cheio de ferramentas e não cabia um homem.
– As testemunhas reconheceram José Antônio como o homem que atirou contra Valeria e jogou o corpo para fora. Ele foi autuado em flagrante por homicídio doloso.

 


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