Mãe da empresária argentina Maria Silvina Valéria Perotti, de 33 anos, assassinada há 10 dias no Bairro Calafate, Região Oeste de Belo Horizonte, Silvia Vergara Perotti já contratou um advogado para reivindicar na Justiça a guarda do neto, que ela chama de Mateus Santiago. O bebê nasceu em parto de emergência, logo que a mãe, grávida de sete meses, foi baleada, e está internado em estado grave na UTI do Hospital Júlia Kubitschek, no Barreiro. O principal suspeito do crime, segundo a Polícia Civil, é o companheiro de Valéria, o técnico em eletrônico José Antônio Mendes de Jesus, de 32 anos, solto pela Justiça.
O corpo da argentina foi enterrado nessa segunda-feira à tarde no Cemitério da Paz, no Bairro Caiçara, Região Noroeste da capital. Em cerimônia rápida e simbólica, marcada por um breve culto religioso, representantes do Consulado da Argentina no Brasil, o pai, a mãe, vizinhos e colegas de trabalho da empresária prestaram as últimas homenagens. A medalha que ela sempre usava foi deixada em cima do caixão lacrado como sinal de adeus. Chorando muito, a mãe de Valéria disse confiar na Justiça brasileira para esclarecer as circunstâncias da morte da filha. “Tenho total certeza de que a Justiça vai encontrar o culpado e quero que ele vá para atrás das grades”, afirmou.
Silvia informou que ficará em Belo Horizonte até a criança estar bem. “Vou lutar pelo Mateus. Dei a mão a ele e ele abriu os olhos. Deixei uma foto de Valéria por perto. Ele está forte e lutando pela vida. E sei que ele se sairá dessa, pois a minha filha está cuidando dele.”
O pai de Valéria, Juan Carlo Perotti, veio da Argentina para o enterro e preferiu não dar entrevistas. O sepultamento foi custeado pelo consulado argentino no Brasil. A expectativa era de que a empresária fosse enterrada na Argentina, mas a liberação para o traslado exigia o embalsamento do corpo e, segundo amigos, a família não tinha condições de arcar com as despesas.
Investigação
Valéria foi morta na tarde do dia 9 com dois tiros. O principal suspeito é o companheiro dela, José Antônio Mendes de Jesus, de 32 anos, preso pela política logo depois do crime e liberado na terça-feira de carnaval pela Justiça. Testemunhas alegam terem visto o momento em que o técnico em eletrônica atirou na mulher e a jogou para fora do carro em que eles estavam. Ele nega e diz que o casal foi vítima de um assalto. José Antônio também pretende lutar pela guarda do bebê.
A titular da Delegacia de Homicídios Sul, Elenice Ferreira, que assumirá as investigações, afirmou que não sabe ainda quais fundamentos o juiz usou para autorizar a soltura. Ela acrescentou que só voltará a falar do caso quando o inquérito for concluído. A assessoria da Polícia Civil reforçou que a prisão do suspeito foi feita com base em provas objetivas e testemunhais. O promotor do caso, Gustavo Fantini, informou que ainda não recebeu o processo. (Colaborou Gabriela Pacheco)