Grande parte do lixo e entulho que sobrou do incêndio no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte, já foi retirada, mas paredes, escadaria e cenários do prédio ainda estão cobertos pela fuligem das chamas que assustaram funcionários e moradores do entorno do câmpusO cheiro da fumaça também ainda é marcante, especialmente no segundo andar, onde o fogo começou, mantendo aquele dia bem vivo na memória de quem estava no local
Galeria de fotos
No entanto, um mês após o acidente, responsável pelo fechamento temporário do museu, o acervo de réplicas de bichos e coleções afetadas já começaram a ser recuperados por uma força-tarefa de funcionários e a coordenação do museu já estabeleceu uma data para reabertura oficial: 1º de julho“Temos um desafio de abrir nesse diaNão é uma meta rigorosa, porque dependemos de várias empresas, mas queremos é acelerar o nosso ritmo de trabalho”, destaca o coordenador do museu, professor Bonifácio José Teixeira
Segundo ele, a recuperação do acervo está sendo feita por setores diferentesA parte de perícia ainda não foi concluída, mas os laudos parciais não apontam danos na estrutura do prédioO sistema elétrico – onde uma falha foi responsável pelo início do fogo – terá de ser completamente refeitoUm novo plano de combate a incêndios também será encomendado pela universidade“Não é que o nosso antigo não era suficienteTemos quase 50 mil litros de água na nossa reserva de incêndio, por exemplo
Cenários
Quase todos os cenários que compunham as exposições também deverão ser refeitos por artesãosGrande parte dos esqueletos e réplicas nas vitrines foi salva, mas deverá passar por limpeza intensa, assim como os animais taxidermizados em exposiçãoNos três andares do prédio, eles foram cobertos por fuligem, o que representa o principal desafio da equipe de biólogos e estagiários do museu
“Estamos testando e chegamos a resultados bons para a limpeza das peles taxidermizadas e dos ossos”, explica o curador da reserva técnica, Bruno Garzon“Para nós é importante demais reabrirCustou muito tempo para conseguirmos reconhecimento, então é essencial estarmos abertos para o público, quanto mais cedo melhor.”
A aluna do curso de ciências biológicas Priscila do Carmo de Oliveira, de 21 anos, é uma das estagiárias da força-tarefaDesde segunda-feira, ela e outros universitários estão usando a fórmula encontrada por Garzon para a limpeza do acervo
Reabertura com o gorila Idi Amin
Além de cenários novos, o museu terá novidades para o públicoDe acordo com Bonifácio Teixeira, em abril a primeira galeria será reaberta com uma exposição de insetos e os tradicionais dinossaurosEm julho, caso a meta seja cumprida, os belo-horizontinos terão de volta um velho conhecido: o gorila Idi Amin, que ganha um espaço próprio na terceira galeriaA preguiça-gigante, que era o destaque da segunda galeria, também volta totalmente refeitaO grande esqueleto foi perdido quase por completo no incêndio, tendo somente sua bacia recuperadaA caverna de Peter Lund foi o foco do incêndio e, na nova versão do museu, será transferida para um área externaNesse novo ambiente, ela será feita em alvenaria, de forma mais fidedigna a cavernas reais.
Imagens do incêndio
PEÇAS DANIFICADAS
– Tatu-gigante – Réplica montada com pequenos fósseis de cerca de 8 mil anos: peças descolaram.
– Preguiça-gigante – Cabos de aço que mantinham a réplica suspensa se romperam e a estrutura caiu.
– Cenário da caverna de origem calcária, na exposição de Peter Lund – Ocupa dois salões interligados e foi completamente destruído pelo fogo.
– Tela a óleo Pleistoceno – Só o sistema de projeção desse cenário foi atingido.
– Fóssil de uma cotia – Peça tinha cerca de 2 mil anos e ficava em uma estrutura de vidro acoplada à caverna
– Escritório de Peter Lund – A vidraça que protegia as peças caiu intactaObjetos usados pelo paleontólogo dinamarquês foram preservados.
– Uberabatitan – Cabos que seguravam a réplica do maior dinossauro brasileiro se soltaram e a cabeça dele caiu.
– Carnotauro – A réplica da espécie bípede também ficou com a cabeça baixa.
ACERVO SALVO
– Oito coleções de fósseis, inclusive as 200 gavetas da paleontologia, com 70 mil peças.
– Laboratórios de mastozoologia (mamíferos).
– Reserva técnica.
– Câmara fria ao lado do prédio, onde o gorila Idi Amin está sendo empalhado.
– Peças que estavam em vitrines.
– Exposição do cerrado.
– Exposição de aves.