Jornal Estado de Minas

Detentos da Penitenciária Nelson Hungria fazem rebelião

Os presos mantêm reféns um agente penitenciário e uma professora que trabalha na unidade em Contagem. Eles exigem presença da imprensa, do deputador Durval Ângelo, de procurador de Justiça e um juiz da Vara de Execuções Penais

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri Cristiane Silva Paula Sarapu
Detentos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, inciaram uma rebelião na manhã desta quinta-feira
O motim começou no Pavilhão 1 com cerca de 102 presos, que mantêm reféns um agente penitenciário e uma professoraA educadora dá aulas há mais de 10 anos para os albergados da unidade prisional e foi surpreendida pelo motim por volta de 9h, quando chegou para trabalhar

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Um dos presos que comanda a rebelião, Daniel Cipriano, ligou para a Rádio Itatiaia e exigiu a presença da imprensa na penitenciáriaOs detentos querem chamar atenção para problemas internos e regras de visitaçãoEles exigem também a chegada do deputado estadual Durval Ângelo (PT) da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

O parlamentar está viajando de Mutum, na Zona da Mata de Minas, para Belo Horizonte e informou que não foi avisado para comparecer ao presídioEle só vai até a unidade se for acionado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com garantia de segurança“Eu ando com escolta policial 24 horasSó vou lá com segurança para evitar incidentesSe alguém for ferido eu posso ser responsabilizado”, afirma


O líder do motim também pediu que compareçam ao presídio um procurador de Justiça e um juiz da Vara de Execuções PenaisCipriano informou no telefonema que está preso há 10 anosMuito nervoso, disse que só libertará os reféns, após cumprimento das exigências

Os presos também usaram lençóis para escreverem as palavras "opressão" e "sistema"Os bombeiros também foram para a unidade, como prevenção, caso haja incêndio nas celasHá fumaça saindo do pavilhão, mas segundo os militares, não existe fogo a ser debeladoDo lado de fora, foi possível ouvir barulho de bomba e tiros no pavilhãoOs rebelados, com rostos cobertos, quebraram telhas e ameaçaram colocar fogo em um detento

O comandante Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), tenente-coronel Marcelo Vladmir Corrêa, vai assumir as negociações com os rebeladosEle se dirige para a Nelson Hungriapara traçar estratégias operacionais
Ainda não está definido se fará com contado pessoal com o líder do motim ou se conversará por telefoneEle afirma que o contato de Cipriano com a rádio pode dificultar as negociações

Também estão na unidade equipes da Rotam e Ronda Ostensiva com Cães Adestrados (Rocca), o Batalhão de Choque e não há informação de fugaUm helicóptero da PM faz voos rasantes pelo complexo e PM ocuparam muros da unidadeO caveirão, veiculo blindado da corporação, chegou para ajudar na operação

O complexo

A Penitenciária Nelson Hungria foi inaugurada em 1º de abril de 1988, tem 17 pavilhões e abriga cerca de 1900 presosEntre os detentos mais conhecidos do complexo masculino de segurança máxima estão o goleiro Bruno Fernandes - preso no Pavilhão 4 - e seu amigo, Luiz Henrique Romão, o Macarrão - albergado no Pavilhão 5Os dois são acusados de envolvimento no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, sendo que Macarrão já foi condenadoO líder do Bando da Degola, Frederico Flores, também está preso na Nelson Hungria aguardando julgamento.

Segundo o cadastro do Ministério da Justiça, o presídio não possui bloqueador de sinal de celularEm nota, a Seds informou que agentes do Comando de Operações Especiais da Suapi (COPE) isolaram o local para chegada da PM e que não há feridos

(Com informações da TV Alterosa)