Jornal Estado de Minas

Refém de presos na Nelson Hungria diz que está sendo respeitada por presos

Militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) já iniciaram a negociação com os presos, que seguem em cima dos telhado do Pavilhão 1. Rebelião começou às 9h

Em cima do telhado, presos tentam convencer detentos de outros pavilhões a participarem da rebelião - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press


Por João Henrique do Vale, Luana Cruz, Cristiane Silva e Paula Sarapu

A situação na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, continua tensaMilitares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) negociam com um dos presos, que não quis se identificar, através de um rádio comunicador de um agente penitenciário que é mantido refémUma professora, que também está sob poder dos criminosos, passou mal e teve que ser medicada devido a pressão altaPor meio do rádio, ela informou aos negociadores que não foi ferida e que está sendo respeitada pelos presos

Veja imagens da rebeliao

O subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade de Oliveira, afirmou que entre as exigências feitas pelos detentos estão a retirada da aeronave da Polícia Militar que sobrevoava a penitenciária e mais baterias para o rádio comunicador dos agentesOs presos também querem a alteração das regras para visitas de grávidas, que foi mudada recentemente pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi)De acordo com Murilo Andrade, as mudanças foram implementadas para dar conforto às mulheresHoje elas são levadas para uma sala onde ficam trinta minutos com o preso em uma visita assistida

- Foto: Arte/Soraia Piva

O motim começou por volta de 9h, com cerca de 100 rebeladosSegundo o subsecretário de Administração Prisional, os presos aproveitaram uma distração da segurança“Foi uma questão de oportunidade
Um deslize do agente A professora estava na sala e eles renderam primeiro o agente e depois a professora”, disse Murilo AndradeEm seguida, o agente foi levado para o pátio do pavilhão, onde foi ameaçado por um material parecido com barras de ferro e facasA princípio, foi descartada a posse de armas de fogo pelos detentos

Os presos usaram lençóis para escreverem as palavras "opressão" e "sistema"Alguns lençóis e colchões foram queimados e os bombeiros tiveram de conter as chamas Do lado de fora da penitenciária, foi possível ouvir barulho de bomba e tiros no pavilhão, mas a PM nega que ocorreram disparosOs rebelados, com rostos cobertos, quebraram telhas e ameaçaram colocar fogo em um detentoNeste momento, eles seguem em cima do telhado gritando para os presos de outros pavilhões para incentivá-los a também fazer um motimPorém, segundo a Suapi, nos outros blocos todos estão dentro de suas celas


Um gabinete de crise foi montado no local, com a presença de autoridades da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), PM e Polícia CivilRepresentantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Defensoria Pública e o juiz da Vara de Execuções Penais também acompanham a rebelião

Ligação para rádio

Um dos presos que comanda a rebelião, Daniel Augusto Cypriano, de 29 anos, ligou para a Rádio Itatiaia e exigiu a presença da imprensa na penitenciáriaOs detentos querem chamar atenção para problemas internos e regras de visitaçãoEles exigem também a chegada do deputado estadual Durval Ângelo (PT) da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

O parlamentar está viajando de Mutum, na Zona da Mata de Minas, para Belo Horizonte e informou que não foi avisado para comparecer ao presídioEle só vai até a unidade se for acionado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com garantia de segurança“Eu ando com escolta policial 24 horasSó vou lá com segurança para evitar incidentesSe alguém for ferido eu posso ser responsabilizado”, afirma

O líder do motim também pediu que compareçam ao presídio um procurador de Justiça e um juiz da Vara de Execuções PenaisCypriano informou no telefonema que está preso há 10 anosMuito nervoso, disse que só libertará os reféns, após cumprimento das exigênciasEle é conhecido pelos apelidos de Carioca e Snap e tem seis condenações, cinco por roubo e uma por homicídio

Segundo o cadastro do Ministério da Justiça, o presídio não possui bloqueador de sinal de celularEm nota, a Seds informou que agentes do Comando de Operações Especiais da Suapi (COPE) isolaram o local para chegada da PM e que não há feridos.