Trinta e uma horas depois do início da rebelião no Pavilhão 1 da Penitenciária Nelson Hungria, os detentos liberaram os reféns nessa sexta-feira, por volta das 16h, depois que a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) atendeu a principal exigência: a partir de amanhã, as grávidas poderão ter livre acesso aos pavilhões durante as visitas, em vez dos encontros assistidos, já que elas não podem ser submetidas a raio XHoje a Corregedoria do Sistema Prisional começa a ouvir os envolvidos no motimOs rebelados queriam também garantias de que sua integridade física seria preservada e de que nenhum deles seria transferido para presídios federais ou para a Penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas.
O acordo chegou a ser fechado na tarde de quinta-feira, mas os presos voltaram atrás, reclamaram de maus- tratos e pediram a saída do atual diretor, Luiz Carlos Danunzio, o que gerou um impasse no início da madrugadaOs rebelados ameaçavam manter o motim até segunda-feira, mas as negociações foram retomadas na manhã de ontemDepois da liberação dos reféns – um agente penitenciário e uma professora –, cães farejadores e policiais militares fizeram uma rigorosa vistoria nas alas do pavilhão.
A ameaça à visita de domingo foi um argumento importante dos negociadores para pôr fim ao motimA única exigência não atendida foi o afastamento do diretor da Nelson Hungria, mas o estado garantiu que a corregedoria vai apurar todas as denúnciasPor causa do estrago nos telhados, os detentos foram transferidos um a um para o Pavilhão 2
Pela manhã, os rebelados haviam colocado fogo em madeira retirada do telhado e em pedaços de colchões, jogando-os pelas janelas das celasPara ter certeza sobre o estado do agente e da professora, os negociadores pediram que os reféns fossem levados ao pátio da unidadeUm helicóptero sobrevoou o presídio e foram feitas imagens das vítimas, confirmando que elas não haviam sido agredidasNos demais pavilhões, os detentos permaneceram recolhidos nas celas
O juiz da Vara de Execução Penal de Contagem, Wagner Cavalieri, disse que os processos dos presos estão em dia e que algumas pendências serão avaliadasEle negou que haja superlotação no presídio, ressaltando que há dois meses assinou portaria limitando a 2 mil o número de presos na Nelson Hungria, que teria hoje cerca de 1,9 mil internos“O maior direito que está sendo lesado é o dos reféns”, reforçou o magistradoCavaliere anunciou que a corregedoria vai apurar se Daniel Cypriano, de 29 anos, articulou o movimento ou se foi só o interlocutorEle cumpre 63 anos de pena por cinco roubos e um homicídio
Segundo a Seds, um processo administrativo vai investigar como os presos tiveram acesso a celularesAs antenas do sistema que bloqueia o sinal de telefonia devem ser instaladas só no fim do ano, porque o processo licitatório ainda está em andamentoA mudança na rotina das visitas das gestantes – que deu origem ao motim – se deu justamente pela suspeita de que algumas estivessem entrando com celulares e drogas, uma vez que não passam por raio X, por questões médicas.