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Estado de Minas

Denúncias e atos de presos rebelados serão apurados na Nelson Hungria

PRESÍDIO Secretaria cede e visita de grávidas será normal amanhã. Denúncias e atos de presos serão apurados


postado em 23/02/2013 06:00 / atualizado em 23/02/2013 07:01

Após 31 horas de tensão, reféns foram liberados e movimento terminou(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Após 31 horas de tensão, reféns foram liberados e movimento terminou (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

 

Trinta e uma horas depois do início da rebelião no Pavilhão 1 da Penitenciária Nelson Hungria, os detentos liberaram os reféns nessa sexta-feira, por volta das 16h, depois que a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) atendeu a principal exigência: a partir de amanhã, as grávidas poderão ter livre acesso aos pavilhões durante as visitas, em vez dos encontros assistidos, já que elas não podem ser submetidas a raio X. Hoje a Corregedoria do Sistema Prisional começa a ouvir os envolvidos no motim. Os rebelados queriam também garantias de que sua integridade física seria preservada e de que nenhum deles seria transferido para presídios federais ou para a Penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas.

O acordo chegou a ser fechado na tarde de quinta-feira, mas os presos voltaram atrás, reclamaram de maus- tratos e pediram a saída do atual diretor, Luiz Carlos Danunzio, o que gerou um impasse no início da madrugada. Os rebelados ameaçavam manter o motim até segunda-feira, mas as negociações foram retomadas na manhã de ontem. Depois da liberação dos reféns – um agente penitenciário e uma professora –, cães farejadores e policiais militares fizeram uma rigorosa vistoria nas alas do pavilhão.

A ameaça à visita de domingo foi um argumento importante dos negociadores para pôr fim ao motim. A única exigência não atendida foi o afastamento do diretor da Nelson Hungria, mas o estado garantiu que a corregedoria vai apurar todas as denúncias. Por causa do estrago nos telhados, os detentos foram transferidos um a um para o Pavilhão 2.

Pela manhã, os rebelados haviam colocado fogo em madeira retirada do telhado e em pedaços de colchões, jogando-os pelas janelas das celas. Para ter certeza sobre o estado do agente e da professora, os negociadores pediram que os reféns fossem levados ao pátio da unidade. Um helicóptero sobrevoou o presídio e foram feitas imagens das vítimas, confirmando que elas não haviam sido agredidas. Nos demais pavilhões, os detentos permaneceram recolhidos nas celas. Segundo o subsecretário de Administração Penitenciária, Murilo Andrade, a corregedoria vai avaliar também a punição para os envolvidos na rebelião.

O juiz da Vara de Execução Penal de Contagem, Wagner Cavalieri, disse que os processos dos presos estão em dia e que algumas pendências serão avaliadas. Ele negou que haja superlotação no presídio, ressaltando que há dois meses assinou portaria limitando a 2 mil o número de presos na Nelson Hungria, que teria hoje cerca de 1,9 mil internos. “O maior direito que está sendo lesado é o dos reféns”, reforçou o magistrado. Cavaliere anunciou que a corregedoria vai apurar se Daniel Cypriano, de 29 anos, articulou o movimento ou se foi só o interlocutor. Ele cumpre 63 anos de pena por cinco roubos e um homicídio.

Segundo a Seds, um processo administrativo vai investigar como os presos tiveram acesso a celulares. As antenas do sistema que bloqueia o sinal de telefonia devem ser instaladas só no fim do ano, porque o processo licitatório ainda está em andamento. A mudança na rotina das visitas das gestantes – que deu origem ao motim – se deu justamente pela suspeita de que algumas estivessem entrando com celulares e drogas, uma vez que não passam por raio X, por questões médicas.


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