A Prefeitura de Belo Horizonte começa a testar na sexta-feira o inseticida orgânico conhecido como óleo de nim, para combater a praga que ameaça os fícus da cidade. Serão feitos dois experimentos com o produto, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme foi decidido ontem, em reunião do grupo de trabalho formado para discutir a situação das árvores. O primeiro teste será feito em seis árvores de pequeno porte, já o segundo, que começa na segunda-feira, avaliará a eficácia do pesticida quando aplicado apenas nas folhas dos fícus.
A gerente de Gestão Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Márcia Mourão, explica que, depois de 10 dias, os técnicos analisarão os resultados em relação ao combate à mosca-branca-do-fícus, inseto sugador de difícil controle. “Mas já na próxima terça-feira faremos reunião para organizar a ampliação da borrifação. A aplicação do produto exige equipamentos grandes, como guindastes”, afirma a gerente, otimista com o procedimento.
A praga foi identificada em BH em julho do ano passado. As amostras foram enviadas ao Laboratório de Controle Biológico da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que confirmou a infestação. Já a contaminação pelo fungo Lasiodiplodia theobromae foi identificada em maio, depois de exames feitos em um laboratório de Goiás. Segundo Márcia Mourão, desde então começaram as tentativas para recuperar as árvores e, em agosto, tiveram início os procedimentos de abudação.
Além de Belo Horizonte, a praga é desafio para outras cidades brasileiras onde a mosca-branca já foi registrada. Notificada pela primeira vez no Rio de Janeiro, em 2009, foi em São Paulo que a infestação chegou a estágio alarmante. Um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), feito em 2011, identificou que todas as 260 amostras de fícus analisadas apresentavam sintomas de desfolha, indicando que o inseto ocorre em toda a capital paulista.
Está em estudo no Instituto Biológico, do governo de São Paulo, o uso de produtos naturais no combate ao inseto, garantindo eficiência e baixa toxicidade ao ambiente. “Infelizmente, ainda não há metodologia efetiva, e inseticidas químicos registrados para a praga em áreas urbanas”, avalia o diretor técnico da Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas do instituto, Francisco José Zorzenon.