O número de pacientes diagnosticados com dengue em 2013, em Minas, subiu 30% em apenas uma semana, saltando dos 37.450 registrados até o dia 21 para 48.720 até ontem. Em menos de dois meses, a quantidade de casos da doença superou em 4,36% os 46.681 notificados em 2012, segundo balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). O titular da pasta, Antônio Jorge de Souza Marques, admitiu que oito cidades vivem situação de epidemia e aponta o ressurgimento do sorotipo 4 do vírus como principal causa do aumento.
Nos últimos sete dias, o número de óbitos causados pela dengue em todo o estado também sofreu grande acréscimo: dos seis registrados ate o dia 21, passou para 12 confirmados até ontem, quatro deles por dengue hemorrágica, o tipo mais grave da doença. O número já representa 70,6% dos 17 do ano passado. A maioria das mortes ocorreu no Triângulo Mineiro, em Uberaba (6) e Ituiutaba (1). O Norte de Minas contabiliza quatro casos: em Montes Claros (2), Buritizeiro (1) e São João da Ponte (1). O outro óbito ocorreu em Ipanema, no Vale do Rio Doce.
Marques ressaltou que a incidência de dengue costuma ser maior entre novembro e maio, mas aponta a reintrodução do tipo 4 como maior responsável pelo alastramento da doença. Ao ser infectado por um dos quatro tipos do vírus, o organismo humano cria anticorpos contra aquele intruso, mas continua desarmado ante os outros tipos. Segundo o secretário, a volta do tipo 4 a Minas foi constatada em 2011, após 28 anos sem nenhum caso registrado. Por isso, a maior parte da população ainda não apresentava resistência. “O vírus pegou muita gente sem imunidade. Esse é um fator muito forte”, disse Marques.
Assistência
O secretário acredita que um dos motivos para a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypt, foi o descuido de algumas administrações municipais. Muitas equipes de controle e vigilância do inseto teriam sido desmobilizadas entre o fim de 2012 e o início deste ano, por causa da substituição do prefeito. “Determinados municípios negligenciaram o combate ao vetor no segundo semestre do ano passado”, criticou. Marques afirma que a secretaria não planeja nenhuma medida emergencial para conter o mosquito. “Desde 2010, criamos uma ação permanente contra a dengue. Nossas ações são programáticas, estamos trabalhando o ano inteiro. Nosso maior foco é na assistência, para evitar que haja mortes”, explicou.
Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde já confirmou 1.165 pacientes infectados, mas Marques considera improvável que o quadro se transforme em epidemia. “A região metropolitana vem se comportando sem cadeia de transmissão instalada, longe de qualquer epidemia”, afirmou. Na capital, uma das vítimas da dengue foi o clínico geral Gilberto Nable, de 58 anos. Ele só se curou do vírus no último domingo, dias depois de a filha ter se recuperado da mesma doença. “Fiquei uma semana com os sintomas. Nos primeiros dias, tive febre e senti dor atrás dos olhos. Depois, falta de apetite e desânimo intenso. Por último, surgiram lesões na pele de uma das pernas”, recordou. Morador do Bairro Sion, na Região Centro-Sul de BH, o médico disse que não encontrou nenhum possível criadouro do mosquito em seu apartamento. Ele conseguiu se refazer após tomar um analgésico e muita água. “Além de repouso, porque eu não conseguia fazer absolutamente nada.”